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Atletismo na Rio-2016 não ficará menor sem a Rússia

Decisão da Iaaf em banir a Rússia do atletismo dos Jogos Olímpicos Rio-2016 foi histórica e precisa ser festejada pelo combate ao doping no esporte mundial

Elena Isinbayeva

A saltadora russa Elena Isinbayeva pode recorrer à CAS para competir na Rio-2016 (crédito: AFP)

Ninguém pode dizer que ficou surpreso com a histórica decisão desta sexta-feira da Iaaf (Associação das Federações Internacionais de Atletismo), que decidiu manter a decisão de banir a Rússia da disputa dos Jogos Olímpicos Rio-2016 e de todas as competições, como punição pelo envolvimento no maior esquema de doping do esporte mundial.

Na realidade, o inglês Sebastian Coe não tinha outra alternativa que não fosse acatar a severa decisão do conselho da Iaaf, ainda mais por conta das denúncias de corrupção que atingiram a entidade no ano passado, em especial o seu antigo presidente, o senegalês Lamine Diak. Além de estar no “olho do furacão”, Coe tinha uma obrigação moral de manter-se firme ao lado da Wada (Agência Mundial Antidoping), no combate ao doping.

Inédita, a decisão de banir os russos da Rio-2016 trará óbvias consequências ao atletismo olímpico, mas não consigo enxergar um prejuízo maior ao evento do que se a Iaaf optasse por uma decisão política e “passasse um pano” no atletismo russo. A verdade é uma só: o atletismo da Rio-2016 não ficará mais pobre sem a presença dos russos.

>>> Veja também: Confissão de Sharapova só comprova descaso da Rússia no combate ao doping

Caso tivesse admitido a presença da Rússia na Olimpíada, a Iaaf estaria privilegiando um país que parece ter adotado como política de estado a questão do doping, tal a quantidade de casos positivos em diversas modalidades.

Depois, porque nem a punição prévia parece ter surtido algum efeito prático para que o jogo sujo do doping fosse combatido na Rússia. Na última quarta-feira (15), a Wada soltou novo relatório revelando que mais de 700 testes, alguns fora de competição, não conseguiram ser realizados, pelos mais diversos motivos. Nem preciso lembrar que uma das maiores estrelas do esporte mundial, a tenista Maria Sharapova, está fora da próxima Olimpíada justamente por doping.

>>> Relembre: O jogo sujo do doping é uma séria ameaça na Rio-2016

Há, evidentemente, os que mostram revolta com a decisão de banimento do atletismo russo nos Jogos Rio-2016, em especial por entender que há atletas que jamais foram flagrados antes em qualquer exame. Elena Isinbayeva, recordista mundial do salto com vara, é uma destas indignadas com a proibição. Tão logo a punição foi confirmada, ela falou em “violação de direitos humanos” e prometeu ir à CAS (Corte Arbitral do Esporte) para manter seu direito de disputar os Jogos.

Outras estrelas do atletismo russo também impedidos de competir no Rio de Janeiro serão Serguey Shubenkov (campeão mundial em 2015 dos 110 m com barreira), Natalya Antyukh (campeã olímpica em Londres-2012 dos 400 m com barreira) e Maria Kuchina (campeã mundial em 2015 do salto em altura).

Talvez Isinbayeva não precise recorrer aos tribunais, pois a própria Iaaf já abriu a possibilidade de permitir que atletas russos comprovadamente sem envolvimento com casos de doping.

Choradeira à parte, o atletismo agiu bem nesta sexta-feira ao punir severamente a Rússia. Mas que o rigor não fique restrito somente aos russos e que outras modalidades também resolvam fazer uma severa correção de rota, buscando cada vez mais o esporte limpo.

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