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Seleção Brasileira

O grande dilema de Cesar Cielo

Maior nome da história da natação brasileira, Cesar Cielo não vê a hora de 2015 acabar. Não por razões pessoais, obviamente, pois o ano que está prestes a terminar o brindou com o nascimento de seu primeiro filho, Thomas, com a modelo Kelly Gisch, no último mês de setembro. Esportivamente falando, foi uma temporada para apagar dos registros. E a cereja do bolo veio na última sexta-feira, quando Cielo abandonou a primeira seletiva da equipe olímpica do Brasil para os Jogos do Rio 2016, frustrado pelo péssimo desempenho e sem a vaga assegurada.

Na competição realizada em Palhoça (SC), Cielo havia terminado apenas em 11º lugar a semifinal dos 100 m, com a marca de 49s55, ficando fora da final. No dia anterior, mesmo tendo ficado com o ouro no revezamento 4 x 50 m, ele cravou o tempo de 21s44 em sua passagem. Marcas piores do que ele mesmo havia obtido em 2014, quando fez o segundo tempo do ano nos 50 m livre, com 21s39, e da sexta principal marca nos 100 m, 48s13.

A seletiva olímpica era a primeira competição que Cielo participava desde a melancólica desistência no Mundial de Kazan, em agosto, quando alegou estar incomodado com uma tendinite no ombro e abandonou a delegação brasileira na Rússia antes mesmo do final da competição. Nesta sexta-feira, nova frustração e a mesma atitude. Assim que deixou a piscina, informou aos integrantes do seu clube, o Minas Tênis, que não seguiria na seletiva, nem mesmo competindo em sua prova principal (os 50 m livre).

Vale lembrar que Cielo recebeu autorização da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) para abdicar da participação nos Jogos Pan-Americanos de Toronto e focar somente na preparação para o Mundial na Rússia. Deu no que deu.

>>> E mais: A medalha de prata de Nicholas e o sinal amarelo para Cielo em Kazan

Mas será que duas desistências em competições diferentes no mesmo ano mostrariam que Cesar Cielo, campeão olímpico em Pequim 2008 e tricampeão mundial nos 50 m livre e 50 m borboleta não sabe perder? Ou que vive um grande dilema poucos meses antes das Olimpíadas do Rio?

Talvez as duas perguntas tenham um pouco de verdade.

Extremamente competitivo e perfeccionista, Cielo odeia perder e busca sempre estar perto do mais alto nível possível, nunca abaixo disso. E exige a mesma dedicação de quem trabalha com ele. Não foi à toa que trocou nada menos do que quatro vezes de treinador neste ciclo olímpico. Isso também pode explicar um pouco a segunda pergunta do parágrafo anterior, a respeito de seu dilema diante de impotência em conseguir seus melhores resultados.

É bem verdade que o nadador brasileiro passou por sérios problemas físicos neste período, a ponto de ter que passar por uma cirurgia nos dois joelhos, sem contar a tendinite nos ombros. Ainda assim, é um pouco precipitado falar em decadência de Cesar Cielo, que já deu exemplos diversos de conseguir reinventar-se e dar a volta por cima em situações extremamente adversas.

>>> Veja também: Qual o saldo do Mundial de esportes aquáticos para o Brasil?

Mas um fato é inegável: ele nunca foi submetido a uma pressão tão intensa para conseguir cravar um resultado que lhe assegure a vaga para o Rio 2016 (22s27 nos 50 m e 48s99 nos 100 m) em um curto espaço de tempo. A última tentativa será no Troféu Maria Lenk, previsto para acontecer entre 15 e 20 de abril do ano que vem. Daqui a menos de quatro meses.

Cesar Cielo vive um dilema como nunca antes em sua carreira. Terá que superar todas as desconfianças para alcançar sua terceira participação olímpica e, quem sabe, subir ao pódio mais uma vez.

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