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Ginástica Artística

Flávia Saraiva fala em amadurecimento e foca na vaga olímpica

Em entrevista ao OTD, Flavinha comenta sobre recuperação da lesão, desejo por competir no Pan e briga pela vaga olímpica

Flávia Saraiva enquanto se prepara para competir no Mundial
(Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

Flávia Saraiva vive uma nova fase em sua carreira. Após se lesionar no Mundial de ginástica artística em novembro do ano passado, ela precisou passar por cirurgia no tornozelo direito e hoje, quatro meses depois, está em processo final de recuperação, quase pronta para voltar às competições. Em entrevista ao Olimpíada Todo Dia, Flavinha falou sobre o amadurecimento para lidar com a grave lesão, a expectativa para seu retorno e a busca pela vaga olímpica para Paris 2024.
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“Posso dizer que agora é uma nova era para mim. Terminei o ano passado com uma cirurgia, mas estava na minha melhor forma física. Muita gente acha que essa lesão foi um empecilho para mim. Obviamente, é muito triste, mas eu falei ‘eu consigo voltar, posso estar entre as melhores novamente’. Eu quero e estou trabalhando para isso. Fiz minha cirurgia dia 12 de novembro e dois dias depois já estava no ginásio, fazendo fisioterapia porque eu falei que esse tratamento seria diferente. Estou com uma cabeça totalmente diferente da outra vez”, disse Flávia.
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No ano passado, Flavinha chegou a disputar as classificatórias do Mundial de Liverpool e teve um grande desempenho. Ela fez a melhor nota do solo, foi décima colocada no individual geral e ajudou a equipe brasileira a se classificar para a final em terceiro lugar. Logo em seguida, porém, as dores no tornozelo apareceram e a carioca de 23 anos não pôde participar das finais individuais, fazendo apenas as barras assimétricas na decisão por equipes.

Retorno às competições

Flávia Saraiva em recuperação no CT do Time Brasil
Flavinha teve a maior nota do solo na classificatória do Mundial (Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

Tão logo voltou ao Brasil, uma ressonância magnética constatou uma lesão ligamentar medial do tornozelo e lesão do tendão tibial em Flávia. Assim, ela foi submetida a cirurgia. O cenário da lesão foi parecido com o vivido pela própria ginasta em 2021, quando também se lesionou durante os Jogos Olímpicos de Tóquio e não esteve 100% para as finais. Desta vez, Flávia teve um bom processo de recuperação e já pode fazer alguns aparelhos.

“Hoje posso competir em alguns aparelhos, mas esse ano eu quero me cuidar muito. Eu e minha equipe conversamos e estamos focando na minha recuperação, não acelerar nenhum processo para que eu esteja pronta nas competições alvo e mais importantes, para que eu possa competir da melhor forma possível e para que não tenha nenhum problema”, explicou Flavinha, que está inscrita nas barras assimétricas do Troféu Brasil de ginástica artística, que acontecerá em Aracaju (SE), a partir de 11 de abril.

Calendário do ano

Esta será a primeira competição de um ano que promete ser recheado para Flávia Saraiva. Apesar de ainda estar se poupando e não ter um calendário totalmente definido, a expectativa é que, a princípio, ela participe de algumas etapas de Copa do Mundo ao longo do ano, dispute o Campeonato Brasileiro em agosto e compita no Mundial, em setembro. Os Jogos Pan-Americanos Santiago-2023 também estão em seu radar, mesmo com o evento começando somente 12 dias após o término do Mundial.

Flavinha no Pan de Lima (Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

“Eu quero estar em tudo, amo competir e amo viajar. O Mundial começa no dia do meu aniversário, dia 30 de setembro. Eu quero estar lá para comemorar. Acabou o Mundial, sete dias depois viaja para os Jogos Pan-Americanos. Eu fui nos dois Pans que tiveram (Toronto-2015 e Lima-2019), então quero continuar nessa fase de ir em todos”, falou a ginasta, que acumula cinco medalhas em Pans.

Vaga olímpica

O evento mais importante do ano, sem dúvidas, é o Campeonato Mundial, que acontecerá na Antuérpia (BEL) até 8 de outubro. A competição servirá como classificatório da ginástica artística para os Jogos Olímpicos Paris-2024. No ano passado, o Mundial também foi pré-olímpico e deu vaga para os três primeiros países da classificação por equipes. Sem Flavinha em seus principais aparelhos na final, o Brasil terminou em quarto lugar e “bateu na trave” pela vaga antecipada. Nesta edição, mais vagas serão distribuídas. Bastará ao time brasileiro terminar entre os nove primeiros para carimbar o passaporte para a capital francesa.

Flavinha se lesionou, mas fez as barras assimétricas na ginástica artística
Flavinha em ação nas barras assimétricas na ginástica artística (Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

“A gente sempre sonha com uma medalha histórica, mas o nosso foco principal é a classificação. É o que mais queremos nessa vida. A classificação vem logo no primeiro dia de competição, precisamos ficar entre os 12 primeiros países. Classificando, aí pensamos nas outras opções, de medalha, por equipes, individual, por aparelho. Um passinho de cada vez”, projetou. “Competir em Paris por equipes é o meu maior sonho. Nós queríamos muito classificar já agora em 2023”, completou Flávia Saraiva.

Responsabilidade

Ao lado de Rebeca Andrade, Flavinha é hoje uma das principais referências para a ginástica artística feminina brasileira. Experientes, elas têm novas responsabilidades liderando a nova geração de ginastas brasileiras. Foi assim no Mundial do ano passado, quando Júlia Soares e Carolyne Pedro participaram pela primeira vez da competição. Neste ano, importantes nomes do juvenil também subiram para o adulto, ao mesmo tempo em que a experiente Jade Barbosa se prepara para retornar às competições. Tudo isto vai se somar rumo à classificação para Paris 2024.

Equipe brasileira de ginástica artística no Mundial de 2022
Equipe brasileira de ginástica artística feminina no Mundial (Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

“Quero mostrar para as meninas que elas são muito novas ainda e não tiveram essa sensação de competir numa Olimpíada. Quero mostrar para elas que isso é um sonho que, se você não classificar para um Olimpíada, não é que está tudo bem e tchau. Não, é uma frustração. Quero mostrar para elas o prazer de competir nas Olimpíadas, como é representar o seu país na maior competição do mundo. Como você vai ser olhada de uma forma totalmente diferente, as pessoas vão te respeitar e falar: ‘Nossa, você é uma atleta olímpica. Meu sonho é ser igual a você’. Quero que elas sintam isso da mesma forma como eu sinto e que levem o trabalho delas e o Brasil ao topo”, finalizou.

Paulistano de 22 anos. Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estou no Olimpíada Todo Dia desde 2022. Cobri os Jogos Mundiais Universitários de Chengdu e os Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023.

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