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Futebol

A coletividade e a garra da Ferroviária campeã nacional

A Ferroviária garantiu o título do Campeonato Brasileiro de futebol feminino de 2019 com dois pilares sólidos dentro de campo: a coletividade e a garra das ‘guerreiras grenás’

Lucas Figueiredo / CBF

O futebol surpreende com a não lógica, muitas vezes. Com um time modesto, sem estrelas ou destaques individuais, a Ferroviária entrou para a história como a primeira equipe bicampeã nacional de futebol feminino, nesse domingo (29), em pleno Parque São Jorge, nas penalidades máximas por 4 a 2, depois do empate sem gols no tempo normal, contra o Corinthians. A equipe comandada por Tatiele Silveira pode ser reconhecida, principalmente, por duas características: coletividade e garra. As meninas pararam a badalada equipe corintiana no famoso: ‘contra tudo e contra todos’.

“Coletividade. Eu falei para a torcida: nós não temos uma estrela. Nós temos uma constelação. Nós temos um grupo de estrelas. Um grupo muito forte. Um grupo com uma personalidade muito forte, que se ajudou, que se fechou na hora que tinha necessidade. A gente sabia dessa dificuldade que seria aqui. Jogar contra o Corinthians, uma equipe que vem com uma temporada fantástica – de muitas vitórias. A gente tinha que ter força e a nossa força estava dentro do nosso grupo. Dentro do nosso trabalho e dentro do comprometimento delas coletivo,” garante a Técnica Tatiele Silveira.

“A gente é guerreira. A gente não desiste nunca. O nosso lema é: guerreiras grenás. E, realmente, é até o final. A gente é guerreira. O que aconteceu contra o Santos, quando a gente perdeu em casa por 2 a 1, buscamos lá dentro 2 a 1. Um placar que todo mundo achou que a gente não conseguiria recuperar. Contra o Kindermann também saímos perdendo de 1 a 0, empatamos em casa, empatamos na casa delas e fomos para os pênaltis também. Contra o Corinthians saímos ganhando o primeiro jogo, empatamos aquele logo. Igual hoje também. É isso. Nossa qualidade é de não desistir. Ir até o final. Quando o juiz acabar ai você pode falar: agora acabou. Enquanto tiver um minuto de acreditar, a gente vai até o final,” refletiu a goleira Luciana.

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A trajetória na competição não foi fácil. A equipe classificou com a penúltima vaga, foi crescendo durante os confrontos e, mesmo desacreditada, depois de não conseguir avançar contra o Corinthians na semifinal do Paulista, a Ferroviária encontrou forças para dar a volta por cima.

“A gente já tinha perdido pra elas lá em casa por 4 a 0. Depois viemos perder aqui, de 5 a 1 (no estadual). Eu acho que depois que acabou aquele jogo, nós ficamos muito abatidas e ali no vestiário a gente se fechou. Sabíamos que hoje era o nosso último jogo. Era tudo ou nada. A gente tem que entrar concentrada. Na quarta a gente não entrou. Sabíamos que o resultado era bastante difícil, a equipe do Corinthians é bem qualificada, é difícil fazer gol nelas e todo mundo sabe. Sabíamos que tínhamos empatado com elas dentro de casa e a gente poderia ganhar aqui (Parque São Jorge). Nos pênaltis ou no tempo normal, pra gente não importava. A gente tinha que ir pra dentro delas. A gente tinha um único jogo, o último de todos. A gente foi e se concentrou. Treinamos na sexta. No sábado a gente treinou antes do jogo. Sabíamos que ia ser difícil, mas a gente entrou consciente, concentrada. Nada e nem ninguém tirou o nosso foco. Graças a Deus, saímos coroadas com o título,” garante Luciana.

E não é um título qualquer. A Ferroviária entra para a história como a primeira equipe bicampeã do Brasileiro de futebol feminino. Além disso, Tatiele Silveira também é a primeira mulher a comandar uma equipe campeã da competição. A treinadora sabe do tamanho do feito e do que isso representa para a sua carreira.

“Ainda está caindo a ficha. Caindo a ficha porque eu acho que eu tive uma uma ascensão muito grande na minha carreira. Estou muito feliz pelo momento que estou vivendo. Eu venho do Sul do Brasil, onde o futebol feminino ainda precisa desenvolver e tive essa oportunidade e convite da Ferroviária. Fiquei muito feliz quando eu recebi. E aceitei esse desafio junto com a Lorena (Marche – coordenadora de futebol feminino), junto com a Nueli (Silveira – supervisora). Mulheres também muito fortes que me encorajam. Pra que eu possa continuar encorajando e inspirando agora outras treinadoras. Outras professoras a buscar o seu sonho. Gosta de futebol? Entende do jogo? Estuda. Se qualifica e vem pro campo. Um dia a gente perde, no outro a gente perde. No outro a gente ganha. E é assim. Eu acho que a mágica do futebol está nisso. Você poder sempre reverter situações. Estrategicamente poder bater de frente com gigantes dentro do futebol,” conclui.

Jornalista formada pela Cásper Líbero. Apaixonada por esportes e boas histórias.

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