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Jogos Olímpicos da Juventude

O verdadeiro glamour Olímpico

Foto: Breno Barros

Sempre tomo cuidado com a alimentação nas minhas viagens, pois não quero passar mal fora de casa, ainda mais se for em outro país. Mas nem sempre tenho juízo e às vezes perco a cabeça. Cansado de comer mal durante uma semana cobrindo os atletas brasileiros nos Jogos Olímpicos da Juventude, Buenos Aires, decidi gastar um pouco mais e comi um risoto de frutos do mar em um restaurante bacanudo no bairro da Recoleta.

Satisfeito por ter almoçado de verdade, fui em seguida para o Parque Olímpico acompanhar os jovens brasileiros no atletismo. Não demorou para sentir algo estranho. A comida de 700 pesos (cerca de R$77,00) quis sair mais rápido do que Usain Bolt. Inspirado pelos velocistas dos 100m rasos, corri o mais rápido do que pude e invadi o primeiro banheiro químico que vi pela frente. Foi um recorde de vômito em distância. Meu dia de trabalho terminou por aí.

Quando falo para os amigos que vou cobrir uma edição dos Jogos Olímpicos, eles pensam que vou passar o dia assistindo competições. É isso mesmo, vou sim, mas uma cobertura olímpica é feita mais de perrengues do que de glamour. E na versão Júnior dos Jogos Olímpicos não é diferente.

Mesmo com acesso a todas as provas, passo mais tempo dentro de ônibus nos 12 dias de trabalho, indo de um lugar para outro, e na sala de mídia junto com outros jornalistas, do que nas arquibancadas acompanhando as competições.

Mais do que as medalhas, tomadas de três pinos para carregar o computador e o celular, um bom lugar na zona mista (onde entrevistamos os atletas) e o sinal de wi-fi são os objetos de desejo de quem trabalha nas Olimpíadas.

As fotos no Instagram não mostram as duas semanas carregando uma mochila mais pesada do que de adolescente de sétima série, acordar muito cedo e dormir muito tarde, comer mal, passar frio e muito calor no mesmo dia. Não são coisas exclusivas de brasileiros, é uma rotina enfrentada por pessoas do mundo inteiro, cada perrengue na sua língua.

Em Buenos Aires vi mais gente olhando para as telas pequenas de celulares do que para pessoas. Fui também na edição de 2014, na China, e não foi assim. Não importa a nacionalidade, todas as pessoas estão preocupadas em postar e compartilhar os momentos. É uma nova forma de ver o mundo, conviver e até de consumir o esporte.

Mesmo sendo para atletas com idade entre 15 e 18 anos, os Jogos Olímpicos da Juventude não perdem em nada em questão de convivência, número de países e de intercâmbio. É um ensaio para as futuras estrelas do esporte mundial. Um verdadeiro laboratório para testar novidades para a edição adulta.

Buenos Aires é a terceira cidade a receber o evento. Os argentinos abraçaram cada esporte, lotaram os cinco parques onde foram distribuídas as modalidades. Foram dias frios, com temperatura mínima de até 10 graus, e dias quentes, subindo para 25. Os Jogos são, mais do que resultados esportivos, uma desculpa para reunir milhares de pessoas de várias partes do mundo para celebrar o esporte e passar perrengues.

Breno Barros, 33 anos, gosta de olhar os diferentes esportes olímpicos de forma leve. Participei da cobertura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016, dos Jogos Olímpicos da Juventude de Argentina 2018 e da China 2014, dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, de Toronto 2015 e de Guadalajara 2011. Estive também nas coberturas dos Jogos Sul-Americanos da Bolívia 2018 e do Chile 2014.

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