Siga o OTD

All-Around

Briga promete ser quente na final por equipes em Paris

Início de temporada da ginástica artística projeta disputa acirrada entre Brasil, China e Itália pelo pódio por equipes em Paris

Flávia Saraiva, Qiu Qiyuan e Manila Esposito irão competir por uma medalha na final por equipes em Paris-2024
Flávia Saraiva, Qiu Qiyuan e Manila Esposito (Fotos: Alexandre Loureiro/COB, @goldenchina e Filippo Tomasi)

Olá, fã de ginástica. Esse é o primeiro post do All-Around, novo blog do Olimpíada Todo Dia dedicado à ginástica artística. Para abrir os trabalhos vamos falar sobre a disputa por medalha na competição feminina por equipes dos Jogos Olímpicos de Paris. Após o fim do primeiro terço da temporada, já dá para ter um panorama de como estão a maioria dos países. O Brasil competiu bem na Copa do Mundo da Turquia e no Troféu Jesolo, na Itália, mostrando que segue entre os principais candidatos ao pódio na Olimpíada.

+ SIGA O OTD NO YOUTUBETWITTERINSTAGRAMTIK TOK E FACEBOOK

Campeã dos últimos dois Mundiais, os Estados Unidos pintam como favoritos ao ouro em Paris. As principais ginastas estadunidenses ainda não competiram este ano, mas com Simone Biles de volta em grande forma, será difícil bater o time yankee na Olimpíada. Nos outros dois lugares do pódio, três países pintam como os maiores candidatos: Brasil, China e Itália.

Vamos começar nossa análise pelo Brasil. As brasileiras fizeram uma boa competição no Troféu Jesolo, na Itália, conquistando a prata por equipes. Na ocasião, Rebeca Andrade e Flávia Saraiva não competiram com toda sua dificuldade, o que faria com que o time pudesse terminar na primeira posição. Mas o que as brasileiras apresentaram foi de altíssimo nível, como as paralelas de Rebeca e as ótimas rotações de solo e trave. O time deve ser o mesmo do último Mundial com Rebeca, Flavinha, Julia Soares, Jade Barbosa e Lorrane Oliveira. A última não competiu em Jesolo e pode adicionar pontos importantes ao time brasileiro nas barras assimétricas, atualmente o pior aparelho das brasileiras.

China e Itália em crescimento 

No momento, diria que a China é a principal ameaça do Brasil para a medalha de prata. A tradicional equipe chinesa está desde 2019 fora do pódio das grandes competições. Mas elas tem melhorado nessa reta final do ciclo olímpico. A China conta com séries de alto grau de dificuldade nas barras assimétricas e na trave, o que pode colocar notas altas no somatório do time. Destaque para Qiu Qiyuan que impressionou no último mês no Campeonato Chinês, tirando notas acima de 15 pontos nos dois aparelhos. O solo da equipe chinesa é razoável. O que estava tirando a equipe do pódio era o salto, com as ginastas do país tendo dificuldade para executar saltos de valores mais altos. Mas isso parece ter melhorado, com algumas postulantes ao time chinês como Du Siyu e Zhang Yihan conseguindo executar saltos com notas de partida mais altas. 

A Itália talvez seja o país que mais cresceu na ginástica artística feminina nos últimos 10 anos, com um bom número de ginastas competindo em alto nível no país. Elas competiram muito bem em Jesolo e no Campeonato Europeu, mas sofreram um baque importante no último. Asia D’Amato, um dos pilares da equipe, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho novamente e irá desfalcar o time italiano em Paris. Mas com um número bom de atletas competitivas, a Itália tem bons nomes para substituí-la, talvez não conseguindo suprir a nota da atleta apenas no salto. Quem acabou se destacando no Europeu foi Manila Esposito que levou quatro medalhas de ouro.

A equipe italiana ainda tem um coringa que pode ser utilizado em Paris: a vice-campeã olímpica do solo Vanessa Ferrari. Ela não compete desde os Jogos Olímpicos de Tóquio, mas deve voltar a competir nas próximas semanas na liga italiana. Se estiver no mesmo nível de três anos atrás, Ferrari somaria notas altas para a equipe.

Demais candidatas

A França levou o bronze no Mundial de 2023. Competindo em casa, o time terá o apoio da torcida para impulsionar suas ginastas na Olimpíada. O time francês teve uma competição perfeita em 2023, tendo pouca margem para erro na final olímpica em Paris. Mas é um grupo sólido comandado pela ótima Melanie de Jesus dos Santos. 

Já a Grã-Bretanha, medalhista de bronze na última Olimpíada, tem sofrido com lesões de suas principais atletas. As gêmeas Jessica e Jennifer Gadirova, assim como Ondine Achampong, estão fora da Olimpíada. As britânicas competiram bem no Campeonato Europeu no início do mês, mas não devem figurar entre as principais postulantes ao pódio.

Dos outros times que vão a Paris, Japão, Romênia, Canadá e Holanda devem brigar por um lugar na final por equipes. São quatro times com algumas séries de destaque, mas para ir ao pódio teriam que fazer uma final perfeita e contar com erros das adversárias. O que não é impossível, visto o que as canadenses fizeram no Mundial de 2022, conseguindo sobreviver à uma final caótica para terminar em terceiro lugar.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e viciado em esportes

Mais em All-Around