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Basquete

Wlamir Marques: O diabo loiro que mudou a história do Brasil

Lenda viva do basquete brasileiro fala do que sente sobre a modalidade e a história que construiu nela

Nesta sexta-feira (30), a Seleção Brasileira de basquete entra em quadra por mais uma partida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2019contra a República Dominicana. Pela primeira vez na competição, a equipe irá atuar em São Paulo, no ginásio Wlamir Marques, do Corinthians, no Parque São Jorge. Mas quem foi Wlamir Marques?

Hoje, no alto de seus 81 anos, com dificuldade para andar por um problema no pé esquerdo, oriundo da época que ainda atuava pelas quadras brasileiras, Wlamir Marques é um senhor que pode passar desapercebido para a grande maioria das pessoas. “As vezes, quando venho ao Corinthians, vejo algumas pessoas perguntando se Wlamir Marques foi um goleiro do time de futebol”, comenta o próprio.

O fato é que Wlamir Marques foi um dos grandes nomes da história do basquete mundial. Chegou ao topo do planeta pela Seleção Brasileira, conquistando o bicampeonato Mundial, em 1959 e 1963, e com clubes, conquistando o mundo com o Corinthians. O “Diabo Loiro”, como ficou conhecido, é a maior estrela e a lenda viva da modalidade no país.

Divulgação

“A emoção do Corinthians ter dado o meu nome ao ginásio é a maior homenagem que eu poderia ter recebido pela minha vida esportiva, principalmente porque recebi ela em vida ainda. Desconsiderando as medalhas olímpicas, mundiais, mérito esportivo, porque isso não se compara”, comentou Wlamir Marques.

Foram 10 anos vestindo a camisa cinco do Corinthians, de 1962 a 1972. Década em que o time paulista teve um grande time de basquete e conseguia, com isso, trazer grandes equipes da modalidade no mundo para a cidade, como aconteceu quando o Timão enfrentou o Real Madrid, então bicampeão europeu, em 5 de julho de 1965, no ginásio que hoje leva o nome de Wlamir Marques.

“Tínhamos um grande time, com grandes jogadores, mas o maior jogo nosso foi contra o Real Madrid, em 1965, quando vencemos de 118 a 109. Foi o meu maior jogo na carreira (Wlamir marcou 51 pontos) e eu desconfio que o meu nome no ginásio se deve a essa partida” disse Wlamir.

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A pulada de muro que mudou o basquete brasileiro

Nascido em São Vicente, no litoral de São Paulo, Wlamir Marques entrou pela primeira fez em uma quadra de basquete aos 10 anos de idade, em uma quadra próxima de sua casa. “Um dia eu estava em casa e meus amigos me chamaram para jogar em uma quadra que ficava nos fundos da minha casa. Pulei o muro de lá e fui”, disse Wlamir.

Durante a infância e parte de sua adolescência, Wlamir Marques teve uma vida voltada para o esporte, praticou atletismo, natação, vôlei, basquete, futebol e mais alguns outros esportes. Contudo um problema médico obrigou com que ele optasse por somente um deles.

“Por volta de uns 13, 14 anos eu tive um problema de excesso de fadiga muscular. Pelo fato do meu coração ser muito dilatado, fui orientado pelo médico que diminuísse a quantidade de esportes praticados. Por conta da medalha de bronze nas Olimpíadas de 1948 conquistada pelo Brasil, acabei optando pelo basquete, que era também o que eu tinha mais facilidade”, comentou.

Depois da escolha, tudo acabou acontecendo rápido. Com 16 anos, Wlamir Marques já integrava a Seleção Brasileira adulta de basquete, onde foi reserva apenas em uma partida, a primeira. Depois desse jogo, os demais jogadores falaram com o técnico que ele não poderia ficar no banco.

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De 1959 a 1970 o Brasil teve sua época de ouro no Basquete, participando de três edições dos Jogos Olímpicos e de quatro Campeonatos Mundiais, conquistando seis medalhas. Wlamir Marques foi o capitão da Seleção Brasileira durante 10 anos nesse período. “Foram bons anos, conseguíamos treinar, se preparar e jogar. Tenho dois ouros, duas pratas em Mundiais e dois bronzes em Olimpíadas, mas no Brasil só falam do bicampeonato, porque segundo lugar aqui é o primeiro perdedor infelizmente”, disse o ex-jogador.

Medo do futuro da modalidade

Capitão da equipe brasileira que colocou o Brasil em evidência mundial no Basquete, Wlamir Marques vê o cenário atual e futuro da modalidade com muito receio. “Estamos mal, não temos estrutura. A base não está bem, não temos um técnico presente no país por falta de verba para manter ele aqui. O NBB é nivelado por baixo, sem um time dominante. Precismos recomeçar, mais uma vez, em vários aspectos, houve melhora mas ainda falta”, finaliza Wlamir Marques.

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