Siga o OTD

Política esportiva

Clima de tensão deverá cercar reunião do COI em Tóquio

Além de checar como está a organização para a Olimpíada de 2020, Comitê Olímpico Internacional terá uma agenda repleta de problemas para resolver no esporte olímpico mundial

A partir das 22h desta quinta-feira (29), 9h da manhã de sexta (30) no Japão, o COI dá a largada para uma de suas reuniões mais tensas nos últimos anos.

O encontro de dois dias do comitê executivo da entidade irá bem mais além do que uma prestação de contas dos preparativos para a Olimpíada de Tóquio-2020. Os poderosos do esporte olímpico mundial terão muita roupa suja para lavar e vários problemas a resolver.

Entre discursos e sorrisos protocolares, Thomas Bach sabe que terá uma reunião tensa em Tóquio (Crédito: Greg Martin/COI)

Oficialmente, o encontro que terminará sábado (1º) tem como objetivo fazer um balanço da preparação para os Jogos de 2020. Mas outros temas mais indigestos serão tratados pelos cartolas.

Talvez o mais grave deles seja o que envolve a situação do boxe. A modalidade, que chegou a ser ameaçada de ser excluída das Olimpíadas, possivelmente terá que encarar uma troca de comando se quiser permanecer como olímpica.

O motivo foi a escolha do uzbeque Gafur Rakhimov para comandar a Aiba (Associação Internacional de Boxe). O dirigente é apontado pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos como tendo ligações com o crime organizado na Ásia. Envolvimento com extorsão, lavagem de dinheiro, roubo e suborno também estão na lista.

Irritado com os problemas de gestão da Aiba (financeiros e de suspeita de manipulação no resultado de lutas), o COI chegou a emitir uma nota oficial dizendo que ainda seguia insatisfeito com os rumos da governança do boxe. Deixou justamente para a reunião de Tóquio tomar uma decisão.

E tudo indica que o caminho seja tirar, nem que momentaneamente, a gestão do boxe olímpico das mãos da Aiba. O ucraniano Wladimir Klitschko, ex-campeão mundial dos pesados e medalhista de ouro em Atlanta-1996, faz lobby para que a AMB (Associação Mundial de Boxe) assuma a modalidade para Tóquio. O CMB (Conselho Mundial de Boxe), igualmente poderoso no boxe profissional, faz o mesmo pleito.

Não é possível prever quem levará a melhor na disputa. Mas a Aiba segue mais enfraquecida e dificilmente conseguirá evitar ser excluída neste processo.

A crise dos Jogos de Inverno de 2026

Neste primeiro dia, outro ponto que irá gerar polêmica é sobre a corrida eleitoral para a Olimpíada de Inverno de 2026.

Após um plebiscito em Calgary, no Canadá, rejeitou a intenção de seguir na disputa, o COI novamente se viu em uma enrascada. Assim como aconteceu na escolha de Pequim para receber a Olimpíada de 2022, somente duas cidades seguem na briga.

A sueca Estocolmo disputa com uma candidatura italiana formada por Milão e Cortina d’Ampezzo. Apenas duas cidades acham que vale a pena organizar uma competição que está longe de ser sustentável e tem no discurso do legado olímpico algo bastante questionável.

Seria uma excelente oportunidade para o COI colocar em ação um plano que volte a tornar os Jogos viáveis. Duvido que isso irá acontecer.

O fantasma do doping

Como se já não tivesse com problemas demais, o COI ainda tem que encarar o fantasma do doping na Rússia. A Wada (Agência Mundial Antidoping) deverá apresentar um relatório sobre a situação do controle antidopagem na Rússia.

Em 2015, a Wada comprovou a existência de um esquema de doping sistêmico no esporte russo. O caso foi tão grave que o atletismo do país segue suspenso desde então pela Iaaf (Associação das Federações Internacionais de Atletismo). Nos Jogos de Inverno de PyeongChang, este ano, apenas atletas sem histórico de doping puderam competir. E ainda assim, ocorreram dois casos positivos.

A Wada deverá informar sobre o sucesso (ou não) de ter acesso ao laboratório antidoping de Moscou. O prazo para isso ocorrer é até 31 de dezembro.

Também envolvido com inúmeros casos positivos de doping, o levantamento de peso deverá fazer uma atualização sobre as ações de melhoria de gestão da entidade.

Vale recordar que essa foi uma das modalidade que mais perdeu espaço após a entrada de novos eventos no programa esportivo. O levantamento de peso teve excluída uma categoria e redução de 64 vagas de atletas para Tóquio-2020

Mais em Política esportiva