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Silvânia Costa posta vídeos com trechos de entrevista à Globo

Saltadora bi-campeã paralímpica responde em trechos as acusações de que sua deficiência visual não é condizente com a categoria T11

Silvânia Costa em reportagem do esporte espetacular da rede globo comitê paralímpico brasileiro cpb
(Foto: reprodução/instagram_costadoliveira)

Silvânia Costa publicou três vídeos em seu instagram neste domingo (10), no qual mostra trechos mais longos da entrevista que deu à produção do Esporte Espetacular.  Em matéria divulgada pela Rede Globo nesta manhã, ela, seu irmão Ricardo Costa e Lucas Prado foram acusados de não serem compatíveis com o grau de deficiência visual exigidos de atletas T11, o que gerou uma resposta enfática do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) – veja resposta abaixo.

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São três vídeos publicados, cada um com 6 minutos e 50 segundos cada, e portanto 21 minutos e 30 segundos no total.  Além das respostas que já foram exibidas na reportagem exibidas na Globo, Silvânia afirmou também que sua dificuldade visual começou desde os 11 anos de idade. “Eu venho perdendo (o grau de visão) e me adaptando, perdendo e me adaptando”. Lucas Prado postou um vídeo também neste domingo em resposta às acusações, mas Ricardo Costa ainda não se pronunciou.

Silvânia Costa fala de treinamentos e detalhes de sua deficiência visual

O Esporte Espetacular mostrou trechos em que Silvânia Costa revela que ela e a CPB recorreram contra a classificação dela, de T11. Porém, a atleta não postou o vídeo completo em suas redes, já que alguns trechos exibidos na matéria não estão no instagram, como este em que Silvânia fala que protestou contra a mudança de sua classificação funcional da T12 para T11. Nos vídeos em seu instagram, ela explica melhor sobre a condição de sua visão. 

Eu entrei no paralímpico no T12, que é baixa visão. E quando eu fiz a minha classificação internacional eu estava no T11. Quando você tem apenas 20% de visão é considerado deficiente visual. A pessoa abaixo de 10% é considerada cega.  Mas não quer dizer que eu só veja escuridão e eu não esteja vendo. Existe um resíduo de 5%, no qual eu utilizo no meu dia-a-dia. A gente vai perdendo a visão e a gente vai ficando bem na audição, tato, comunicação, a gente.

Silvânia Costa em vídeos postados no seu instagram

A saltadora em distância foi bicampeã paralímpica conquistando a medalha de ouro primeiro na Rio-2016 e finalmente em Tóquio-2020. “Eu não fico dependente na minha vida pessoal no ambiente que eu já conheço”.

Ainda sobre o Torneio Cidade de Bragança Paulista, onde ela correu sozinha sem ajuda em 25 de abril de 2021, Silvânia Costa explicou: “Eu treino sozinha, o meu guia faz adaptações, alguns treinos eu preciso de ajuda, mas naquela competição de Bragança Paulista eu já conheço. Existia uma arbitragem lateral gritando que me ajudava”.

A atleta explicou também já correr 32 metros em linha vendada no salto em distância e portanto não seria tão mais difícil correr os 100m. “Eu estava adaptada a correr sozinha. Não sei porque gerou a crítica”, lembrando que seu melhor tempo quando corre vendada com ajuda de guia é por volta de 12s e naquele dia ela correu em 14m19s segundo registos da CBAT. “Se você correr com a técnica certa, não tem como correr cruzado”, analisou a atleta. Finalmente ela levantou denúncias sobre quem fez a crítica. “Quem fez a denúncia foi um treinador de uma competidora minha”, completou.

Lucas Prado também responde às acusações de reportagem do Esporte Espetacular

Lucas Prado também respondeu em seu instagram. Em um vídeo de mais de 10 minutos, o dono de três medalhas de ouro em Pequim-2008 lembrou que já passou por várias juntas médicas. Ele ainda comentou que  “Fiquei 45 minutos com eletrodos dentro do olho para fazer a medição visual. Todos os exames que vocês pensarem que tem na medicina oftalmológica eu fui sujeito a fazer. Não foi só um médico que fala que eu sou cego”.

O velocista ainda afirmou que durante a semana vai produzir vários vídeos mostrando o dia-a-dia dele no Centro Paralímpico Brasileiro (CPB), no que espera enfim eximir dúvidas de sua deficiência visual. “Onde eu cheguei não foi trapaceando, não foi passsando por cima de ninguém, foi tudo na justiça. Tudo conforme os médicos sempre pediram, seguindo regras do jogo”, concluiu o atleta.

Comitê Paralímpico Brasileiro responde à denúncias exibidas na Globo

O Comitê Paralímpico Brasileiro respondeu à matéria exibida na Globo em uma dura nota afirmando que “todos que acusaram o CPB de ser conivente com qualquer irregularidade o fazem de maneira irresponsável por desonestidade ou ignorância”. Confira a nota completa do Comitê Paralímpico Brasileiro aqui.

O CPB afirmou que “preza pela ética em todo seu processo de gestão e administração”. Além disso, a entidade afirmou seguir “regras, políticas e diretrizes de classificação do Comitê Paralímpico Internacional, por meio do Código Internacional de Classificação e dos regulamentos de classificação específicos por modalidade ou tipo de deficiência”.

Mais uma vez, o CPB afirmou que quem estabelece a classe de cada atleta são os classificadores internacionais. Portanto, nem os atletas nem o CPB “têm poder de definir em qual classe cada atleta competirá”.

Interessado em cinema, esporte, estudos queer e viagens. Se juntar tudo isso melhor ainda. Mestrando em Estudos Olímpicos na IOA. Estive em Tóquio 2020.

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