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Olimpíada

Confira quem são os ídolos dos ídolos da nova geração

Na semana do Dia Olímpico, Arthur Nory, Bruna Takahashi, Valéria Kumizaki, Rafael Silva e, Douglas Brose revelam quem os motiva

O ginasta Arthur Nory faz parte do Time Ajinomoto (Divulgação/Ajinomoto do Brasil)

Não importa os títulos conquistados na carreira, um dia todo atleta já viveu o papel de fã de alguém que o inspirou a superar os desafios. Na semana em que se comemora o Dia Olímpico, em 23 de junho, integrantes do Time Ajinomoto revelam quem são os ídolos, momentos emocionantes proporcionados pelo esporte e de onde tiram inspiração para as carreiras.

O lado fã de Bruna Takahashi, Valéria Kumizaki, Rafael Silva, Douglas Brose e Arthur Nory, ídolos das novas gerações, inclui memórias afetivas, campeões olímpicos, mundiais e até referências de modalidades completamente diferentes das que praticam.

Do Seu Manuel, avô do judoca Rafael Silva, passando por Ayrton Senna, Gustavo Kuerten, Daiane dos Santos, Ding Ning, Chiaki Ishii e outros pioneiros do esporte, conheça abaixo quem inspira quem e quais momentos mais marcaram a trajetória dos atletas.

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Os processos classificatórios olímpicos do judô e do karatê estão em andamento. No tênis de mesa, apesar de o Brasil já ter vaga por equipe no feminino, os integrantes do time ainda não foram convocados. Isso só é feito perto da realização do evento. O mesmo acontece com a ginástica.

Arthur Nory (ginástica)

Fã das também ginastas Daiane dos Santos (campeã mundial em 2003 e com 14 medalhas em etapas do Circuito Mundial) e Simone Biles (cinco medalhas olímpicas e 25 em mundiais), o ginasta não apenas teve o privilégio de ter seus ídolos fazendo parte de sua trajetória como é amigo de ambas.

Na galeria de grandes emoções, Nory enumera as conquistas do ouro no Mundial de 2019 (na barra fixa) e do bronze nos Jogos Olímpicos de 2016 (no solo). “Todo o sonho e trabalho foram recompensados”, resume. Os Jogos no Rio de Janeiro também lhe proporcionaram uma emoção extra: estar no pódio juntamente com Diego Hypólito.

Atletas olímpicos e paralímpicos no lançamento do Time Ajinomoto em 2019 (Divulgação/Ajinomoto do Brasil )

“Por toda a experiência e por tudo o que ele passou, foi um momento inesquecível e admirável”, completa. Nory também integrou a seleção que voltou dos Jogos de Lima, no ano passado, com duas medalhas (prata no individual geral e ouro por equipe). No Mundial, fez parte da classificação da equipe masculina para os próximos Jogos Olímpicos.

Bruna Takahashi (tênis de mesa)

Com apenas 19 anos, a mesatenista já se credenciou como ídolo de uma nova geração. Campeã mundial júnior em 2015, no Egito, Bruna ajudou o Brasil a classificar a equipe feminina para a próxima edição dos Jogos Olímpicos, em 2021, em Tóquio.

Caçula da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de 2016, Bruna, então com 15 anos, encontrou seu ídolo do esporte, a chinesa Ding Ning, na capital fluminense. Além da emoção, ficou com uma foto tirada ao lado daquela que viria a ser campeã do torneio individual e por equipe. “Não deu para conversarmos porque ela não falava inglês, mas trocamos pins”, recorda.

A mesatenista Bruna Takahashi (Divulgação/Ajinomoto do Brasil)

Para ela, a conquista do título mundial foi um dos momentos mais emocionantes de sua carreira. “Eu sinto emoção toda hora que pratico e jogo, independentemente do resultado, mas uma das maiores emoções que senti foi quando fui campeã mundial. Desde pequena, falava para todo mundo que queria ser e seria campeã mundial, era meu sonho e consegui em 2015. Foi uma final super apertada, por isso foi ainda mais emocionante”.

Mas a conquista da vaga olímpica para Tóquio também ocupa um lugar especial entre os momentos que a inspiram no esporte. “Quando eu, a Carol Kumahara e a Jessica Yamada nos classificamos foi uma emoção muito grande porque deixamos todas as diferenças de lado, nos ajudando e nos apoiando muito o tempo todo. Foi difícil lidar com a derrota para Porto Rico na final dos Jogos Pan-Americanos (2019), mas superamos isso e nos classificamos jogando contra Porto Rico novamente na disputa pela vaga. Essa experiência foi uma inspiração para a nossa equipe”, finaliza a atleta que é parte do Time Ajinomoto.

Valéria Kumizaki (karatê)

Vice-campeã mundial da categoria até 55kg em 2010, a carateca nascida em Presidente Prudente (SP) conquistou quatro medalhas em edições dos Jogos Pan-Americanos (dois ouros, uma prata e um bronze), mas é das pistas que vem seu ídolo esportivo, o piloto Ayrton Senna.

“Quando criança, assistia às corridas e sempre gostei da determinação e do amor dele ao esporte”, explica a atleta, que tem na emoção a fonte de sua inspiração. “Assisto a quase todos os esportes e ouvir o nosso Hino Nacional me emociona muito. Quando o atleta ganha uma medalha e se emociona, eu choro junto porque imagino todo o sofrimento para chegar até ali”, diz.

A carateca Valéria Kumizaki (Divulgação/Ajinomoto do Brasil)

Não por acaso, as maiores emoções da carreira foram representando o Brasil. “Sou apaixonada pelo esporte e poder representar meu país e competir em grandes eventos me emociona muito”.

Rafael Silva, o Baby (judô)

A primeira inspiração do judoca estava na própria família. O avô Manuel José da Silva, o seu Manuel, foi responsável por apresentá-lo ao esporte e colocá-lo no karatê, modalidade que praticou até os 12 anos. “Meu avô foi uma grande referência na minha formação e era para ele que eu mais gostava de contar sobre minhas viagens e competições. Ele se entusiasmava com meus resultados e me motivava a continuar acreditando e lutando”, relembra o judoca. No universo esportivo, Ayrton Senna é o ídolo maior. “Apesar de ser quase unanimidade entre os atletas brasileiros ter o Ayrton Senna como ídolo, acho que cada um entende de maneira diferente o que ele representa”, explica. “Para mim, ele representa uma trajetória de muita entrega e muito empenho. É por isso que gosto tanto dele”. Mas não é somente o tricampeão de F-1 que serve de inspiração para o judoca.

De consagrados veteranos a jovens aspirantes, Baby encontra na própria modalidade combustível para o crescimento constante. “Os maiores exemplos são os do dia a dia de treinamento”, destaca. Quando estava começando a competir fora do país, Tiago Camilo (prata nos Jogos Olímpicos de 2000 e bronze em 2008) e Leandro Guilheiro (bronze em 2004 e 2008) eram do mesmo clube que Rafael. “Eu os via treinando todos os dias e isso servia de inspiração para saber que é possível um resultado olímpico. Não é algo de outro mundo. Ver esses caras treinando, treinar bem também e fazer algo muito parecido ao que eles fazem é bastante inspirador”, ressalta.

O judoca Rafael Silva integra o Time Ajinomoto do Brasil (Divulgação/Ajinomoto do Brasil)

Deu certo, mas não foi tudo. Dono de duas medalhas olímpicas (bronze 2012 e 2016), Rafael, atleta do Time Ajinomoto, destaca ainda a importância de alguns dos primeiros representantes brasileiros a subirem no pódio olímpico do judô como Chiaki Ishii (bronze em 1972), Walter Carmona (bronze em 1984) e Aurélio Miguel (ouro em 1988 e bronze em 1996) na construção de sua trajetória.

“Conversar com quem asfaltou a estrada para que chegássemos à medalha olímpica e ao alto rendimento é sempre bastante inspirador. Essas pessoas tiveram uma vida dedicada ao esporte que eu amo e tento absorver o máximo de experiência possível. Hoje estou em uma posição na qual tento passar um pouco dessa experiência aos mais jovens. Ao mesmo tempo, o pessoal mais novo me dá um pouco de energia para continuar treinando e acreditando. Essa energia é muito boa para eu seguir nessa caminhada olímpica. Essa troca de experiência é o que faz a gente crescer e levar o judô adiante”, avalia o pesado, que sente em cada participação olímpica uma emoção especial.

“Londres foi especial por ser a primeira, por eu estar tão preocupado em ser estreante e ter um peso nos ombros de querer que o resultado acontecesse. No Rio, foi uma história diferente. No último ano (de classificação), tive de me recuperar de uma lesão para conseguir a vaga. Disputar a Olimpíada em casa tem o diferencial de ter a família e os amigos muito perto, participando de todo o processo, e o resultado foi emocionante por isso. Jogos Olímpicos são dias mais especiais. O ciclo, a jornada, a trajetória construída para chegar aos Jogos é o que faz essa competição tão diferente. Agora, estamos às portas de uma Olimpíada em Tóquio. Apesar do adiamento, é uma Olimpíada muito especial, principalmente para nós do judô, porque nosso esporte nasceu lá. Acho que nossa geração é bastante privilegiada por poder lutar uma Olimpíada em casa, no Brasil, e outra no Japão. São três emoções muito especiais”, finaliza.

Douglas Brose (Karatê)

Ídolos não faltaram na carreira do carateca e o primeiro veio das quadras de tênis: Gustavo Kuerten. Quando Brose ainda começava a trajetória de atleta, Guga já era número um do mundo e uma grande referência internacional. Além disso, os dois eram quase vizinhos em Florianópolis (SC).

“Eu o admirava como atleta e queria ser o primeiro do mundo. Ele é uma pessoa maravilhosa e recebi o prêmio de melhor atleta de Santa Catarina duas vezes das mãos dele”, recorda. A inspiração deu resultado. Brose é bicampeão mundial (2010 e 2014), além de ter uma prata (2012) e um bronze (2008) na competição. O primeiro título no evento, aliás, é a maior emoção competitiva na memória do carateca. “Foi uma sensação inigualável. Fazia anos que o Brasil não tinha medalha de ouro em campeonatos mundiais, especialmente em kumitê masculino. O Mundial na Sérvia me marcou muito porque, em uma modalidade na qual o Brasil não era um dos favoritos, coloquei a bandeira do meu país no lugar mais alto. Foi uma experiência e uma emoção muito bacanas”.

O carateca Douglas Blose integra o Time Ajinomoto do Brasil (Divulgação/Ajinomoto do Brasil)

As conquistas em mundiais também levaram Brose a vivenciar outra experiência inusitada e gratificante. Durante uma competição na Europa, alguns atletas da Índia se ajoelharam perto dele e tocaram seus pés. “Eu fiquei sem saber o que fazer. Quando se levantaram, eles disseram que era um costume e que tocar os pés de um campeão mundial era algo muito importante. Eu me assustei um pouco no início, foi um momento diferente e bem bacana porque eles disseram que era uma inspiração”, disse o carateca do Time Ajinomoto.

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