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Pan 2019

Rebeca Gusmão num beco sem saída

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 20 de março

Choro não deve evitar a eliminação de Rebeca

Pode ter sido em vão a crise de choro da nadadora brasileira Rebeca Gusmão na última terça-feira, em seu depoimento à Corte Arbitral do Esporte (CAS), durante o julgamento do derradeiro recurso para reverter sua eliminação do esporte por dois casos de doping. Fontes ligadas ao CAS relatam que a chance de absolvição da nadadora são nulas e, desta forma, Rebeca permanecerá banida do esporte, por ter acumulado duas suspensões, de dois anos cada uma. Comenta-se nos bastidores do CAS que a defesa apresentada pelos advogados da nadadora não convenceram os juízes do caso, que estão convictos na culpa de Rebeca. A decisão será anunciada até o final de abril.

O drama de Rebeca Gusmão começou após sua impressionante atuação no Pan-Americano de 2007, onde conquistou quatro medalhas (duas de ouro, uma de prata e uma de bronze). Em maio do ano passado, a Federação Internacional de Natação (Fina) suspendeu Rebeca Gusmão pelo doping ocorrido no Pan-Americano, e em julho foi a vez de ser punida em virtude de seu exame ter dado positivo no Troféu Maria Lenk, de 2006. Em setembro, a Fina não aceitou os recursos para anular os dois processos e a brasileira acabou banida do esporte. Desde então, para manter a forma, Rebeca Gusmão disputa jogos de futebol feminino em uma liga amadora de Brasília.

Ausência esperada
Na semana passada, estava agendada uma reunião entre o Ministro do Esporte, Orlando Silva, o presidente do Confao (Conselho dos Clubes Formadores de Atletas Olímpicos), Sérgio Zech Coelho, e Carlos Nuzman, presidente do COB. Na pauta, a discussão sobre uma melhor distribuição da verba da Lei Piva, pedido feito pelo Confao, que deseja uma porcentagem do dinheiro das loterias. Só que a reunião não ocorreu. O motivo: o COB cancelou sua participação na última hora.

Por bem ou por mal
O presidente do Confao, Sérgio Zech Coelho, não ficou surpreso com a desistência de última hora. “Eles ficarão protelando o quanto puderem. Mas o pessoal do ministério do esporte já me disse que o processo será tocado com ou sem a presença do COB”

Inquisição nas piscinas
A oposição de Alberto Murray Neto à administração de Carlos Nuzman no COB continua rendendo polêmicas. Ele foi retirado da diretoria da Federação Aquática Paulista (FAP) pelo presidente Miguel Carlos Cagnoni. A justificativa, segundo Cagnoni: “Não posso ter um diretor que discorde do mandatário do esporte brasileiro. Esta briga é dele com o Nuzman, a FAP não tem nada com isso.” Revoltado com todo o episódio, o nadador Eduardo Fisher classificou a atitude como vergonhosa. “Tal qual o Tribunal da Inquisição fazia há muitos séculos atrás”, escreveu Fisher, em seu blog.

A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo

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