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Laguna Olímpico

A pandemia que acabou com o sonho de garotas e garotos

Adiamento dos Jogos da Juventude de Dacar-2022 foi um tremendo castigo para uma nova geração de atletas olímpicos

Olimpíada da Juventude Dacar
A Olimpíada da Juventude de Dacar foi adiada para 2026, frustrando toda uma geração de atletas (Divulgação/COI)

Para quem duvidava dos efeitos que a pandemia do coronavírus traria para o esporte mundial, uma nova prova foi dada nesta quarta-feira (15). Ao adiar a Olimpíada da Juventude Dacar-2022, o COI (Comitê Olímpico Internacional) sentiu mais uma vez na pele os estragos do vírus que mudou a vida do planeta. Mas ao contrário do adiamento em um ano da Olimpíada de Tóquio, remarcada para 2021, a decisão de jogar o evento africano para 2026 enterrou os sonhos de uma geração inteira de novos atletas olímpicos.

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Os Jogos da Juventude, disputados pela primeira vez em Cingapura no ano de 2010, foram criados para ser uma “porta de entrada” dos jovens atletas no universo olímpico. Voltado para garotas e garotos entre 15 a 18 anos, muitos deles encontraram nesta competição a chance de experimentar o espírito olímpico.

Além disso, a competição também serve para o COI testar novas modalidades ou eventos esportivos. O skate, basquete 3×3 e escalada esportiva tiveram nos Jogos da Juventude sua porta de entrada no programa olímpico.

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Para o Brasil em particular, a Olimpíada da Juventude vem servindo como uma ótima oportunidade para testar suas novas estrelas. Foi nesta competição que vimos aparecer Thiago Braz no salto com vara (prata em 2010); Flavia Saraiva e suas três medalhas (uma de ouro) na ginástica artística, em Nanjing-2014; ou Keno Marley, ouro no boxe em Buenos Aires-2018, só para ficar nestes três exemplos.

Efeitos em Paris-2024

O problema é que este ciclo foi quebrado com o pedido que o governo senegalês fez diretamente ao COI no final de semana. Assim como acontece no mundo inteiro, o país africano não passou ileso com a crise financeira causada pela pandemia. Os investimentos em infraestrutura, mesmo para um evento de dimensões bem menores, seriam pesados.

Thomas Bach adiamento Olimpíada da Juventude
Thomas Bach fala em reunião do Conselho Executivo do COI que confirmou o adiamento dos Jogos da Juventude de 2022 (Flickr/COI)

Ao pedir uma “folga” até 2026, Dacar acabou afetando uma geração que se prepara para chegar à Olimpíada de Paris-2024. Alguns com certeza estarão lá. Mas uma boa parte ficará pelo caminho e para piorar, não terá mais a oportunidade de participar dos Jogos da Juventude.

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Existe até quem veja na decisão do adiamento um risco à continuidade da Olimpíada dos jovens. O evento não demostra o mesmo atrativo financeiro e de mídia como os Jogos tradicionais, embora tenha boa receptividade do público das cidades que o organizaram.

Por isso, neste momento de realinhamento dos planetas do universo olímpico, não estranharia se a cartolagem repensasse a necessidade de manter uma competição que está longe de ser lucrativa, apesar de sua inegável importância como ferramenta de inclusão no esporte. Se isso acontecer, será lamentável.

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