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Laguna Olímpico

Contra o coronavírus, o real significado do legado esportivo

Instalações olímpicas e pan-americanas no mundo estão sendo usadas para receber os doentes do Covid-19. O Brasil precisa seguir neste caminho

A Vila Pan-Americana de Lima
A Vila Pan-Americana de Lima está sendo adaptada para se tornar um hospital (Divulgação)

No início da semana, o Ministério Público Federal (MPF) pediu à Secretaria Nacional do Esporte avaliar a possibilidade de ceder as arenas do Parque Olímpico da Barra, no Rio de Janeiro, na ajuda ao combate ao coronavírus. O objetivo é o de aproveitar o espaço que recebeu eventos da Olimpíada Rio-2016 para montar um hospital de campanha. A Secretaria, que hoje é o equivalente ao extinto Ministério do Esporte, ainda não respondeu se atenderá ao pedido.

Em compensação, o Maracanã, palco das cerimônias de abertura e encerramento da Rio-2016 (Olimpíada e Paralimpíada), já foi confirmado pelo governo estadual como local para um destes hospitais de campanha.

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É surreal que, diante de uma crise mundial de saúde pública como esta pandemia do coronavírus, ainda exista alguma dúvida sobre a necessidade de aproveitar todos os espaços disponíveis que possam ajudar no combate à doença.

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Sinceramente, não consigo imaginar neste momento outra utilidade melhor para o que se chama “legado esportivo”. No caso do Brasil, um legado subutilizado, vamos admitir.

Talvez a Secretaria Nacional do Esporte devesse se inspirar em exemplos de outros países.

Legado olímpico e social

Em Londres, que recebeu a Olimpíada de 2012, a NHS, que é o sistema de saúde do Reino Unido, usará o centro de convenções ExCel para montar um hospital com 4.000 leitos para terapia intensiva. Nos Jogos de Londres, o ExCel foi palco das competições de lutas naquela edição. Judô, boxe e wrestling foram disputados naquela edição.

Legado esportivo Londres 2012
A Arena ExCel recebeu competições de judô, boxe e wrestling em Londres-2012 (Divulgação)

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Não está descartada a utilização de outra instalação olímpica, a O2 Arena, que anualmente recebe o ATP Finals de tênis e que na Olimpíada de 2012 foi a casa da ginástica artística.

Do outro lado do Atlântico, mais precisamente em Lima (PER), outro bom exemplo de uso social de um importante legado esportivo. Menos de um ano depois de ter recebido mais de seis mil atletas das Américas durante a disputa dos Jogos Pan-Americanos de 2019, a Vila Pan-Americana também foi incorporado no esforço do país no combate ao Covid-19.

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A partir desta segunda-feira (30), uma das torres da Vila irá se transformar em um hospital para cuidados especiais. No total, serão 456 quatros transformados em leitos hospitalares. Nos últimos dias, camas, colchões e lençóis foram entregues à instalação, com o apoio do exército peruano. A Vila do Pan é localizada no distrito de Villa El Salvador, um dos mais pobres da cidade.

Não vejo melhor oportunidade para que o Parque Olímpico da Barra justifique os milhões que foram investidos em sua construção do que ser integrado na batalha contra o coronavírus.

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