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Judô

Mayra Aguiar quebra jejum de 37 anos e é campeã em Tóquio

Brasileira passa por russa, vence duas japonesas por ippon e ganha de campeã mundial na final para levar título mais tradicional do judô

Mayra Aguiar campeã grand slam de tóquio judô
(Foto: Emanuele Di Feliciantonio/IJF)

A história foi feita na manha deste domingo (3) no Grand Slam de Tóquio de Judô. Mayra Aguiar quebrou um jejum de 37 anos e se tornou não só apenas a primeira mulher do Brasil a levar um ouro na cidade mais importante para o judô mundial, mas também apenas a segunda pessoa do Brasil de qualquer gênero.

Foi a única medalha conquistada no dia. Larissa Pimenta perdeu a disputa de bronze para a israelense Gefen Primo nos 52kg, enquanto Willian Lima terminou em sétimo nos 66kg. Na véspera, Jéssica Lima ganhou medalha de prata nos 57kg.

Como no Grand Slam, cada país-sede pode inscrever quatro atletas em cada categoria – ao contrário do Mundial ou Jogos Olímpicos, por exemplo – muitos consideram o Grand Slam de Tóquio o torneio mais difícil da temporada, já que provavelmente é necessário ganhar de algum atleta do Japão – ou até mais de um para levar o ouro.

Título especial para a dona de um currículo tão vasto

Mayra Aguiar Inbar Lanir Yoon Hyunji e Takayama Rika no pódio 78kg grand slam de tóquio japão
(Foto: Tamara Kulumbegashvili / IJF)

E Mayra não só passou por duas japonesas rumo ao ouro, como de maneira fuminante. Na final ela bateu de frente com a atual campeã mundial, Inbar Lanir, de Israel. Vale lembrar que Mayra ficou de fora do Mundial em Doha, e dos Jogos Pan-Americanos este ano para se recuperar inteiramente de lesão, com objetivo total na medalha de ouro olímpica em Paris-2024. Porém, a conquista do Grand Slam de Tóquio, o torneio mais tradicional do circuito internacional, também é muito especial.

“Esta conquista é muito especial para mim. Era uma competição que sempre quis ganhar. Tanto pela dureza que ela é e também porque, depois do Brasil, o Japão é meu lugar favorito. Muito obrigada pela torcida. Seguimos em frente”, declarou a judoca dona de três medalhas olímpicas de bronze (Londres-2012, Rio-2016 e Tóquio-2020), três títulos mundiais (Chelyabinsk-2014, Budapeste-2017, Tasquente-2022) e outras cinco medalhas mundiais.

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Mayra Aguiar faz ippon em 7 segundos sobre japonesa campeã mundial e está na final

A estreia de Mayra Aguiar não foi das mais bonitas, mas foi bem eficaz. Cabeça número 3, ela entrou direto nas oitavas e lutou contra a russa Antonina Shmeleva, competindo como Atleta Independente Neutra. Mayra forçou dois shidos e conseguiu a terceira e necessária pontuação faltando 12 segundos para o fim do tempo regulamentar.

Nas quartas de final, a primeira das japonesas e uma luta tranquila. Depois de dominar completamente o embate Sugimura Mizuki, em que ambas chegaram a levar um shido, Mayra conseguiu aplicar o golpe fatal do judô com 1m16 e se garantir na semifinal.

Mayra Aguiar vence grand slam de tóquio judô
(Foto: IJF/Gabriela Sabau)

Na semifinal, Mayra Aguiar aplicou um ippon em sete segundos sobre a japonesa Umeki Mami. Mayra se vinga portanto da derrota para umeki no mesmo Grand Slam, mas de 2015. Mayra venceu também o Mundial de 2017 em Budapeste sobre a japonesa na final. Umeki foi campeã mundial em 2015.

Final contra israelense campeã mundial

Foi o terceiro confronto entre Mayra e Inbar Lanir, com terceira vitória para a brasileira. A brasileira venceu na segunda rodada de Tóquio-2020 e do Grand Slam de Antalya. Assim como Mayra Aguiar, a israelense também passou por duas japonesas nas quartas e semi.

A israelense é a atual campeã mundial, torneio que Mayra precisou se ausentar este ano. Mayra mostrou que voltou com tudo, e foi superior durante toda a luta. Mesmo com um waza-ari ela não ficou parada e tentou a todo momento o estrangulamento e definir assim a vitória por ippon.

Mayra Aguiar se consolida na corrida olímpica

Que Mayra Aguiar vai se classificar para os Jogos Olímpicos de Paris-2024 não é surpresa para ninguem. Ainda que ela esteja entre as favoritas, não importando as adveárrsiáas, o resultado é importante para ela estar bem pontuada e ter um sorteio favorável. Com os 1000 pontos do título, Mayra Aguiar passa para 4075 e ultrapassa a francesa Audrey Tcheumeo na quinta colocação.

Porém, Mayra hoje seria quarta cabeça de chave do torneio olímpico já que duas alemãs, Alina Boehm e Anna-Maria Wagner, estão logo na frente, com 4208 e 4097, respectivamente. De qualquer modo como as alemãs participaram de muitos mais torneios, é provável que Mayra as ultrapasse. Inbar Lanir com os 700 pontos do vice segue líder absoluta com 6055, a frente da italiana Alice Bellandi com 5290.

Interessado em cinema, esporte, estudos queer e viagens. Se juntar tudo isso melhor ainda. Mestrando em Estudos Olímpicos na IOA. Estive em Tóquio 2020.

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