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Yohansson chega para seu 4º Parapan: “correndo com alegria”

Aos 31 anos, Yohansson Ferreira chega para o seu quarto Jogos Parapan-Americanos em busca da nona medalha da competição, com experiência, tranquilidade e diversão. Assista!

Yohansson Ferreira nasceu atleta paralímpico. Velho conhecido das pistas, chega nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019 após se recuperar de lesão com tranquilidade para os 100m rasos, única prova que disputará na capital peruana no atletismo. Assista ao vídeo!

“Eu já nasci sem as duas mãos, então eu já nasci um atleta paralímpico. Eu sempre fui uma pessoa muito rápida, nunca imaginei na minha vida ser atleta, principalmente de atletismo. Eu sou natural de Maceió, Alagoas. Atualmente, moro em São Paulo, treino no Centro Paralímpico Brasileiro. Na época, em Maceió, essa minha treinadora me encontrou em um ônibus e me fez um convite pra praticar o atletismo. E eu aceitei esse convite não pensando: ‘ai, meu Deus do céu, vou aceitar esse convite, vou ser o melhor do mundo, vou ganhar muitas medalhas’, mas era uma oportunidade que a vida estava me dando. Comecei como recreação. Depois, com a minha primeira medalha, na minha primeira competição, que foi uma medalha de bronze. Aquele gostinho de estar colocando uma medalha no peito foi maravilhosa. Então eu disse: ‘é isso que eu quero para minha vida’. Foi o ano também que eu tinha terminado o ensino médio. Já estava pensando: ‘e agora? Qual será a minha carreira?’ Aí eu me descobri no atletismo e estou nesses 14 anos de muitas vitórias. Já três Paralimpíadas, seis medalhas paralímpicas, cinco campeonatos mundiais, desses cinco campeonatos mundiais 10 medalhas. Três Parapan-Americanos. Esse é o meu quarto. Vamos aí seguindo, correndo com alegria,” relembra a trajetória o Yohansson Ferreira em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.

Foto: Marcio Rodrigues/CPB

E para conquistar o pódio, o atleta desembarcou em Lima na última terça e a primeira coisa que chamou atenção? “A maior percepção foi o frio em primeiro lugar. Eu não imaginava que aqui era tão frio assim. O fato de ficar em uma cidade litorânea, achei que era muito quente. Cheguei aqui e um frio. Mais frio do que estava em São Paulo, mas o atleta tem que se adaptar rápido por conta das competições.”

E ele sabe muito bem como se adaptar: “Esse é o meu quarto Parapan-Americano já. Em 2007, no Rio, eu fui três medalhas de ouro nos 100m, 200m e 400m. Em Guadalajara, eu fui ouro nos 100m e 200m, e bronze nos 400m. Calma para eu não me perder, rs. Em Toronto, eu fui bronze nos 100m, prata nos 200m. Quem sabe eu consiga aí a minha nona medalha em Jogos Parapan-Americanos. Espero fazer uma boa marca. Quem sabe estar levando mais uma medalha para o Brasil.”

A diferença em ter experiência é grande: “Traz uma tranquilidade muito grande de vir aqui e não ficar encantado com a grandiosidade da competição. Não ficar nervoso com diferentes atletas de vários lugares das Américas. É esperar a competição chegar. Eu não vou falar que eu estou ansioso. Eu estou na expectativa boa, porque não deixa de ser mais uma competição importante na minha vida, mas eu estou naquela expectativa boa, respeitando, totalmente, os meus adversários, mas, principalmente, extremamente confiante que eu estou em condições de ganhar uma medalha. Então é isso que a experiência traz de bagagem: essa tranquilidade.”

O motivo da longevidade, de tantas medalhas e tantas competições talvez seja a forma como o atletismo paralímpico é tratado na vida de Yohansson Ferreira: “Ah, eu faço isso como diversão. Porque abençoada é a pessoa que faz aquilo que ama. Eu não treino, eu não vou para as competições com aquela obrigação. Muitas pessoas, agora, que estão me assistindo, já brincou de apostar corrida. Então é meio que uma brincadeira de apostar corrida só que mais séria. Eu gosto de pensar desse jeito, porque vai ficar bem mais leve, vai ficar bem mais prazeroso. Lógico que você abre mão de muita coisa. Abre mão da família, abre mão de diversão, porque é uma coisa séria. Não é só assim: ah, eu quero ser atleta e eu vou lá dar uma corridinha e vou conseguir minha marca para o Pan e vou ganhar medalhas. É uma dedicação muito grande, mas nessa dedicação eu tento sempre me divertir.”

E o futuro?

Foto: Marcio Rodrigues/MPIXC

Aos 31 anos, Yohansson Ferreira não pensa em parar, embora admita que talvez Lima 2019 possa ser sua última edição dos Jogos Parapan-Americanos. Sabe que no atletismo as coisas vão evoluindo rapidamente. Vivendo um dia de cada vez, no entanto, acredita que estar perto do esporte é algo inevitável.

“Mas uma coisa que eu tenho certeza que eu vou fazer depois do esporte é que eu quero continuar nessa área. Eu quero continuar passando a minha experiência. Quero continuar dando visibilidade para tudo que os atletas vieram fazendo ao longo desses anos. Que a mesma oportunidade que eu tive lá em Maceió em 2005, que não seja ao acaso de algum treinador encontrar o atleta em algum lugar e chamar. Mas de despertar a pessoa com deficiência pra praticar uma atividade esportiva. Não que ela vai querer: ‘ah, eu quero ser atleta,  eu quero ganhar muitas medalhas’, mas que ela saiba que mesmo com deficiência eu vou ter mais uma oportunidade na minha vida que é o esporte. Então eu quero fazer isso para várias e várias pessoas aí no nosso país,” conclui.
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Jornalista formada pela Cásper Líbero. Apaixonada por esportes e boas histórias.

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