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Gio Queiroz acusa Barça de assédio, abuso e confinamento

Em carta aberta endereçada ao presidente do clube, jovem atacante denuncia que direção do gigante espanhol pressionou para que ela não fosse para a seleção

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(twitter/LUDfemenino)

A jovem brasileira Giovana Queiroz, de apenas 18 anos, publicou nesta terça-feira (29) carta aberta ao presidente do Barcelona, Joan Laporta, acusando o gigante espanhol de assédio moral, práticas abusivas e confinamento ilegal a fim de impedir que ela servisse a seleção brasileira. “Usaram métodos arbitrários com claro objetivo de prejudicar minha vida profissional dentro do clube”, afirmou, garantindo ter provas. A atacante pertence ao time da Catalunha e atualmente está emprestada para o Levante, também da Espanha.

“Não foi fácil chegar a esse ponto. Foram muitos meses de angústia e sofrimento. Apesar de tudo que eu passei, hoje me sinto capaz de denunciar as condutas abusivas que sofri dentro do futebol feminino do Barcelona”, começa Giovana Queiroz na carta (leia a íntegra no final dessa matéria). “Cheguei ao clube em julho de 2020, com apenas 17 anos. Fui muito bem recebida pelas jogadoras e comissão técnica. Minha motivação era máxima e cheguei com muita gana de aprender e crescer. Os primeiros meses foram importantes no processo de adaptação. Estava em uma boa dinâmica até que eu recebi a primeira convocação para a seleção brasileira. A partir desse momento comecei a receber um tratamento distinto dentro do clube.”

“Primeiro recebi indicações de que jogar com a seleção brasileira não seria o melhor para o meu futuro dentro do clube. Apesar do assédio moral desagradável e persistente, não dei muita importância e atenção ao assunto. Com o tempo, as investidas começaram a ser realizadas por outros mecanismos de pressão dentro e fora do clube. Estavam me encurralando de maneira abusiva para que eu renunciasse defender a seleção”, continua a brasileira na carta.

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Confinamento ilegal

Giovana Queiroz acrescenta que em fevereiro de 2021 foi submetida a um confinamento ilegal imposto pela chefe do departamento médico do Barcelona. “Ela afirmou que seria por um contato próximo com um caso positivo de Covid-19. Desde o princípio intuí que os verdadeiros motivos do confinamento eram outros. Como a ordem da médica era contrária ao protocolo sanitário, entrei em contato direto com o departamento de saúde da Catalunha e pedi esclarecimentos. A resposta foi clara e contundente. Meu caso não poderia ser considerado como contato próximo.” A seguir, a atacante afirma que foi contestar a médica, que, sem maiores detalhamentos, revelou ter sido autorizada a impor um “confinamento especial”.

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Gio ao lado de Marta na seleção (Thais Magalhães/CBF)

“Me trancaram ilegalmente e não pude sair de casa. Não podia treinar nem ter uma rotina normal”, segue a atacante na denúncia. “Após cumprir a quarentena imposta, recebi autorização da Fifa para me apresentar à seleção brasileira nos Estados Unidos, com pleno conhecimento do clube”, diz. “Quando voltei a Barcelona, me chamaram para uma reunião com o diretor do clube. Nesta reunião fui acusada de ter cometido uma grave indisciplina e que, por isso, seria afastada do time e sofreria graves consequências. Fiquei em choque.”

“Queriam destruir a minha reputação”

Giovana Queiroz diz ter entrado em pânico e ficado destroçada. “Chorei muitas vezes. Senti um vazio enorme. Não tinha forças para lutar pelos meus direitos. A partir desse momento minha vida mudou para sempre. Estava completamente exposta a situações humilhantes e vergonhosas durante meses dentro do clube. Estava claro que eles queriam destruir a minha reputação, minar minha autoestima, degradar as minhas condições de trabalho, menosprezar e desvalorizar minhas condições psicológicas.”

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Giovana ao ser apresentada no Barça em 2020 (twitter/gio9queiroz)

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Por fim, a brasileira afirma que o FC Barcelona não é responsável direto pelas condutas abusivas, e cobra providências. “É necessário uma mudança, tanto na forma de pensar como na de atuar das grandes empresas, para romper com padrões de séculos atrás que não podem continuar”, afirma. “O clube deve ser responsável por garantir a integridade física, mental, psíquica e moral diante de qualquer forma de violência, estabelecendo uma proteção integral por meio da conscientização, prevenção, proteção e reparação do dano causado.”

Leia a íntegra da carta

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