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Única técnica da Copa de futebol de 5 tenta ir a mais uma final

Laryssa Macêdo, técnica do Cedemac de futebol de 5
(CBDV)

Em um universo de 20 treinadores que disputam as duas divisões da Copa de futebol de 5, ela é a única mulher a comandar uma equipe. Calejada do preconceito enfrentado ainda nos tempos de jogadora de futsal no Maranhão, Laryssa Macêdo, técnica do Cedemac-MA, está mais do que habituada a encarar os adversários dentro e fora de quadra.

E responde da melhor forma possível: com capacidade e muito, muito trabalho. “No futebol de 5 ou em qualquer modalidade esportiva na qual você comanda, é preciso ter vontade de fazer mudança”, diz Laryssa Macêdo, de 25 anos. À beira da banda, ela dirigiu sua equipe a mais uma vitória nesta terça-feira, 29, 1 a 0 sobre a ADVP, de Pernambuco.

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Determinada, Laryssa foi além: desde que assumiu o comando do Cedemac, em 2017, fez questão de formar uma comissão técnica 100% feminina. Ao seu lado na quadra, a auxiliar Gabriele Carvalho, de 22 anos, é também a preparadora de goleiros da equipe.

“Nós, mulheres, estamos mostrando mais uma vez que o matriarcado que vem de outros tempos também pode ser aplicado num universo quase totalmente masculino”, afirma Gabi, ex-colega de futsal da sua agora chefe. Além delas, a fisioterapeuta Telma Oliveira completa o trio feminino.

Resultados positivos

Os resultados positivos ajudam a tirar a “graça” de quem ainda se vê no direito de fazer piadinhas. Com Laryssa Macêdo no banco, o Cedemac chegou às decisões das duas últimas temporadas, sendo derrotado pela Agafuc, do Rio Grande do Sul, em ambas.

“Vindo do futsal, a gente sempre sentiu esse preconceito. ‘Ah, lugar de mulher não é na quadra’, ‘futebol é coisa de homem’, sempre teve isso. Mas quando fui chamada para o Cedemac, nunca senti isso com os meus meninos. A gente ouve alguns murmurinhos, algumas pessoas questionando. E eu sempre brinco que a voz feminina é muito mais marcante, porque num ambiente que só tem homem, a minha voz já se destaca”, diz.

Destacou-se tanto que o próprio time foi à diretoria em 2017 pedir para que a então preparadora física assumisse o comando técnico: “O preconceito sempre é muito grande, mas com a gente não, a aceitação no grupo foi muito boa. Ser treinado por meninas não tem diferença nenhuma. Quando têm de brigar, elas brigam, quando têm de falar sério, elas falam. É super de boa, a gente aceita e, além de treinadoras, são nossas amigas também”, comenta o ala Jardiel, artilheiro do Cedemac e jogador da Seleção Brasileira.

A luta delas, é claro, visa ampliar a participação feminina no futebol de 5. Dos 171 inscritos para a Série A deste ano, por exemplo, apenas oito (4,7% do total) são mulheres.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e Santiago

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