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Basquete

Ruth, campeã mundial de basquete em 1994, morre aos 52 anos de covid-19

Na manhã desta terça-feira, o basquete Brasil perdeu uma de suas personagens mais carismáticas: a ex-pivô Ruth, morta por complicações da covid-19

Ruth campeã mundial de basquete em 1994 morre vítima de covid-19
Ruth posa ao lado de Magic Paula durante encontro das campeãs mundiais de 1994

Guerreira, Ruth Roberta de Souza buscava os mais difíceis rebotes para o Brasil. Foram anos e anos defendendo a seleção brasileira feminina com seu talento e garra. Nesta terça-feira, 13 de abril, às 6h30 da manhã, contudo, perdemos nossa ídola. Ela nos deixou aos 52 anos, por complicações da Covid-19. Ruth estava internada desde o início do mês, chegou a apresentar um quadro de melhora, mas suas funções vitais pioraram nos últimos dias.

Nascida em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, onde também estava internada, Ruth foi campeã dos Jogos Pan-Americanos de 1991, em Havana, além de campeã Mundial pelo Brasil em 1994. Também jogou a Olimpíada de 1992, em Barcelona, a primeira da Seleção feminina. Dentro e fora de quadra, deixa a marca de uma guerreira, mas uma combatente sorridente, que contagiava qualquer um que estivesse ao seu lado.

Ruth fez parte da equipe brasileira que foi campeã mundial de basquete feminino em 1994

+Campeã da Corrida de São Silvestre de 1996 morre de covid-19 aos 52 anos

A notícia do falecimento foi confirmada pela família que Ruth, que através de uma sobrinha, vinha atualizando suas redes sociais com informações sobre o quadro de saúde: “É com pesar que Nely e Rubens informam o falecimento da minha irmã Ruth Roberta de Souza, hoje, às 6h30 da manhã. Agradecemos às orações, agora ela descansou”.

Ruth também foi campeã dos Jogos Pan-Americanos de 1991. Na foto, recebe a medalha de ouro de Fidel Castro

Após encerrar a carreira no basquete, Ruth passou a ser técnica na sua cidade, em Três Lagoas, Mato Grosso o Sul, onde seguia encantando com o seu carisma. Recentemente, a ídola participou de uma reunião com todas as jogadoras campeãs mundiais de 1994, num evento no interior de São Paulo, antes da pandemia da Covid-19.

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Em vida, Ruth recebeu diversas homenagens da Confederação Brasileira de Basketball nas últimas duas décadas, sempre em referência à sua garra em quadra, seu carisma, entrega e dedicação ao esporte. Ruth deixa um exemplo de como é possível ser firme, raçuda em quadra, defender as cores do Brasil, mas sem perder o Fair Play. 

Por onde passou, Ruth fez amiga, colecionou títulos. Com Brasil, venceu o Pan de 1991, em Havana, disputou a Olimpíada de 1992, em Barcelona, e foi campeã mundial em 1994. Suas amigas, suas companheiras, de alguma forma, encontraram forças para uma última palavra de despedida. Juntas, elas mantém um grupo de WhatsApp das campeãs mundiais de 1994, onde até hoje, quase 30 anos depois, conversam e se encontram sempre que possível, o que não ocorreu mais desde o início da pandemia.

Acervo Pessoal

Dalila

“Nossa Ruth se foi, que triste. Um super astral, sempre fazendo piada, a gente sorrir. Que pena, perda inestimável. Guerreira, raçuda. Uma mulher de garra mesmo. Que pena. Mas, ela vai deixar muita saudade. Nos próximos encontros, nossa, com certeza vai fazer muita falta para a gente”.

Magic Paula

“Perdi uma amiga, com uma história de vida de muitos desafios, mais jamais perdeu sua doçura e sempre com seu jeito humilde e eficiente na convivência em grupo. Dia muito triste para mim. Ruth fazia parte da minha família e sempre recebida com carinho, como merecia. Que ela faça esta passagem com muita luz”

Alessandra

“Muito difícil falar da Ruth. Esse falecimento é um choque para mim. É mais que uma amiga, foi uma irmã. Lembrando nos primeiros treinamentos como foi mãezona comigo quando cheguei na Seleção. Me auxiliando, como tinha que fazer, o que estava certo, o que estava errado. As reuniões de pivôs no Mundial de 1994. Muitas alegrias, dedicação, treinamento juntos. Não se foi só uma companheira de quadra. Foi uma irmã. Tá sendo um dia muito triste para mim. Muito mesmo. Mas, lembrar dos momentos felizes que passei ao lado dela, dos ensinamentos que ela me passou. É triste. Somos quase da mesma idade. Perder uma companheira assim. Ruth vai fazer muita falta para mim”

Marta Sobral

“Notícia triste para o basketball brasileiro. Ela foi campeã mundial, Pan-Americana, defendeu muitas cidades. Infelizmente temos essa notícia triste. Que ela descanse em paz, fique em um lugar tranquilo. Que possa ajudar os familiares dela onde estiver. Notícia triste não só com a gente, do basquete, são todas as famílias do Brasil. Passando pela mesma situação. Temos que nos cuidar, tomar todos os cuidados possíveis. Jogamos juntas em várias cidades, companheira de garrafão. De quarto. Passamos muitas coisas juntas na Seleção. Quando Hortência machucou, a Rutão carregou as malas dela. Ela levava as cotoveladas lá embaixo, e nunca se ligava. Mas agora, que ela faleceu, fazem homenagens. Nosso país é assim. Perdi uma amiga da vida e do basquete. Ela era minha irmã. Da minha família. Que descanse em paz”.

Acervo pessoal


Miguel Angelo da Luz

“Primeiro, a Ruth foi super importante, no aspecto técnico e tático. Fazia os bloqueios para os arremessos. Dominava a tábua. Estava sempre com sorriso no rosto. Pronta para colaborar, apaziguar tudo. Incentivando as mais novas, como Alessandra, Cíntia, Leila. Ela era uma alegria para a gente. Todo mundo queria ficar perto, abraçando ela. Uma grande perda para o nosso convívio. Na comemoração dos 25 anos, entre o grupo, era a mais celebrada. Todo munndo queria saber como ela estava. Está todo mundo triste e chateado por esse fato. Ela era uma alegria. O riso dela era uma constante. Nãõ tinha tempo ruim. Lá em cima, vai alegrar muita gente. Disciplinada. Determinada”.


Hortência

“Infelizmente recebemos a notícia que nossa grande amiga e companheira, a Ruth, se foi, e uma atleta que nos ajudou muito a ser campeã do mundo. Acompanhamos por todo esse tempo a angústia, angustiadas mesmo com as notícias dos familiares no nosso grupo das campeãs mundiais no WhatsApp. Acompanhamos passo a passo tudo que aconteceu, torcendo de longe para que ela segurasse essa onda. Mas não foi possível. O que temos a fazer é agradecer o que ela fez pelo basquete feminino. E que Deus receba ela de braços abertos. O basquete está triste. E vamos rezar para que ela seja recebida com festa lá no céu”.

Janeth Arcain

“Recebo com tristeza essa notícia. Até mandei para as meninas, para lembrarmos dela sempre com aquele sorrisão, aquele jeitão que ela tinha, sempre amigona, sempre contando piadas, sorrindo, falando coisas bacanas, lembrando de coisas que passávamos anteriormente quando estava na Seleção Brasileira. Sempre fui uma amigona dela. Tenho lembranças muito boas. Tinha conversado com ela até um tempo antes dela se internar. E aí fiquei muito triste com a notícia da internação e agora com o falecimento dela. É isso. Lembrar da Ruth com aquele sorriso, aquela alegria dela. E o quanto ela gostava de fazer o bem para as pessoas”.


Helen Luz

“Dia muito triste. Temos os nossos grupos das campeãs do mundo. Estávamos em oração desde que ela foi internada. Para que saísse dessa. Mas, infelizmente a vontade de Deus é suprema. Perda lamentável. Ruth é uma querida. Muito. Todo mundo amava a Rutão. Espirituosa. Pessoa que contagiava positivamente o ambiente em que ela estava. Só posso deixar aqui as boas recordações que tenho da Ruth. E é com essa memória dela, sorriso lindo, inigualável, que queremos deixar agora registrado em nossa mente. Deixo todos os meus sentimentos à família. Não deve ter sido fácil vivenciar essa Covid, tentando sobreviver. Meus sentimentos a cada um deles. E que a Rutão esteja em nossos corações. Não presente, mas em alma. Só deixou boas lembranças”.


Adriana Santos

“Momento difícil de falar, estou muito triste, coração bem partido. A Ruth era uma menina muito generosa, é assim que eu vou lembrar dela. Quero falar da Ruth alegre, companheira, com sorriso no rosto. Farrista. Conheci ela em Piracicaba, quando eu tinha 16 anos, ela tinha 18. E na primeira noite ela já veio trazer uma pizza para comermos na república. Desde lá tenho uma afeto muito grande pela Ruth. Ela me apelidava de um monte de coisas e falava: como pode um francês gostar dessa magrela, essa bocuda, essa Olívia Palito. E eu falava, sou tudo isso e você me ama. Tínhamos um carinho muito grande uma pela outra. Só vou lembrar de coisas boas. Ajudou o Brasil a ser campeão mundial. Parecia ter cara de brava, mas era sensacional. Que Deus a receba de braços abertos. Apesar da simplicidade, ela também era muito inteligente. Sacadas boas. Sempre com muito humor. E estar perto de alguém assim é muito bom, te coloca para cima”

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