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Brasil ganha quatro ouros e quebra cinco recordes no atletismo

Brasil brilhou no primeiro dia do atletismo com quatro ouros, três pratas, seis bronzes, dois recordes mundiais e três recordes dos Jogos Parapan-americanos

Thiago Paulino

O Brasil começou com tudo a disputa do atletismo em Lima. Ao todo, foram 12 medalhas (quatro ouros, três pratas e cinco bronzes), dois recordes mundiais batidos e três marcas dos Jogos Parapan-americanos derrubadas. Os principais destaques do país no primeiro dia da modalidade foram Thiago Paulino, no arremesso de peso F57, e Elizabeth Rodrigues, no lançamento de disco F53, que venceram suas provas com direito à melhor marca de todos os tempos. As outras duas a subir no lugar mais alto do pódio foram Izabela Campos no lançamento de disco feminino F11 e Jerusa Santos nos 200m rasos T11.

Primeiro recorde mundial

No arremeso de peso, Thiago Paulino fez uma prova brilhante. A classe F57 é para cadeirantes, atletas com sequelas de poliomielite, lesões medulares ou amputações. Como a mobilidade é pequena, cada competidor faz de uma vez seus seis arremessos. Mas, o brasileiro parou em sua terceira tentativa, pouco ligando que haviam ainda outros cinco competidores a participar. Ele tinha a certeza da vitória. A marca de 15m26 é o novo recorde mundial!

“Graças a Deus depois da Olimpiada do Rio de Janeiro a gente começou a se dedicar totalmente ao arremesso de peso. Eu faço o arremesso de disco também, mas o disco ficou de lado pra ficar no arremesso de peso. Esse ano já é a terceira vez que eu quebro o recorde mundial no arremesso de peso, então a confiança está lá em cima. Hoje, o arremesso saiu no início já também. O professor me chamou pra sair da prova pra poupar também porque o mundial já está chegando e, claro, o foco maior que é a Olimpíada”, explicou o medalha de ouro.

“Eu entro já 100%, toda competição eu tento dar o meu melhor, graças a Deus hoje eu estava muito bem, gosto desse clima mais frio. Todas as minhas melhores marcas saem nesse clima. Eu estava bem confiante. Nos treinos também a gente já estava fazendo boas marcas, sabia que se encaixasse o arremesso sabia que poderia sair. Não a marca que foi, foi meio que surpreendente, claro, 15m26 é uma excelente marca mais um recorde mundial quebrado e praticamente uma prova perfeita”, comemorou.

Ao lado de Thiago Paulino no pódio estava Claudiney Batista, que também quebrou um recorde. Batista é da classe F56, que competiu junto com a F57 por causa do número pequeno de participantes, mas a marca obtida por ele, 11m55, foi a melhor de todos os tempos nesta classe na história dos Jogos Parapan-americanos.

Recorde mundial também no disco

No lançamento de disco feminino F53, Elizabeth Rodrigues participou de uma prova com apenas três competidoras. Ela era a grande favorita da prova, mas nem por isso se acomodou. Muito pelo contrário! Ela se superou! Com a marca de 16m67, ela bateu o recorde mundial e terminou muito a frente das concorrentes: a mexicana Leticia Delgado fez 11m88 e a canadense Martha Gustafson fez 8m58.

“Foi muito emocionante a cada lançamento, a cada conquista que eu conquistei nesta prova. eu vi que todos os treinamentos, dia a dia, valeram a pena porque os treinadores acreditaram em mim e eu acreditei neles e em mim também porque se a gente não acredita no que estamos fazendo nada é possível. Eu acreditei, eu vim buscar essa medalha para levar para o meu país, para o meu Brasil, para todos os brasileiros que estão torcendo por mim. É uma honra ser campeã Parapan-americana mais uma vez. Esse recorde vem para agraciar a minha vida. Quando eu não acreditava que isso era possível com uma doença progressiva e degenerativa, mas eu acreditei e hoje está aí: um recorde para o meu país, para o meu Brasil”, disse Elizabeth, que sofre de esclerose múltipla, visivelmente emocionada.

Ouro por 20cm

Também no lançamento de disco, mas na classe F11, para deficientes visuais, Izabela Campos conquistou outra medalha de ouro para o Brasil. Numa disputa acirradíssima com a colombiana Yesenia Restrepo, a brasileira conquistou a medalha de ouro com 35m32, apenas 20cm a frente da segunda colocada. A marca é o novo recorde dos Jogos Parapan-americanos. “Eu vim com o objetivo de pegar a medalha de ouro e agora recebo a notícia de que bati o recorde, né? Foi uma medalha com mais algumas coisas que eu não esperava. Estou muito feliz! É muito gratificante. A gente treina todo dia, abre mão de várias coisas, mas vale a pena demais. É muito bom! E eu gostei porque foi lutado ali fora. Vocês viram que tinha a colombiana, né? Ela fazia e depois eu fazia. Eu não podia deixar ela passar. Eu gosto disso! Isso me instiga a ir mais a frente”, relevou a atleta.

Barba, cabelo e bigode nos 200m F11


A quarta medalha de ouro do Brasil no atletismo deste sábado veio nos 200m rasos feminino F11, prova completamente dominada pelo país, que ficou com os três lugares do pódio: Jerusa Santos foi ouro, Thalita Vitória Simplício prata e Lorena Salvatini bronze.

“Foi uma prova bem difícil com três brasileiras brigando pelo ouro. Era tudo muito inesperado. Cada competição é uma surpresa”, afirmou Jerusa Santos, que só soube que tinha ganho porque foi avisada por Gabriel Garcia, seu guia na prova. “Eu não sabia em que colocação eu tinha chegado. Só vi ele gritando porque durante a prova eu não consigo perceber nada. Quando ele falou que a gente chegou em primeiro, foi só alegria”, contou atleta, que é deficiente visual. “A gente sempre vem treinando para ir em busca da medalha. A gente não sabia se ganharia ouro, prata ou bronze porque nossas oponentes eram muito fortes, mas a gente entrou numa concentração forte para buscar uma medalha. Na outra que entramos na reta, eu vi que tínhamos chance de ganhar um ouro e conseguimos. Então, a gente está feliz por isso”, finalizou Gabriel.

Na versão da prova na classe F12, o Brasil também subiu no pódio, mas de maneira mais tímida. Viviane Soares ficou com a medalha de bronze.

Outras medalhas

Para completar o dia de conquistas na estreia do Brasil no atletismo dos Jogos Papan-americanos, prata para João Victor Teixeira de Souza no lançamento de disco F37 e bronze para Fábio Bordingon nos 200m T35, Jair Henrique Souza no arremesso de peso F40/F41 e Yeltsin Franscisco Ortega Jacques nos 5000m T13.

Recorde na eliminatória

O dia de bons resultados do Brasil não se resumiu, no entanto, a medalhas conquistadas. Nas eliminatórias dos 400m masculino T37, Vitor Antonio de Jesus se classificou para a final com a melhor marca e quebrou o recorde dos Jogos Parapan-americanos ao completar a volta em 53s50.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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