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México-1968 marcou o fim do ‘romantismo’ nos Jogos Olímpicos

Há exatos 50 anos, começavam os Jogos do México-1968, a edição olímpica que ficou marcada por diversos feitos históricos, no esporte e fora dele

Foi em um 12 de outubro, como hoje, que ocorreu a cerimônia de abertura da Olimpíada da Cidade do México-1968.

Pode-se dizer que há 50 anos os Jogos Olímpicos começaram  a perder o romantismo.

Não há exagero nesta constatação.

O cineasta Ugo Giorgetti, no excelente documentário “México 1968 – a última olimpíada livre”, da série “Memória do Esporte Olímpico Brasileiro”, escolheu retratar a Olimpíada de 1968 e já havia assinalado para esta característica peculiar da primeira edição olímpica na América Latina.

Além de todo o contexto politico-social envolvendo o ano de 1968 (manifestação dos estudantes em Paris, invasão soviética na Tchecoslováquia), os Jogos do México foram especiais esportivamente falando.

Para começar, a própria cerimônia de abertura teve como ponto alto, o acendimento da pira olímpica, sendo feito por uma mulher pela primeira vez, com Enriqueta Basílio, do atletismo.

Enriqueta Basilio sobe a passarela para acender a pira olímpica da Olimpíada do México-1968 (Crédito: COI)

A Olimpíada de 1968 viu uma enxurrada de recordes. Todos impulsionados pelos 2.300 m acima do nível do mar da Cidade do México. O mais memorável deles, no salto em distância, com o americano Bob Beamon, com 8,90 m. Esta marca resistiu durante 22 anos como recorde mundial na prova.

Protesto político

Os Jogos da Cidade do México também foram marcados por um protesto político histórico.

Tommie Smith e John Carlos, ouro e bronze nos 200 metros, fizeram no pódio o gesto do grupo Panteras Negras.

Eles protestavam contra as perseguições raciais sofridas pelos negros nos Estados Unidos. Como punição pelo gesto, foram expulsos da Vila Olímpica e praticamente banidos do atletismo.

Depois da Olimpíada de 1968, o mundo olímpico passou por mudanças radicais. Foi o fim de uma era de “inocência” ou mesmo romantismo.

O primeiro choque veio em Munique-1972, quando terroristas palestinos do grupo “Setembro Negro” invadiram a Vila Olímpica para sequestrar e matar 11 atletas de Israel.

Desde então, a segurança passou a ser uma questão prioritária para qualquer cidade que decide organizar uma Olimpíada.

Depois, vieram os boicotes. Primeiro, em Montreal-1976, com um bloco de países africanos, em protesto pela presença de uma equipe de rúgbi da Nova Zelândia na África do Sul.

Depois, o boicote liderado pelos Estados Unidos e seus aliados à Olimpíada de Moscou-1980, como protesto pela invasão soviética no Afeganistão. O troco veio em Los Angeles-1984, com o boicote dos soviéticos e vários países do bloco socialista.

Os Jogos Olímpicos passaram a adotar uma visão de marketing do esporte, a partir de 1984. Até mesmo a presença de atletas “profissionais”, como os tenistas em Seul-1988 e os americanos da NBA, em Barcelona-1992, mudaram a cara da Olimpíada.

Nada mais foi do mesmo jeito depois da Olimpíada da Cidade do México-1968.

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