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Baú Olímpíco

O importante é competir

A participação brasileira nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-32 foi uma lástima. Sem verba de patrocínio para bancar a viagem, 85 atletas (numa delegação de 375 pessoas) embarcou no navio Itaquicê, colocado à disposição pelo governo de Getúlio Vargas, com destino aos Estados Unidos.

O detalhe surreal da viagem é que para desembarcar em Los Angeles, os atletas precisariam fazer um frila de vendedores de café – principal produto de exportação do Brasil – a cada escala da viagem. E o carregamento era de 50 mil sacas de café. O problema era que o mundo ainda sentia o impacto da Grande Depressão e ninguém queria saber de comprar café.

Ao chegar a Los Angeles, o dinheiro arrecadado dava para somente 45 atletas pagarem as despesas e desembarcarem. Outros 13 atletas, que viajaram por conta própria, juntaram-se ao grupo. Os demais “passageiros” seguiram com o Itaquicê a San Francisco, onde ficariam confinados até o final dos Jogos.

Quem não engoliu a história foi o fundista Adalberto Cardoso. Depois de dar um jeito de desembarcar, Cardoso seguiu para Los Angeles à pé e de carona. Chegou ao Coliseum, local onde eram disputadas as provas de atletismo, dez minutos antes da prova largada dos 10 mil metros. Ele chegou em último lugar, mas foi aplaudido pela torcida, comovida com seu inusitado drama.

Fonte: De Atenas a Atlanta – 100 anos de Olimpíadas, de Maurício Cardoso (1996)

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