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Tóquio-2020 e a festa que o ‘vovô olímpico’ não poderá acompanhar

Aos 92 anos, Naotoshi Yamada morreu no começo deste mês. Ele presenciou ao vivo todas as Olimpíadas disputadas desde 1964

Naotoshi Yamada, o “Vovô Olímpico”, posa para os fotógrafos durante a Olimpíada Rio-2016 (Crédito: JIJI PRESS/ AFP)

A notícia não chega a ser exatamente nova, mas foi divulgada somente nesta segunda-feira (18). Morreu em Tóquio, no último dia 9, aos 92 anos, Naotoshi Yamada, o “Vovô Olímpico”. Ele tornou-se uma espécie de torcedor símbolo das Olimpíadas, tendo comparecido a todas as edições dos Jogos desde Tóquio-1964, sem perder nenhuma. Sempre trajando seu tradicional quimono e um permanente sorriso no rosto.

Antigo empresário do ramo imobiliário e hoteleria, Yamada foi vítima de uma crise cardíaca. A pouco menos de 500 dias para a abertura de Tóquio-2020, as arquibancadas olímpicas ficaram órfãs de Yamada.

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O próprio COI (Comitê Olímpico Internacional) fez uma homenagem especial para o Vovô Olímpico, em suas páginas nas redes sociais, informando da morte do torcedor japonês.

Irônico que tudo isso aconteça em um momento no qual o COI busca “rejuvenescer” o Movimento Olímpico. Para isso, não tem poupado esforços em modernizar tudo o que diz respeito à Olimpíada, incluindo modalidades esportivas mais palatáveis à moçada, como surfe, skate, escalada esportiva e até o breaking dance.

Enquanto isso, ficará na história a imagem do simpático velhinho japonês que virou figurinha fácil em todas as Olimpíadas desde a primeira em sua casa, em 1964.

E o Vovô Olímpico foi testemunha de algumas cenas inesquecíveis na história dos Jogos.

Como por exemplo, pôde ver o incrível recorde do americano Bob Beamon no salto em distância na Cidade do México-1968. A marca de 8,90 m demorou mais de 20 anos para ser batida.

Que sorte teve Yamada ao ver também o americano Mark Sptiz tornar-se o recordista de medalhas de ouro na natação numa única Olimpíada, em Munique-1972. O que dirá então da felicidade em ter visto a pequena romena Nadia Comaneci encantar o mundo com a inédita nota 10 na ginástica artística em Montreal-1976.

O Vovô Olímpico marcou sua presença nos Jogos Olímpicos famosos pelos boicotes. Não pôde apoiar os atletas japoneses em Moscou-1980. Aliado dos Estados Unidos, o Japão não foi à União Soviética. Quatro anos depois, ele viu a festa olímpica de Los Angeles-1984, novamente uma disputa incompleta, sem os atletas soviéticos e de seus aliados.

A trapaça de Ben Johnson e o Time dos Sonhos

Pôde ver ao vivo uma das maiores trapaças do esporte mundial, o doping de Ben Johnson na final dos 100 m em Seul-1988. Em compensação, deve ter se encantado com a supremacia do “Time dos Sonhos” do basquete dos Estados Unidos, em Barcelona-1992.

Acompanhou a edição olímpica centenária em Atlanta-1996, ano no qual o Brasil festejou sua primeira medalha de ouro no esporte feminino, com a dupla Jackie Silva e Sandra no vôlei de praia. Tenho certeza de que em Sydney-2000, estava no parque aquático dando força para que Eric Moussambani conseguisse completar, quase se afogando, a prova dos 100 metros livre.

Yamada deve ter ficado apreensivo com o maluco padre irlandês atacando Vanderlei Cordeiro de Lima em Atenas-2004. Mas certamente aplaudiu muito a chegada do fundista brasileiro, bronze na prova mas ouro no coração da torcida.

Os olhos do Vovô Olímpico viram a grandiosidade das luxuosas arenas de Pequim-2008. Uma delas, o Cubo D’Água, foi a mesma na qual o nadador japonês Kosuke Kitajima faturou duas medalhas de ouro (100 e 200 m peito). Em Londres-2012, pôde comemorar as conquistas de outro ídolo japonês, Kochei Uchimura, um ouro e duas pratas na ginástica artística.

O destino quis que a despedida olímpica de Naotoshi Yamada tenha acontecido na Rio-2016. Palco da melhor participação da história do país nos Jogos de Verão. Um total de 41 medalhas, 12 de ouro, um aperitivo para o que os japoneses poderão apresentar daqui a um ano e meio. Que o Vovô Olímpico não poderá acompanhar.

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