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Paralimpíada Todo Dia

Juventude e experiência garantem mais uma vitória do Brasil no Futebol de 5

Jardiel guardou dois, os dois primeiros dele em uma Paralimpíada, e Nonato fez mais dois em dia que a seleção tetracampeã paralímpica se deu ao luxo de poupar o maior de todos os tempos

Brasil França seleção brasileira Futebol de 5 Jogos Paralímpicos Tóquio 2020
(Alê Cabral/CPB)

Tóquio – Deu a lógica. De novo. O Brasil fez 4 a 0 na França pela última rodada da fase de classificação no Futebol de 5 e fechou como campeão do Grupo A nos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020. O time havia vencido a China na estreia, por 3 a 0 e depois fez 4 a 0 no Japão. Sendo assim, segue para as semifinais como favorito que sempre foi, já que é o atual tetracampeão do evento. Mais do que isso, a seleção nunca perdeu um jogo sequer desde que a modalidade entrou no programa do evento, em Atenas-2004. Agora soma 19 vitórias e 6 empates em 25 partidas. Além de ser também a atual pentacampeã mundial.

Os dois primeiros gols foram marcados pelo experiente Nonato, de 34 anos e presente em dois dos títulos dos Jogos Paralímpicos e em outros dois mundiais. O segundo foi de pênalti, em cobrança onde o goleiro francês Alessandro Bartolomucci nem saiu na foto. Jardiel, de 25 anos e em sua primeira partida como titular em Jogos, marcou os outros dois, o primeiro em lance típico de centroavante oportunista e a segunda em jogada característica, cortando da lateral para o meio. “O famoso facão”, disse o atleta, logo ao deixar o campo de jogo, realizado por volta do meio-dia sob o forte calor do verão japonês no Aomi Urban Sports Park.

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Dois jogadores, quatro gols (Alê Cabral/CPB)

Artilheiros do dia

“Eu me esforcei para dar o meu melhor e graças a Deus fui feliz nas finalizações, mas isso é consequência do trabalho de todos. Eu colaborei, mas o coletivo é que sobressaiu”, disse Nonato. Jardiel, por sua vez, comemorou os primeiros gols no Futebol de 5 dos Jogos Paralímpicos. “Para mim isso é muito importante. Briguei bastante, no começo estava um pouco complicado. A marcação chegando. Leal, mas dura, chegando bastante firme, mas a bola sobrou e conseguiu fazer o gol. A sensação é incrível. Toda a dificuldade que a gente teve nesses cinco anos para chegar aqui e na estreia (como titular) fazer um gol é inexplicável”.

Sobre as credenciais da seleção, ambos mostraram que o pensamento é não focar no retrospecto. “A gente procura não pensar nisso. A gente sabe que a responsabilidade é grande, mas entramos no jogo como se fosse o primeiro, como se nada disso tivesse já acontecido. Tem de ser jogo por jogo, temos de pensar no que estamos disputando”, disse Nonato. “O professor Fábio (Fábil Vasconcelos) deixa a gente bem tranquilo quanto a isso. Quando estamos dentro de quadra, não pensamos em resultados das outras partidas. Só pensamos em ganhar mais uma e seguir em busca de nossos objetivo”, acrescentou Jardiel.

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Jardiel em batalha árdua contra a zaga francesa (OIS/Thomas Lovelock)

Susto no começo

As primeiras grandes chances do jogo, porém, foram da França. Aos cinco minutos, Yvan Kepmegni escapou pela esquerda em um contra-ataque, invadiu a área e obrigou Matheus Coelho a fazer grande defesa. Aos nove, novamente os franceses assustaram, mas agora com Frederic Villeroux. Ele passou pela marcação de Damião pelo meio, ficou cara a cara, mas chutou para fora. O Brasil respondeu no minuto seguinte com Jardiel, que rabiscou na frente da área, também ficou frente a frente com a meta rival, mas não conseguiu chutar. Ele teve mais uma logo a seguir, de falta, e ela passou triscando o poste direito de Bartolomucci.

“No primeiro tempo eles estavam muito firmes na marcação, correndo muito. A gente tentou colocar o nosso padrão de jogo, mas eles estavam marcando bem. Depois eles começaram a cansar, sentir o jogo e a gente foi conseguindo os espaços e fazer os gols”, comentou Nonato a respeito do início do duelo contra a França. Sobre o calor, explicou ser fundamental o conjunto, os dez jogadores entre titulares e reservas. “A gente superou o calor no grupo. Todos que entram fazem seu papel bem. A gente sabia que só quatro, cinco não conseguiram vencer o calor. Temos uma equipe completa.” Vale lembrar que a seleção optou por poupar Ricardinho, o maior jogador de todos os tempos da modalidade.

Logo, o domínio

Após a investida francesa, o Brasil cresceu e teve mais duas boas chances antes de abrir o placar. Primeiro novamente com Jardiel, que roubou a bola da defesa adversária, mas foi travado na hora do arremate, e depois com Paraná em um belo facão feito da esquerda para a direita, com finalização para fora. O gol saiu a quatro minutos do fim da etapa inicial. Paraná chutou da esquerda, a bola ricocheteou na zaga e sobrou para Nonato balançar a roseira. Logo a seguir, Paraná fez mais uma grande jogada cortando da esquerda para a direita e bateu para boa defesa de Bartolomucci. A seguir, mais duas conclusões brasileiras, novamente com Nonato e Paraná, obrigando o goleiro francês a fazer mais duas grandes intervenções. Era o Brasil mostrando porque é tudo o que é no Futebol de 5.

Brasil França seleção brasileira Futebol de 5 Jogos Paralímpicos Tóquio 2020
Essa foi a 19ª vitória em 25 jogos da invicta seleção em Jogos Paralímpicos (Alê Cabral/CPB)

Segundo tempo

O time manteve o domínio na volta para a etapa complementar e teve duas grandes oportunidades, com Jardiel e Paraná, nos primeiros dois minutos. A França tentava responder nos contra-ataques, sempre com Kepmegni pela esquerda, mas a defesa da seleção estava atenta e bloqueava bem. O atacante francês, então, procurou a direita e aos 3min30 conseguiu assustar em uma paulada de direita que saiu pela linha de fundo. Mas o Brasil dominava e faltando 15 minutos para o término teve uma penalidade máxima a favor, convertida por Nonato.

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O terceiro foi de Jardiel, a cerca de cinco minutos do fim, em gol típico de centroavante. Nonato, sempre ele, bateu forte da direita, Bartolomucci desviou, ela bateu na trave duas vezes e sobrou para o camisa seis brasileiro, em cima da risca, empurrar para dentro da meta da França. Antes do fim ainda deu tempo dele fazer o quarto e confirmar a terceira vitória de Futebol de 5 do Brasil nos Jogos Paralímpicos.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e Santiago

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