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Com 100% dos atletas imunizados, Brasil mira recorde de medalhas

Em meio aos obstáculos causados pela pandemia, delegação brasileira chega para fazer história em Tóquio

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Alberto Martins da Costa em coletiva no Centro de Mídia de Tóquio (Foto: Caio Poltronieri)

De Tóquio – O mundo virou de cabeça para baixo com a pandemia e o ciclo paralímpico para Tóquio 2020 foi brutalmente atingido. Os atletas do Brasil pouco conseguiram competir no último ano e há mais incertezas do que em todos os outros Jogos Paralímpicos. Por outro lado, o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) se apoia no trabalho à longo prazo, no potencial já demonstrado nos últimos mundiais e em uma delegação totalmente imunizada para ter seu melhor desempenho da história em Tóquio 2020.

Em coletiva realizada no MPC (Centro de Mídia) de Tóquio, Adalberto Martins da Costa, Chefe da Missão brasileira nos Jogos Paralímpicos, fez muitas ponderações sobre a expectativa de conquistas na paralimpíada, mas deixou bem claro que a meta de superar as 72 medalhas conquistadas na Rio-2016 é plausível.

“É a paralimpíada do desafio. E é muito difícil cravar uma análise em números, mas a expectativa e o planejamento é passar o número de medalhas do Rio de Janeiro”, disse o ponderado, mas não menos empolgado, Chefe da Missão brasileira em Tóquio. Na Rio-2016, o Brasil conquistou 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes.

Outra grande expectativa para os Jogos Paralímpicos de Tóquio está na meta de alcançar, no mínimo, 13 ouros, o que levaria o Brasil a atingir a marca de 100 medalhas douradas em todas as edições paralímpicas.

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“Como não tivemos a oportunidade de participar de campeonatos e disputas internacionais, nos baseamos nos dados que nós temos, são dados dos mundiais de 2019, alguns campeonatos internacionais e nos rankings mundiais para projetar as conquistas”. Só para ter uma ideia, nos mundiais de natação e atletismo de 2019, o Brasil ganhou 17 medalhas na piscina e mais 39 nas pistas e em outras provas do atletismo.

Há poucos parâmetros comparativos. O ciclio paralímpico de cinco anos não teve muitas competições desde o início de pandemia em 2020, o que prejudica as análises. O ano de 2019 parece muito distante. “Tivemos dificuldades de treinamento, nosso centro de referência em São Paulo ficou um tempo fechado. Mas vencemos esse obstáculo. Dentro do possível, o trabalho foi bem feito”.

Unidos

Não bastasse todos os obstáculos causados pela pandemia, logo de cara, a delegação brasileira teve dois casos positivos ainda na base de Hamamatsu, utilizada para a aclimatação dos atletas. “Os casos positivos trouxeram uma consequência, foram 52 pessoas isoladas por contato próximo. Mas toda essa condição adversa durante o isolamento trouxe mais força, união, mais vontade de conquistar”, ressaltou Alberto.

É nessa resiliência tão natural dos atletas paralímpicos que o Chefe da Missão em Tóquio aposta para superar a marca das 72 medalhas. Fora que toda a delegação brasileira foi vacinada e está imunizada. Um exemplo grandioso que ultrapassa a barreira do esporte. “Esse era um objetivo nosso, não só pensando na condição dos nosso atletas, mas no respeito à comunidade japonesa, bem como aos nossos adversários”.

Em termos de cidadania e representatividade, a delegação paralímpica do Brasil já tem ouro. “Vacinar 100% dos nossos atletas sempre foi uma prioridade nossa”.

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Treino da Natação na piscina oficial de competição em Tóquio (Foto: Ale Cabral/CPB)

Para ficar de olho

Alberto Martins da Costa pontuou que natação e atletismo seguem como as principais na conquista de medalhas, mas o movimento paralímpico brasileiro está, cada vez mais, vendo um aumento das possibilidades em outras modalidades. “Atletismo e natação tem maior número de disputas e nós temos muitos atletas, inclusive com atletas figurando entre os melhores do ranking. Mas o brasil tem investido muito para que possamos abrir o leque das modalidades, na busca por melhores colocações. Para chegar em mais finais”.

A delegação do Brasil também chega forte no futebol de 5, onde é a equipe a ser batida. O goalball masculino é o atual campeão mundial, enquanto o feminino foi bronze. O voleibol sentado vem de um bronze na Rio-2016 e também está bem cotado. A bocha cresceu muito, conquistando espaço no cenário internacional. A canoagem vem muito forte. O CPB também acredita muito no judô, que sempre pega medalha. No tiro com arco, Jane Karla é a recordista mundial indoor e chegou a ser líder do ranking mundial do arco composto em 2018. O tênis de mesa possui várias chances reais de medalha.

E nas duas modalidades estreantes, taekwondo e badminton, também há possibilidades de conquistas. “O desenvolvimento do esporte paralímpico no nosso país, graças ao planejamento estratégico, não foca só nas medalhas encaminhadas, mas na diversidade de conquistas em outras modalidades”, ressalta Alberto.

Petrúcio Ferreira e o técnico Pedrinho Almeida caminham abraçados pela pista de treinamento em Hamamatsu
Atletismo brasileiro vai ser o destaque nos Jogos Paralímpicos (Alê Cabral / CPB)

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Mirando alto

Só que o trabalho do CPB à frente do movimento paralímpico do Brasil vai muito além de Tóquio 2020. A capacitação dos profissionais que trabalham direta e indiretamente com os atletas é umas das prioridades e um dos pilares para todo o desenvolvimento que vai culminar com conquistas nos Jogos Paralímpicos.

“Nunca podemos esquecer o investimento na base, nós temos que nos preocupar não com Tóquio e Paris, mas para 2028 e muito mais. Nosso presidente (Mizael Conrado) costuma dizer, ‘nosso foco está em 2040, para vencer a China’. Temos que ter esse foco lá na frente”, conclui Alberto.

Mas nunca foi e nunca será só sobre esporte. O movimento paralímpico busca aumentar a o alcance da pessoa com deficiência. Esse foi um grande legado da Rio-2016 e que tem tudo para causar um grande impacto em Tóquio. “A gente percebeu que no Japão ainda faltam muitas questões de acessibilidade. Com a realização dos Jogos Paralímpicos este aspecto tende a mudar e permitir uma inclusão maior”, finalizou o Chefe da Missão em Tóquio.

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