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A primeira vítima esportiva da política de imigração de Donald Trump

Lutador de taekwondo da Islândia, nascido no Irã, é barrado ao chegar aos Estados Unidos para disputar um torneio. Ordem de Trump já reflete no esporte

Política imigratória do presidente Donald Trump ameaça a escolha de Los Angeles para 2024

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Meisam Rafei é um lutador de taewkondo de 30 anos. Nascido no Irã, ele mudou-se ainda pequeno para a Islândia, pátria que adotou para seguir em sua carreira no esporte. Trata-se de um lutador com currículo mediano. Ostenta a posição 929 no ranking mundial da WTF (Federação Internacional de Taekwondo). No ano passado, disputou o qualificatório europeu da Rio-2016 na categoria 58 kg. Foi eliminado na semifinal.

Nesta segunda-feira, Rafei conseguiu, de modo indesejável, a maior notoriedade de sua carreira: tornou-se o primeiro atleta a ser prejudicado pela política imigratória anti-terrorismo decretada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Ao tentar desembarcar em Las Vegas, onde a partir desta terça-feira será realizado o Aberto dos EUA da modalidade, Meisam Rafei foi barrado na imigração. Motivo: apesar de ser cidadão islandês, tinha nascido no Irã.

Até o momento em que este post era publicado, a situação de Rafei continuava a mesma.

Por conta da ordem executiva decretada por Trump na última sexta-feira, pessoas de sete países muçulmanos (Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen) estão proibidos de entrar nos Estados Unidos por 90 dias. Os refugiados da Síria, então, estão proibidos por tempo indeterminado. A justificativa do novo governo é “proteger o país contra possíveis atos terroristas”.

Do ponto de visto humanitário, a decisão de Trump é um absurdo. Quando se passa a analisar a questão sob a ótica esportiva, a cretinice aumenta ainda mais. E tudo isso surge em plena campanha eleitoral olímpica para os Jogos de 2024, onde Los Angeles é uma das três concorrentes, ao lado de Paris e Budapeste.

A restrição de entrada aos países muçulmanos já havia protagonizado uma forte reação do  britânico Mo Farah. Nascido na Somália e morador nos EUA, postou no Facebook que “Trump o havia transformado em um ET”, pois estava fora do país e tinha medo de não poder retornar para casa.

Obviamente que as ações do novo presidente americano terão troco. O próprio Irã avisou que não permitirá a entrada de americanos no país. De volta ao esporte, novo problema: uma equipe americana de wrestling tinha programado um período de treinos no país agora em fevereiro.

A preocupação com os danos que as atitudes de Trump possam trazer já alcançou o USOC, o comitê olímpico americano. Nesta segunda-feira, ele emitiu um comunicado no qual mostra preocupação com os efeitos da nova lei no esporte. “Assim como os Estados Unidos, o Movimento Olímpico foi fundado com base nos princípios da diversidade e inclusão (…) Abraçamos estes valores. Reconhecemos também a difícil tarefa de garantir a segurança de uma nação. É nossa sincera esperança que a Ordem Executiva implementada reconheça apropriadamente os valores sobre os quais nossa nação, assim como o Movimento Olímpico, foram fundados.”

Infelizmente, a intolerância dos tempos atuais está cada vez mais presentes também no esporte olímpico. Os atos de Trump poderão, sim, afetar Los Angeles na corrida para ganhar a sede dos Jogos de 2024.

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