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Paris 2024

Paris abre guerra contra Airbnb e cria saia justa para Jogos de 2024

Setor hoteleiro da capital francesa critica acordo do COI com a plataforma e ameaça deixar a organização da Olimpíada

Thomas Bach, presidente do COI, ao lado do CEO do Airbnb, Joe Gebbia. Parceria irritou setor hoteleiro de Paris (Crédito: Matt Alexander/COI)

Na última segunda-feira (18), o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o IPC (Comitê Paralímpico Internacional) anunciaram com toda pompa o fechamento de um acordo com a Airbnb. A plataforma mundial de oferta de hospedagem compartilhada será uma das principais patrocinadoras do movimento olímpico. Pelo acordo de nove anos e cinco Olimpíadas (verão e inverno), a empresa deverá injetar um aporte de U$ 500 milhões.

O problema é que a grande justificativa para a parceria – baratear a oferta de quartos nas sedes olímpicas e evitar a construção de novos hotéis – causou ruídos em Paris, que organizará a Olimpíada de 2024, em Paris. Os franceses podem causar uma bela dor de cabeça para Thomas Bach, presidente do COI, que havia comemorado muito a assinatura do acordo.

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“Esta parceria inovadora reforça a nossa estratégia para garantir uma organização eficiente e sustentável dos Jogos Olímpicos e deixará um legado para a comunidade de anfitriões. Também iremos criar oportunidades para os atletas criarem seus próprios fluxos de receita, promovendo atividade física e valores olímpicos”, disse Bach, no comunicado oficial divulgado na segunda-feira.

O plano é disponibilizar um grande número de acomodações, reduzindo assim o custo para os organizadores e evitando a construção de infraestruturas de alojamentos. A parceria também pretende ampliar a oferta de quartos adaptados para pessoas com deficiência ou necessidade de acessibilidade. Normalmente, os hotéis oferecem um número bem modesto de quartos adaptados.

Toda a alegria de Bach com o acordo contrasta com a reação de integrantes do setor hoteleiro de Paris. A associação de hotéis da capital francesa chama a parceria do COI de “inadequada” e “concorrência injusta”. Além disso, diz que a plataforma se recusa a repassar um valor de imposto por visitante previsto por lei.

Além de prometer entrar com um protesto na Comissão de Ética do COI contra este acordo, a associação ameaça suspender sua participação na organização dos Jogos de 2024. Paris possuí 65.000 cadastros de hospedagem no Airbnb.

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Os hoteleiros terão um apoio de peso em sua reivindicação. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, afirmou em carta a Thomas Bach que fará de tudo para endurecer as regras de atuação de plataformas de compartilhamento de hospedagem. Em campanha para reeleição, Hidalgo prometeu a realização de um referendo propondo definir as condições para este tipo de aluguel.

A prefeitura parisiense alega que muitos investidores compram diversos apartamentos na cidade para a exploração de locação para turistas, aumentando o valor do aluguel para os moradores da cidade.

Vale lembrar que a Airbnb já fez parcerias locais com a Olimpíada Rio-2016 e com os Jogos de Inverno de 2018, em PyeongChang. Em Tóquio-2020, será a primeira participação da plataforma como uma das principais patrocinadoras do COI.

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