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Tênis de Mesa

Sem mesa, roraimense vence obstáculos para chegar aos Jogos

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Natascha nos Jogos da Juventude. Foto: Alexandre Loureiro

Os Jogos da Juventude são repletos de histórias de superação entre estudantes dos lugares mais distantes do Brasil. Eles também proporcionam a interação e disputas entre atletas já de alto nível, contra aqueles que têm o esporte como um lazer. 

Foi isso que aconteceu no tênis de mesa. Natascha Ferreira Lima mora em Amajari, cidade de cerca 15 mil habitantes, que fica a 170km de Boa Vista, capital de Roraima. O município está localizado na fronteira com a Venezuela e é habitado em sua maioria por comunidades indígenas. 

Nesta segunda-feira, 5, ela teve uma oportunidade que ficará marcada para sempre em sua meória: enfrentou Victoria Strassburger, atual líder do ranking nacional absoluto. Perder para a melhor jogadora do Brasil atualmente ficou em segundo plano perto da emoção de viver momentos como esse. 

“É uma honra jogar contra ela. Ela não deu o máximo dela, ficou só passando a bola, porque queria que eu jogasse. Foi legal. Eu ainda não estou no nível dela. Estou muito grata só de estar jogando com ela. Foi uma experiência muito boa. Estar aqui com as campeãs já é um privilégio muito grande”, contou. 

Para chegar aos Jogos da Juventude, Natascha teve que superar diversos obstáculos. O principal deles é o fato de não existir nenhuma mesa para prática do esporte em sua cidade. Assim, nunca teve a oportunidade de treinar em Amajari e se preparar para as competições. 

“Eu não treinei nenhuma vez. Fui para Boa Vista passar dez dias lá treinando pra vir pra cá. Lá em Amajari não tem mesa. Chegou uma esses dias. Eu nunca treinei, sempre joguei no talento”, diss ela. 

De acordo com a própria Natascha, os Jogos da Juventude devem ser sua última experiência como atleta. Ela vai seguir com a rotina tranquila na pacata Amajari, que inclui jogar futsal como diversão quase todos os dias. 

“Amajari é uma vila muito pequena, fica bem na fronteira com a Venezuela. De manhã eu trabalho, meu pai tem o posto de gasolina. À tarde eu vou para a escola, à noite eu jogo futsal. Todos dias eu faço isso. Acho que não vou continuar praticando tênis de mesa, acho que vou parar por aqui”, completou. 

Assim como vai acontecer com Natascha, muitos outros adolescentes que participam dos Jogos da Juventude não seguem a carreira no esporte. Mas as lembranças que o evento proporcionam certamente ficarão guardadas para sempre.

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