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‘Carteirada antivacina’ é maior derrota de Novak Djokovic

Tenista sérvio recorreu a uma autorização especial para disputar o Aberto da Austrália sem se vacinar contra a Covid-19, mas foi barrado no aeroporto

Novak Djokovic
Novak Djokovic ao embarcar para Melbourne, após receber uma "permissão de exceção" dos organizadores do Aberto da Austrália (Reprodução/@djokernole)

A temporada 2022 mal completou cinco dias e já estão abrindo vantagem na disputa do troféu “Idiota do Ano”. Ao aplicar uma bela “carteirada” para não ter que se vacinar contra a Covid-19 e assim disputar o Aberto da Austrália de tênis, o sérvio Novak Djokovic acrescenta mais um triste episódio em seu currículo, desde que começou a pandemia do coronavírus, no já distante 2020.

Número um do ranking mundial da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), Djokovic é declaradamente avesso à vacina, embora não assuma essa posição de forma oficial. Com a pandemia acumulando milhões de mortes em todo o mundo, essa postura tornou-se um problema sério para o sérvio. Em uma entrevista ao jornal “The New York Times”, Djokovic deu a desculpa padrão de todo negacionista de vacinas, a de que prefere ter a opção do que é melhor para o seu corpo.

Pior: de forma covarde, há meses ele se recusa a dizer se está ou não vacinado.

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Todos os estudos sérios de entidades mundialmente respeitáveis, como a OMS (Organização Mundial da Saúde) ou a Universidade Johns Hopkins, atestam que para uma doença altamente transmissível como é o caso da Covid-19, a melhor arma para diminuir o número de mortes e internações é a vacinação em massa das pessoas.

Em junho de 2020, Novak Djokovic voltou a causar polêmica ao organizar, no auge da pandemia, um circuito amistoso chamado “Adria Tour”. A competição nem chegou a ser concluída, pois alguns jogadores, entre eles o próprio Djokovic, se contaminaram e precisaram ficar isolados. Felizmente, ninguém teve consequências mais graves.

Se o sérvio faz pouco caso das vacinas, muita gente pensa completamente diferente. É o caso do governo da Austrália, que fez um exemplar controle da pandemia. Mais de 90% da população acima de 16 anos está imunizada.  O governo só permite a entrada no país de quem tem o ciclo vacinal completo contra a Covid-19, com pelo menos duas doses. A alternativa seria cumprir uma quarentena rígida de 14 dias.

“Jeitinho” australiano

Mas barrar um astro como Djokovic no primeiro Grand Slam do ano, ainda mais com a chance do sérvio tornar-se o maior vencedor dos principais torneios do circuito – tem 20 atualmente, empatado com Roger Federer e Rafael Nadal – não é fácil. Por isso, veio o “jeitinho” da organização, que na prática funcionou como uma carteirada.

Com a desculpa de conceder uma “permissão de exceção” para o tenista não se vacinar, os organizadores do Aberto da Austrália arrumaram uma baita dor de cabeça. Afinal, para que a exceção tivesse efeito, a documentação no visto deveria ter as justificativas necessárias para que ele não pudesse tomar a vacina. Como isso não foi feito, ele foi barrado na madrugada desta quinta (6), no aeroporto de Melbourne. Um vexame sem precedentes.

Não dá para cravar que Novak Djokovic realmente não irá disputar o Aberto da Austrália. Minha fé na humanidade foi razoavelmente abalada após quase dois anos desta maldita pandemia. A única certeza é que este triste episódio da “carteirada” já se transformou na maior derrota que o tenista sérvio terá sofrido em sua carreira.

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