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Caso Maurício Souza mostra que há uma onda de mudanças no esporte

Demissão do central do Minas Tênis, pelas postagens e declarações homofóbicas, sinaliza que as coisas estão mudando – para melhor

Minas Maurício Souza vôlei homofobia
Ao manter suas posições homofóbicas, Maurício Souza viu as portas do Minas se fecharem para ele (Reprodução/mauriciosouza17)

Uma verdadeira revolução tomou conta do vôlei brasileiro nas últimas 48h, culminando com a demissão do central Maurício Souza do Minas Tênis. O motivo, mais do que justo, foi a asquerosa postura do jogador diante de postagens suas em redes sociais, claramente homofóbicas. O desfecho correto do caso não pode encobrir que está havendo uma onda de mudanças no comportamento entre todos os envolvidos no universo esportivo.

Para quem é mais velho, basta lembrar de dois casos também ligados ao vôlei e marcados pela intolerância. Nos anos 90, o jogador Lilico, já falecido, foi o primeiro atleta a assumir ser gay e sofreu com a perseguição das torcidas adversárias.

Em 2011, Michael, central do Vôlei Futuro, recebeu um ataque orquestrado da torcida do Cruzeiro, sendo chamado de “bicha” por todo ginásio. Pelo menos neste caso houve uma forte repercussão na imprensa, apoio do clube de Michael e um pedido de desculpas oficial do clube mineiro.

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A questão relevante no episódio de Maurício Souza é que homofobia não é “liberdade de opinião”, como o jogador de que defendeu o Brasil nos Jogos de Tóquio-2020 quis demonstrar em um inacreditável vídeo de “desculpas”. As aspas são necessárias porque tudo o que o que o atleta não quis demonstrar ali foi arrependimento. Assista e tire suas conclusões.

O que Maurício Souza parece não entender, ou se faz de desentendido, é que homofobia é crime! Decisão inclusive referendada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Por isso, o caminho lógico para o Minas, que tinha exigido uma retratação do jogador, seria o da demissão.

Pressão de patrocinadores

Bem verdade também que esta postura do clube só foi adotada por uma pressão dos patrocinadores (Fiat e Gerdau), que entenderam seu papel em uma sociedade que precisa ser mais inclusive e forçaram para uma postura mais firme da diretoria do time mineiro.

Também é necessário pontuar que dentro da seleção masculina o caso não passou batido, após o técnico Renan Dal Zotto declarar que não há espaço para posturas lamentáveis como a de Maurício Souza. “Em se tratando de seleção brasileira, não tem espaço para profissionais homofóbicos”, disse o treinador, em entrevista ao jornal “O Globo”.

E não há como deixar de lembrar da posição de vários atletas, alguns LGBT, como Douglas (companheiro de Maurício na seleção brasileira) ou Carol Gattaz, atleta do time feminino do Minas. Ela, inclusive, também gravou um vídeo em suas redes sociais para pedir um basta a tanta intolerância.

A demissão de Maurício Souza pode representar definitivamente um ponto de virada dentro do esporte brasileiro e enterrar de vez a mania de “passar o pano” para atitudes inaceitáveis nos tempos atuais.

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