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Handebol

Brasil ganha reconhecimento após Mundial com feitos inéditos

Em entrevista exclusiva ao Olímpiada Todo Dia, atletas do Brasil no Mundial de Handebol comentam o reconhecimento rival depois da nona colocação inédita.

Foto: Divulgação/Cbhb

No último 23 de janeiro, a Seleção Brasileira de handebol entrava para a história. Era um dia de feitos inéditos. Depois de chegar pela primeira vez na segunda fase do Mundial, os representantes do verde e amarelo ainda ficaram no top 10 da disputa. A melhor campanha do Brasil na competição resultou em um nono posto. Com cinco vitórias e três derrotas, o time brasileiro conquistou mais do que a colocação inédita, mas também a admiração dos adversários.

“Vocês têm meu respeito”, afirmou Christian Prokop, quando cruzou Ferrugem, goleiro da Seleção, no corredor do ginásio de Colônia, na Alemanha. O reconhecimento vinha do técnico do time da casa, detentor do primeiro revés sofrido pelos brasileiros no torneio, e mostrava o quanto o time visitante havia crescido naquela competição.

“O Christian, por exemplo, falou olhando de igual para igual, algo que, talvez no começo do campeonato, não tinha para conosco”, destaca Guilherme Valadão, em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia. Não era para menos. A Alemanha foi a segunda adversária da Seleção no Mundial. Os rivais sustentaram o placar à frente dos brasileiros e venceram por 34 a 21. Jogo duro, marcado pela vantagem alemã de estar diante de sua torcida e pelo cansaço do time nacional. O último fator, unânime. Além de Valadão, Haniel Langaro, Borges e Rudolph Hackbarth concordam que o desgaste influenciou no resultado. “Não conseguimos encaixar nosso melhor jogo e acabamos perdendo o controle do embate”, destaca o camisa 77 da Seleção. Os quatro também acreditam que a fadiga prejudicou o time contra a Espanha, mais adiante.

Fato é que, depois da derrota contra a Alemanha, os brasileiros deslancharam no Mundial. Nas partidas seguintes contra Sérvia, Rússia e Coréia foram três vitórias e o passaporte para a segunda fase. Depois, veio o resultado positivo diante da Croácia, que deu ainda mais moral para o time mundo afora. Os marcadores depois disso – derrota para a Espanha e vitória contra a Islândia – fizeram o Brasil comemorar a nona colocação no torneio.

“Acho que entrando no top 10, entramos no grande escalão do handebol europeu”, analisa Haniel. “Todas as equipes já não olham o Brasil como uma equipe normal e sim como uma grande. Mostramos mais do que nunca a todos que podemos ganhar contra qualquer equipe”.

Se o resultado gera maior credibilidade com os rivais, ele faz, também com que a pressão seja maior. Depois de cinco mundiais dentro de quadra, Zeba, pela primeira vez, atuou fora dela, dessa vez como coordenador de seleções da CBHB. “A gente ainda peca em algumas coisas, em questão de finalizações, e saber lidar com os momentos complicados do jogo, onde a equipe não está indo tão bem. Mas eu só vejo pontos positivos nesse mundial”, analisou. “A gente conquistou uma coisa inédita. Tivemos poucos dias de folga, muitos jogo, jogamos dois dias seguidos e isso, no dia que a gente precisa jogar para ganhar dos europeus, é muito complicado”.

Reprodução/IHF

“Ganhar de seleções europeias sempre acaba gerando um respeito maior dos adversários. Acredito que esses resultados nos ajudam a amadurecer mais para cada vez conquistar objetivos maiores”, enfatiza Rudolph, em seu primeiro Mundial. “A pressão sempre vai existir, e as pessoas que torcem sempre esperam que você vença, pra nós o trabalho sempre será o mesmo. Sempre estaremos dando nosso melhor”.

EXPERIÊNCIA NA EUROPA AGREGA

Dos 16 jogadores brasileiros na Seleção, hoje, apenas três atuam em terras tupiniquins. Isso, acreditam muitos deles, foi um diferencial para a equipe no Mundial. “Todos os jogadores que atuam na Europa são de extrema importância em seus clubes e lá, a pressão é grande o tempo todo. Então estamos um pouco que acostumados”, analisa Haniel.

“Eles acabam tendo um nível de jogo melhor do que se estivessem no Brasil”, concorda Borges. “Como temos a maioria dos jogadores já acostumados com esse nível e um pouco mais de maturidade em relação a isso, tivéssemos esse resultado muito grande”.

“Antigamente, não tinha essa disputa, era muito difícil jogar contra os times europeus, a gente treinava muito, batalhava muito, mas sempre no final, perdia”, analisa o número 18. “Agora, conseguimos igualar e até ultrapassar, como foi nesse Mundial. Isso é bem nítido que acabou aumentando o nível da seleção com a exportação de atletas do handebol europeu”, conclui.

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