Às vésperas do encerramento dos Jogos Pan-Americanos Júnior Assunção-2025, o COB já começou o balanço final, indicando que todas as metas foram alcançadas. Os dirigentes da entidade ressaltaram que a competição também serviu para fornecer experiência aos jovens atletas. Além disso, as duas semanas no Paraguai fortaleceram a candidatura de Rio/Niterói para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031, na opinião do Presidente Marco La Porta.
“Em Jogos Pan-Americanos, a meta é sempre estar entre os três primeiros, acho que é o nível que o Brasil se encontra. Obviamente, nós fomos campeões em Cali e desejávamos repetir esse resultado. Esse primeiro lugar é muito importante. Mais do que isso, o objetivo era mostrar também a evolução de todos os esportes, dos atletas e do país como um todo, em todos os itens em relação aos resultados de Cali”, afirmou La Porta, Presidente do Comitê Olímpico do Brasil, lembrando do desempenho nos primeiros Jogos Pan-Americanos Júnior, em 2021.
Mais medalhas e vagas em relação a Cali-2021
Até a noite desta sexta-feira, o Brasil já conquistou 69 ouros, 49 pratas e 54 bronzes, totalizando 172 medalhas. O número é superior ao conquistado em Cali-2021: 59 ouros e 164 pódios. “A meta mais importante, realmente, são as vagas conquistadas para os Jogos Pan-Americanos Lima 2027 e já superamos, tanto em número de atletas quanto de modalidades”, frisou o dirigente, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (22) em Luque, região metropolitana de Assunção.
+ Confira o Quadro de Medalhas atualizado dos Jogos Pan-Americanos Júnior Assunção-2025
Os campeões nas provas individuais garantirão vagas nominais extras nos Jogos Pan-Americanos Lima 2027, enquanto algumas modalidades coletivas também garantem vagas. “É um privilégio você sair, em 2025, classificado para uma competição que vai acontecer em 2027. São dois anos e meio de periodização, de treinamento focando naquela prova. Além disso, muitas provas no Pan dão vagas para a Olimpíada”, pontuou Yane Marques, Vice-Presidente do COB.
Outro ponto considerado muito positivo para o Comitê Olímpico do Brasil foi a experiência que os atletas de até 23 anos estão tendo em participar de uma missão do COB, muitos deles pela primeira vez. Leandro Guilheiro, duas vezes medalhista olímpico no judô e Chefe de Missão do Time Brasil em Assunção-2025, ressaltou a importância, lembrando que ele não teve essa oportunidade em sua época de atleta.
Guilheiro ressaltou que a preparação começou em São Paulo, quando os atletas tiveram documentação checada, receberam os uniformes e informações importantes sobre a estadia no Paraguai. “Isso não gera o ganho de medalha, mas com certeza, esse cuidado faz com que o atleta não perca a medalha”, frisou ele.
Experiência em Assunção-2022 foi essencial para Pan Júnior sem problemas
Joyce Ardies, Gerente de Operações Internacionais do COB mencionou a experiência dos Jogos Sul-Americanos Assunção-2022 como fundamental para o planejamento do Time Brasil durante as duas semanas de competição. “Ajudou muito antecipar diversos problemas. O transporte terrestre era um dos pontos críticos pelas distâncias e dificuldades que acho que todos percebem de locomoção aqui no país”.
O COB investiu em frotas adicionais de transporte, garantindo que os atletas treinassem e competissem com tranquilidade, mesmo diante de dias como o de terça-feira (19) quando uma tempestade passou por Assunção e atrapalhou a programação. “Operacionalmente, acho que tudo ficou muito redondo. Problemas de bastidores ficaram nos bastidores e é isso o nosso papel, né? Não deixar passar e transmitir as coisas que acontecem que a gente vai resolvendo ao longo do caminho”, acrescentou.
Yane Marques, vice-presidente do COB, ressaltou que uma das metas alcançadas foi a de 30% de mulheres na equipe técnica, composta por profissionais indicados pelas confederações. “Isso é fruto de um esforço e um trabalho muito bem pensado internamente. A gente tem uma área da mulher no esporte, que tem pensado diariamente ações para fomentar essa participação de mulheres treinadoras, mulheres atletas, mulheres jovens atletas, mulheres gestoras. Enfim, mulheres multi nas suas funções e a gente está colhendo os frutos disso já”, ressaltando a participação feminina de 62% na delegação total do Time Brasil.
Educação, prevenção e saúde mental na pauta
Yane Marques também ressaltou que todos os atletas, equipe técnica e dirigentes fizeram cursos preparatórios sobre uma variedade de assuntos como manipulação de resultados, racismo e assédio antes de embarcarem para os Jogos Pan-Americanos Assunção 2025 – “Inclusive nós”, frisou. Ainda na questão da saúde mental e do cuidado com os atletas, Leandro Guilheiro mencionou a ida de duas psicólogas como parte da delegação.
“Toda equipe de operações aqui teve muito cuidado de montar uma sala de psicologia, de saúde mental, que fosse muito propícia para que os atletas se sentissem à vontade. Espaçosa, com vista para o rio, puff, sofá… A Nathalia Moraes e Larissa Dourado estão trabalhando muito duro. Elas atuam tanto por videoconferência quanto in loco, às vezes na competição”, explicou Guilheiro. “São 363 atletas participando aqui dos Jogos, nem todos os atletas tiveram acesso à psicologia em algum momento da vida. Então, tem muitos atletas que chegam aqui e têm o primeiro contato com um psicólogo. Tem atleta que vai todo dia, e as vezes o trabalho é em grupo, como nos casos de esportes coletivos”, completou. Ele mencionou a emoção que Larissa sentiu ao ver o ouro do time de rúgbi feminino.
Rio e Niterói equilibram disputa com Assunção pelo Pan de 2031
Um tema que não fugiu da conversa dos dirigentes com os jornalistas foi o da disputa pela sede dos Jogos Pan-Americanos de 2031, entre Assunção e Rio-Niterói. “Quando chegamos aqui, eu diria que estava 70% para o Paraguai e 30% para nós. Acho que a gente sai daqui 50-50. Acho que a gente já avançou bastante nas conversas. A estrutura do Paraguai, o que oferece, é muito boa para Jogos desse nível. Acho que para Jogos Pan-Americanos, com cerca de 7.000 atletas, é muito mais difícil a entrega”, avaliou Marco La Porta. A soma das delegações disponíveis no site oficial indica um total de 3975 atletas.
“As arenas não têm o tamanho, na minha opinião, apropriados para receber o nível dos Jogos Pan-americanos. Então a gente não tem dúvida de que o Rio e Niterói estão mais preparados.. A gente precisa agora convencer quem vota. Mas eu acho que o Paraguai avançou muito. Gostei muito da estrutura que eles têm no Comitê Olímpico Paraguaio (COP). Mas, eu acho que para um evento desse está de bom tamanho. Mas para um evento maior, precisa ainda evoluir bastante”, completou.