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Canoagem Velocidade

Retrospectiva: As históricas três medalhas de Isaquias Queiroz na Olimpíada do Rio

O baiano Isaquias Queiroz, de 22 anos, escreveu no Rio de Janeiro um capítulo importante da história da canoagem velocidade brasileira. O país, que até então tinha como melhor resultado o oitavo lugar de Sebastian Cuattrin no K1 em Atlanta 1996, mudou de patamar. O baiano de Ubaitaba conquistou três medalhas em 2016, a primeira delas foi de prata no C1 100m. Ele completou a prova em 3min58s926, atrás apenas do alemão Sebastian Brendel, que sagrou-se bicampeão olímpico com a marca de3min56s926. O moldavo Serghei Tarnovschi levou o bronze (4min00s852).
Isaquias Queiroz era pura felicidade após a conquista de sua primeira medalha olímpica. “Remei muito bem, estou feliz com a medalha de prata. Vim aqui para fazer história. Eu fiquei atrás de um monstro, o Sebastian Brendel, que rema muito. Tenho muita admiração por ele”, disse o sorridente e brincalhão Isaquias, dono de uma simplicidade contagiante.

Logo depois da conquista da primeira medalha, Isaquias Queiroz avisou que queria mais: “Vim aqui para ganhar três medalhas. Uma já ganhei. A próxima briga será nos 200m, estou treinando muito para essa prova. Também acredito em um bom resultado no C2 1000m. Agora é esperar e ver o que ainda posso fazer de melhor”.

Promessa feita, promessa cumprida. Depois da prata no C1 1000m, Isaquias Queiroz ainda levou o bronze no C1 200m em uma final muito disputada. Com o tempo de 39s628, ele ficou em terceiro lugar na prova vencida por o Iurii Cheban, da Ucrânia (39s279), seguido de Valentin Demyanenko, do Azerbaijão (39s493).

Isaquias Queiroz contou que não largou bem, patinou na água e o barco não desenvolveu o esperado. Mas, no final, conseguiu imprimir um ritmo forte porque percebeu que estava atrás de seus adversários. “Tive que fazer muita força. Quando senti que estava cansado, sabia que os outros estavam mais cansados do que eu. Cresci no final e consegui a medalha nos últimos centímetros da prova”, explicou o canoísta, que foi parar dentro d’água, após projetar o corpo para trás para ganhar tempo na chegada.

“Eu não sabia se havia ganhado  medalha ou não. Fiquei na dúvida. Se não tivesse errado, poderia ter brigado pelo ouro. Mas sei que uma medalha de bronze é muito importante no currículo de um atleta”, comentou.

A terceira conquista foi a prata no C2 1000m ao lado de Erlon de Souza com o tempo de 3m44s819, atrás dos alemães Sebastian Brendel e Jan Vandrey, com 3m43s912. O bronze ficou com os ucranianos Dmytro Ianchuk e Taras Mishchuk (3m45s949).

“Estou muito feliz por ter conquistado essa medalha com o Erlon. Ele me ajudou muito nesse ciclo olímpico. O ouro não veio na água, mas consegui da torcida. O maior ouro que poderia receber é o carinho dos torcedores, disse Isaquias, acrescentando que os últimos meses de treinamento foram bastante intensos. “A gente se trancou, ficou concentrado, sem ninguém perturbar. Lagoa Santa foi uma cidade maravilhosa, que nos acolheu”, elogiou, em agradecimento a seu local mineiro de treinamento.

“Medalha no peito, dever cumprido e agora é celebrar”, resumiu Erlon, acrescentando: “quero agradecer a todos os brasileiros por essa torcida maravilhosa. Foi muito importante, na água, ouvir as pessoas gritando o nosso nome, dando força. A gente viu que a cada dia o público foi crescendo na Lagoa e hoje o lugar  estava lotado de gente”, comemorou o baiano de Ubatã, que, em Londres 2012, ao lado de Ronilson Oliveira, chegou à semifinal.

Neste sábado, Isaquias e Erlon lideravam a prova até os últimos 200 metros, quando foram ultrapassados pelos alemães, que ficaram com o ouro. No C1 1000m, Isaquias também foi superado pelo alemão Sebastian Brendel.

“Não é fácil carregar uma medalha dessas. Não é fácil dormir e acordar pensando no treinamento. É uma medalha merecida, após quatros anos de muita luta. Não deu para conter as lágrimas porque a gente batalhou muito. Eu me emocionei. Nós brigamos pelo ouro até o final, mas saí da água satisfeito porque fiz o meu papel. Tenho certeza que em Tóquio vamos brigar pelo ouro e ele virá”, afirmou Erlon, que, assim como Isaquias, não via a hora de abraçar a família.

Além das medalhas olímpicas, Isaquias Queiroz tem três títulos em campeonatos mundiais de canoagem velocidade e foi campeão dos Jogos Pan-americanos de Toronto em 2015 no C1 1000m e no C1 200m

 

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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