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Canoagem Velocidade

Ambientalista cria o mais versátil barco do mundo e quer a sua popularização

João das Águas sempre foi um apaixonado pelo esporte e desenvolveu uma embarcação que oferece mais de 80 opções de uso. Seu sonho é ver sua invenção sendo usada em várias partes do Brasil e do mundo

barco de João das Águas

Com estrutura de fibra de vidro, quatro metros e 25 centímetros de comprimento e pesando 30 quilos, o barco de João das Águas é múltiplo, multiuso e tem como proposta ser um novo conceito em embarcações. Desenvolvido em parceria com o Iate Clube de Londrina e com o apoio da prefeitura local, o inventor o classifica como sem forma fixa. É um verdadeiro lego da náutica e permite, em um grupo de quatro unidades, por exemplo, criar-se mais de 80 tipos de barcos e combinações de usos. Pesca, vela, caiaque, remo, canoa, pedal, K2, K4, C1, entre outros.

“Muito mais do que um novo modelo, acredito que eu tenha criado uma concepção de náutica nova”, avalia João Batista Moreira Souza, apelidado de João das Águas, o criador da embarcação, que é técnico em canoagem, ambientalista e inventor. Ele leu em uma revista náutica de 1988 uma matéria que inspirou o projeto de sua vida. A publicação trazia um caiaque duplo, modelo oceânico, que fora transformado em um barco a remo. “Quando comecei a remar no Iate Clube de Londrina, ele era um clube de remo, pequeno, mas um clube de remo. Também gosto de remo, eu gosto da mecânica e dos movimentos do remo, e comecei a pensar se um caiaque que pudesse ser um barco a remo ou vice-versa. A partir daí comecei a fazer adaptações e resolvi criar o barco.”

Ele acrescenta que o modelo tem um uso focado também nas pessoas idosas, deficientes ou com algum tipo de necessidade, além de possuir uma versatilidade que proporcione a aproximação dos tripulantes a novas modalidades. “É uma espécie de ‘barco-escola’, que pode ser usado em diversas modalidades competitivas. Claro, não proporciona a mesma velocidade de uma embarcação olímpica, não é objetivo competir, mas servir como uma porta de entrada, promovendo os esportes náuticos como um todo.”

Barco de João das Águas é um legado

Até agora, há cinco unidades construídas. O suficiente para estudar todas as conjugações possíveis para. João comenta que já recebeu vários pedidos de encomenda, mas antes de comercializá-lo, quer viabilizar o projeto e promover a divulgação dentro e fora do país. “Minha ideia é permitir que seja copiado, mas com o devido cuidado, em uma espécie de sistema de franquia.” O projeto é resultado de 30 anos de dedicação do João das Águas. O criador, atualmente, tem mais pressa em o viabilizar, após a descoberta de um câncer no fígado, em estado de metástase, há pouco mais de três meses. “Estou realizando o tratamento e como o barco é um dos meus legados, tenho me dedicado para terminar, porque sei o que ele pode trazer para a náutica brasileira. Não gostaria de ‘ir cuidar das águas celestiais’, como eu costumo brincar, antes de finalizar.”

Atualmente, o atleta da paracanoagem Giovane Vieira de Paula, que conquistou a medalha de prata nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, e Igor Tofalini, que já foi campeão mundial e pan-americano também de paracanoagem são alguns dos apoiadores. Há um site onde é possível ver mais detalhes da embarcação, bem como na página de João das Águas no facebook. Neles também é possível colaborar com o projeto, visto como uma homenagem ao esporte e a natureza.

Bahia – Londrina

Natural de Mundo Novo, na Bahia, João foi para Londrina em 1986. No ano seguinte, fundou uma cooperativa de pintores da construção civil e, em 1998, pintaram o Iate Clube de Londrina. “Eu já tinha dois caiaques e comecei a me envolver com essas atividades e remar no Lago Igapó.” Era o início de uma grande aventura. “Fui até a prefeitura e comprei um mapa, onde percebi que aqui havia uma enormidade de rios. Me juntei a mais algumas pessoas e compramos caiaques em consórcio, para descer nestes trajetos”, conta.

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Dois anos depois, em 1990, o grupo fundou a Patrulha das Águas, uma associação focada no monitoramento e preservação de rios, além das competições de canoagem. O nome do grupo acabou “rebatizando” João Batista Moreira Souza, que, então, tornou-se: João das Águas. “Tempo depois, com outras duas associações, criamos a Confederação Paranaense de Canoagem.” Em agosto daquele mesmo ano, com apoio da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), João foi um dos idealizadores da primeira escola de canoagem do Paraná, dentro do Iate Clube de Londrina. A proposta é criar um calendário de atividades e provas. Onde o barco de João das Águas possa contribuir para popularizar as atividades náuticas não motorizadas, e contribuir com o desenvolvimento esportivo e a popularização destas atividades num país cheio de rios, lagos e mais de 8000 km de mar.

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