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Esportes de Gelo

Sem Isadora, patinação artística do Brasil encontra seu caminho

Campeonato Brasileiro de Patinação Artística no Gelo, realizado entre 17 e 19 de dezembro, indica novas possibilidades para o país

Gabriela Koch é um dos novos rostos da patinação artística do Brasil
Gabriella Koch foi campeã novice e um dos novos nomes do Brasil na patinação artística no gelo (Ricardo Bufolin/Panamerica Press)

Por uma década, a patinação artística do Brasil viveu um sonho. Graças à Isadora Williams, o país esteve nos principais torneios da modalidade, incluindo dois Jogos Olímpicos de Inverno, e conquistou resultados históricos. Bom, Isadora anunciou sua aposentadoria ao Olhar Olímpico, do UOL, mas o esporte está encontrando seu caminho para seguir em frente por aqui.

Essa estrada, evidentemente, passa pela disputa do Campeonato Brasileiro da modalidade. O evento foi realizado na Arena Ice Brasil entre 17 e 19 de dezembro e reuniu grande parte da elite da patinação tanto dentro quando fora do gelo – mostrando que o trabalho realizado por atletas, treinadores e equipes começa a dar frutos.

Acompanhei in loco os torneios nacionais de 2016 e 2017 e testemunhei a disposição de todos em melhorar a realidade do esporte. Desse debate, nem sempre pacífico, surgiu mudanças no sistema de pontuação, estruturação de categorias e até pequenos detalhes, como telão para exibição, fotos e área de kiss and cry (onde os atletas ficam aguardando a divulgação da nota).

Dessa forma, o projeto da patinação artística do Brasil está bem mais estruturado do que estava quando Isadora Williams começou na categoria senior, há dez anos. Hoje, há jovens atletas que moram no país ou no exterior capazes de, pelo menos, manter a bandeira brasileira nas principais competições internacionais.

Vai ser suficiente para obter a classificação olímpica em 2026? É cedo dizer. Hoje, o mais importante era encaminhar o processo de renovação e apresentar novos rostos aos torcedores. Esse passo já foi dado no fim de semana. Agora é colocá-los no cenário internacional para ver como potencializar esses talentos.

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Categoria júnior se destaca com três atletas promissores

Dos 11 atletas presentes na disputa do Campeonato Brasileiro (os demais 26 participaram do Torneio Ice Brasil, com outra classificação), os três integrantes da categoria júnior chamaram a atenção do público. Maria Joaquina Reikdal e Danielle Totzke no feminino e Felipe Kubo no masculino tiveram excelentes desempenhos.

Vice-campeã mundial júnior sobre rodas, Maria Joaquina foi a campeã, mas travou lindo duelo com Danielle no gelo da patinação artística do Brasil. A diferença entre as duas foi de apenas 0.51 pontos após dois programas. Ambas se destacaram e certamente devem representar o país no cenário internacional nos próximos anos.

Felipe Kubo, que começou tardiamente no esporte, está há alguns anos nos Estados Unidos, onde faz o ensino médio com bolsa esportiva. O jovem alcançou a maior nota do campeonato, com 110.17 pontos, e tem mais uma temporada pela frente na categoria júnior antes de migrar para o senior.

Patinação artística do Brasil conta com projetos consolidados

Outras duas categorias estiveram em disputa no Campeonato Brasileiro: o novice advanced, que representa jovens atletas que estão iniciando a trajetória esportiva na patinação, e o senior, com competidores que tecnicamente podem representar o país em eventos internacionais. Em ambos fica evidente a importância de quatro regiões para a modalidade no Brasil.

Em Gramado (RS), a patinação artística do Brasil conta com o belo trabalho desenvolvido pelo Snowland sob comando dos treinadores Cristina e Eddie Garcia. O local patrocina uma equipe completa que é responsável não apenas pelos shows realizados no parque, mas também o representa em competições nacionais e internacionais. Os campeões senior Deborah Bell e Laerte Ruanh de Lima são duas das estrelas do grupo.

Além disso, é importante destacar o trabalho realizado no Rio de Janeiro (RJ), como a Escola Pastusiak, que colocou representantes na elite da disputa nacional. Além disso, há também o projeto coordenado por Simon Adelson na própria Arena Ice Brasil, em São Paulo (SP), e a equipe Footwork, de Curitiba (PR). É por essas cidades que o esporte passa no país.

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Próximo passo inclui planejamento para Jogos de 2026

Pela primeira vez desde os Jogos Olímpicos de Inverno de 2010, o Brasil não estará presente na patinação artística no gelo. Portanto, após a disputa em Pequim, é essencial traçar o planejamento estratégico para os Jogos de 2026, que acontecerão em Milão e Cortina D’Ampezzo, na Itália.

Para chegar com chances, é preciso colocar os atletas, principalmente os mais jovens, para competirem em eventos internacionais. Somente assim é possível saber o nível que a equipe de patinação artística do Brasil está em relação aos principais nomes da modalidade.

Trata-se de um esporte que está em constante evolução. Hoje, saltos quádruplos estão se tornando uma realidade também na disputa feminina – enquanto que no masculino já falam em quíntuplos. Diante disso, o Brasil precisa acompanhar esse crescimento e mostrar que o sucesso de Isadora Williams não foi um fato isolado em nossa trajetória.

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