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Pequim 2022

Curling do Brasil tem importantes lições para crescer no esporte

País não tem chances de vaga olímpica, mas disputa do Torneio Classificatório ao pré-olímpico da modalidade reforça os desafios futuros

Curling do Brasil assimila lições para crescer no esporte
Scott McMullan e Michael Krahënbühl durante partida da equipe masculina de Curling (WCF/Ümit Uzun)

Foram 12 jogos disputados em todas as categorias e três vitórias. Os números podem indicar um desempenho fraco, mas até eles mentem de vez em quando. A participação do Curling do Brasil no torneio classificatório ao pré-olímpico da modalidade pode ser considerada boa, principalmente no seu desenvolvimento futuro.

Sim, a vaga olímpica ainda é um sonho distante para os atletas brasileiros. Mas ainda que pela primeira vez havia essa chance mínima, esse nunca foi o objetivo das nossas seleções na competição. A ideia era simplesmente jogar – e saber qual o nosso nível técnico e de competitividade perante outras nações.

Bom, os atletas brasileiros jogaram contra equipes de seu mesmo nível técnico (ou até superior) e de diferentes regiões. Puderam assistir às partidas dos adversários e conversar entre si para acertarem alguns ajustes. Vivenciaram um clima de competição que durou mais de uma semana e não apenas dois ou três dias.

As lições foram colocadas diante do Curling do Brasil durante o torneio classificatório ao pré-olímpico. Está claro, por exemplo, que a distância geográfica é um problema a ser superado. Com atletas espalhados em regiões no Canadá, na Europa e no território brasileiro, é difícil reuni-los por mais tempo para treinarem.

A falta de partidas também é um limitador. Os treinos são importantes, sem dúvida, mas há estratégias que os competidores só conseguem desenvolver quando enfrentam outra equipe em um jogo oficial. A equipe masculina do Brasil fez menos de vinte jogos; o time de Niklas Edin, um dos melhores do mundo, tem uma temporada com mais de 100 partidas.

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Curling do Brasil busca maior regularidade

O principal problema, contudo, é a falta de uma regularidade, decorrida justamente do calendário menor e da pouca convivência entre os atletas na equipe. As seleções brasileiras de Curling não conseguem manter o mesmo ritmo durante a competição e até mesmo em uma mesma partida – impedindo resultados melhores que condizem com a técnica brasileira.

Durante o torneio classificatório ao pré-olímpico, os times de curling do Brasil enfrentaram esse problema. A equipe masculina, por exemplo, fez jogos equilibrados no início das partidas contra Taiwan e Turquia, mas não seguraram esse cenário até o fim. O mesmo vale para o time feminino (diante das turcas) e duplas mistas (contra Cazaquistão)

É um problema histórico. Durante a disputa do America’s Challenge de 2017, contra os Estados Unidos, a equipe masculina fez um jogo disputadíssimo contra John Shuster na primeira rodada. Segurou o jogo, não tomou mais de dois pontos em nenhum end e perdeu por apertados 8×6 contra o futuro campeão olímpico. Entretanto, nos dois jogos seguintes, levou quatro e três pontos logo no primeiro end das partidas.

Anne Shibuya esteve presente nas três vitórias do curling brasileiro no torneio classificatório (WCF/Ümit Uzun)

Arena em São Paulo e calendário podem potencializar Curling do Brasil

A boa notícia é que não falta mais habilidade e técnica aos atletas brasileiros. Se eles ainda estão abaixo das grandes potências do esporte atualmente, já demonstraram ser capazes de ganhar de seleções das divisões B e C da Europa e de países asiáticos. Com regularidade, podem sonhar com disputa no Mundial e no pré-olímpico.

Para que isso seja possível, o Curling do Brasil tem dois pontos favoráveis. O primeiro deles é um calendário maior de jogos. Atualmente, o país pode disputar de repescagens olímpicas e mundiais, o que faz com que os representantes tenham um calendário, incluindo competições regionais como preparação.

Além disso, a inauguração da Arena Ice Brasil, em São Paulo, também vai auxiliar bastante os esportes de gelo no próximo ciclo olímpico. Uma das metas da CBDG é criar duplas mistas e equipes fixas no país com jovens atletas. Assim, eles não só se entrosam rapidamente, como também se desenvolvem mais cedo no esporte.

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Brasil tem mais um desafio no Curling nesta temporada

A vaga olímpica ainda não foi confirmada, mas a temporada do Curling do Brasil continua. No fim de outubro, a equipe masculina formada por Marcelo Mello, Filipe Nunes, Ricardo Losso e Gilad Kempenich, participa do America’s Challenge contra Canadá e México. O evento define a vaga do continente ao Mundial e classifica uma seleção ao classificatório, em janeiro.

O favoritismo, claro, é do Canadá, que escalaram nada menos do que o time de Brendan Bottcher, atual campeão do Brier, o fortíssimo campeonato canadense de curling. Os jogos acontecerão entre 29 e 31 de outubro. Os brasileiros duelarão com os mexicanos pela segunda posição, que dá direito à repescagem.

A equipe feminina, que já estaria classificada à repescagem por ser a única desafiante contra os Estados Unidos, desistiu de realizar os jogos do desafio e vai se preparar para o torneio classificatório. O calendário ainda prevê a repescagem para o Mundial de Duplas Mistas e a participação inédita do time júnior masculino e feminino no Mundial B.

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