De Assunção – Matheus Lima correu para 48s23 nas eliminatórias dos 400m com barreiras nos Jogos Pan-Americanos Júnior Assunção-2025 e ainda ficou chateado. A marca, alcançada na segunda-feira (18) tornou-se o recorde dos Jogos e foi sua quarta melhor marca pessoal. Porém, na final, ele não repetiu o bom desempenho, correndo o suficiente para conquistar a prata, mas longe de seu principal objetivo: romper a barreira dos 48 segundos. Agora, ele busca atingir a tão sonhada marca no Mundial de Atletismo, em Tóquio, em setembro, onde tem como principal objetivo chegar na final.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, TWITTER, INSTAGRAM, TIK TOK E FACEBOOK
Alison dos Santos, o Piu, é dono dos 36 tempos abaixo de 48s feitos por brasileiros na prova. Logo depois, no ranking da Atletismo Mundial, aparece a marca de 48s04 de Eronildes Araújo, corrida em 1995, por 10 anos recorde sul-americano e recorde brasileiro até 2021. Depois dele, vem os 48s08 de Matheus Lima, alcançado na etapa de Xangai da Liga Diamante, em maio.
Uma prata agridoce em Assunção-2025
Na final de Assunção-2025, Matheus começou muito bem, mas tropeçou em uma das barreiras finais e terminou com a prata, com 49s28. Após a prova, ele ficou deitado na pista por muito tempo e preferiu não falar com a imprensa de cabeça quente, conversando após a cerimônia de pódio.

“Graças a Deus, eu venho fazendo uma temporada muito boa. Eu sei que durante essas duas semanas que passou, no Troféu Brasil e agora aqui nos Jogos Pan Júnior… não foi o resultado que eu estou treinando e estou preparado pra correr. Mas eu acredito que a cobrança de eu mesmo querer fazer esse resultado, acaba atrapalhando um pouco. O que eu tiro de lição dessa prova de hoje é pra eu me relaxar, manter a cabeça em um lugar, que eu sei que quando eu menos esperar o resultado vai sair, então vai dar tudo certo e eu creio nisso”, comentou, agradecendo ainda o trabalho de Sanderlei Parreira, seu treinador, e recordista brasileiro dos 400m rasos.
A barreira dos 48 segundos
Em todo momento, ele falou sobre um resultado específico que quer alcançar. “Eu quero muito correr na casa dos 47, não aguento mais correr na casa desses 48, mas eu saio daqui feliz com o aprendizado. Sei do que eu sou capaz, não preciso provar nada pra ninguém. Eu e meu treinador sabemos do quanto a gente treina, trabalha duro”, revelando que consegue correr para 47s nos treinos.
“Nos treinos, todas as vezes, eu tou ali… as parciais do meu treino são para correr 47s ou até menos… Parece até loucura, mas eu e meu treinador sabemos do que eu sou capaz, entendeu? Então não adianta eu falar uma marca aqui e as pessoas falarem, ‘ah, ele não é capaz’. Mas na hora que o resultado vir, as pessoas vão ficar admiradas, mas para mim não vai ser uma surpresa porque eu já venho treinando bastante tempo pra alcançar esse resultado”, completou o atleta, que tem um compromisso de peso já na próxima semana, pela última etapa da Liga Diamante, em Zurique.
Além dele, Alison dos Santos, Karsten Warhol, da Noruega, Abderrahman Samba, do Catar, Carl Bengtström, da Suécia, Rai Benjamin e Trevor Bassitt, dos EUA, estão classificados numa prova de peso. Matheus é o terceiro colocado provisoriamente, com 23 pontos, atrás de Warholm e Benjamin.

Portas abertas para revezamento
Matheus Lima é dono da terceira e quarta melhor marca da história do atletismo brasileiro nos 400m rasos, atrás apenas de duas marcas feitas por Sanderlei Parrela, na semi e final do Mundial de Sevilha-1999, quando foi prata. Porém, as duas provas aconteceram no mesmo dia nos Jogos Olímpicos Paris-2024 e também em Assunção, praticamente inviabilizando que um mesmo atleta dispute ambas. Porém, Matheus disse que não é esta a razão para ele focar nos 400m com barreiras.
“É mais pela questão do meu corpo mesmo, eu tenho um biotipo pra isso, pra correr barreiras. Sou um atleta muito bom, basta consertar algumas técnicas, algumas coisas que eu venho errando na prova. São detalhes mínimos, que não estão fazendo correr na casa dos 47s, mas meu treinador já analisou. A gente já sabe o que tem que consertar e vamos treinar para chegarmos no Mundial bem”, avaliou o atleta, que disse seguir a disposição para as provas de revezamento 4x400m, do mesmo modo que Alison dos Santos já disse.