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Tóquio 2020

Para manter tradição, brasileiros querem pódio em Tóquio

Com 13 pódios na história olímpica, vôlei de praia do Brasil já tem duplas definidas e com credenciais para buscar medalhas

Agatha e Duda comemorarm World tour finals volei de praia
Brasil terá quatro duplas em busca do pódio nos Jogos Olímpicos de Tóquio (Divulgação FIVB)

Daqui um ano a bola vai voar no Shiokaze Park, em Tóquio. Em exatamente 365 dias terá início a disputa do vôlei de praia nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Em seis edições olímpicas com a modalidade, o Brasil conquistou pelo menos dois pódios em todas. Faltando um ano para o começo das disputas, o Olimpíada Todo Dia fez uma análise sobre o que os brasileiros enfrentaram durante o ciclo e podem ter pela frente do outro lado do mundo.

Os representantes do Brasil no vôlei de praia já estão definidos. Apesar do ranking de classificação estar aberto até o dia 15 de junho de 2021, Evandro/Bruno Schimidt, Alison/Álvaro Filho, Ágatha/Duda e Ana Patrícia/Rebecca já estão garantidos e fazem com que o país leve o número máximo de representantes na modalidade para o Japão. Contudo, cada um dos oito atletas brasileiros teve um ciclo olímpico diferente até Tóquio.

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Nos Jogos Olímpicos, 24 duplas participam da disputa do torneio de vôlei de praia em cada gênero. Cada país pode levar, no máximo, duas duplas em cada um dos torneios, como é o caso do Brasil.

Foi preciso separar para classificar

Maio de 2018, o cenário do vôlei de praia masculino brasileiro recebeu uma notícia bombástica. Campeões de quase tudo que era possível, Alison e Bruno Schimidt desfizeram a parceria de cerca de quatro anos e meio.

Alison e Bruno Schimidt conquistaram o ouro olímpico para o Brasil em 2016 (Divulgação)

Campeões olímpicos em 2016, Alison e Bruno Schimidt não vinham tendo o mesmo desempenho dentro das quadras após o ouro no Rio de Janeiro e decidiram pelo fim da parceria.

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Em um primeiro momento, Alison anunciou que o novo parceiro seria André Stein. O time, no entanto, foi encerrado um ano depois e mais uma vez o campeão olímpico se viu em situação complicada.

Alison e Álvaro do vôlei de praia
Alison e Álvaro Filho subiram 43 posições no ranking para chegar a Tóquio (William Lucas/Inovafoto/CBV)

Alguns meses depois, em março de 2019, Alison fechou nova parceria com Álvaro Filho e o novo time tinha como desafio conseguir a vaga nos Jogos Olímpicos. “Tivemos uma ‘prova de fogo’ na corrida pela classificação olímpica, porque formamos a dupla com poucas semanas para jogar o Circuito Mundial, e conseguimos sair da 46ª posição no ranking, disputando qualifyings e country-cotas, para terminar o ano em terceiro lugar no geral, com a classificação olímpica garantida”.

Bruno Schmidt achou seu caminho

Assim como Alison, Bruno Schmidt também não teve facilidade para encontrar seu parceiro. Em um primeiro momento, após desfazer a dupla campeã olímpica, recuperou-se de uma lesão na panturrilha e fechou parceria com Pedro Solberg.

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A dupla durou pouco tempo. Em fevereiro de 2019, Bruno Schmidt confirmou mais uma troca e se uniu a Evandro, campeão mundial em 2017. Assim como aconteceu Alison e Álvaro Filho, a dupla teve pouco tempo para somar os pontos necessários para a Olimpíada de Tóquio, mas conseguiu.

Evandro e Bruno Schmidt, do vôlei de praia
Evandro e Bruno Schmidt arrancaram para a vaga olímpica (FIVB)

Atualmente Bruno e Evandro ocupam o quarto lugar no ranking mundial de vôlei de praia e estão garantidos nos Jogos Olímpicos do Japão.

O mundo seguiu e os noruegueses apareceram

O cenário mundial do vôlei de praia mudou em cerca de quatro anos. Das duplas que formaram o pódio olímpico de 2016, os brasileiros são os melhores no ranking, mesmo estando separados há cerca de dois anos.

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Além de Alison e Bruno Schimidt, em 2016, as três primeiras colocações dos Jogos Olímpicos foram compostas pelos italianos Paolo Nicolai e Daniele Lupo, que seguem juntos e atualmente são a nona melhor, e os holandeses Alexander Brower e Robert Meeuwsen, que também seguem no mesmo time e estão em sétimo. Apesar dos seis terem se mantido entre os melhores, a modalidade viu que a Noruega chegou e se colocou como time a ser batido para Tóquio.

Anders Mol e Christian Sorum lideram o ranking mundial (Divulgação FIVB)

Apesar de não terem participado dos Jogos Olímpicos de 2016, Mol e Sorum são a grande dupla do ciclo olímpico até o momento. Após a Olimpíada, os noruegueses cresceram no cenário e de 2018 em diante passaram a ser presença constante nos pódios.

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No Mundial de 2019, Mol e Sorum ficaram com a medalha de bronze. Na edição de 2018 do World Tour Finals, os noruegueses também acabaram com o terceiro lugar, e na edição de 2019 foram campeões.

Topo do mundo

Com o retrospecto recente, a dupla da Noruega assumiu a liderança do ranking mundial, mas, com a quantidade de atletas que estão acostumados a subir no pódio, será grande a disputa pelas medalhas na Olimpíada de Tóquio no vôlei de praia masculino.

“Eu e o Bruno já estamos bastante experientes por conta do Rio-2016. A nossa comissão técnica também tem um conhecimento muito bom para nos ajudar nessa preparação. Acho que a gente precisa estar focado, porque assim que a gente foi liberado para voltar aos treinos nós já temos que nos preparar. São muitas duplas fortes no planeta, mas nós sabemos do nosso potencial na luta por uma medalha”, disse Evandro.

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“Eu e Álvaro tivemos uma corrida olímpica curta, com pouco tempo de preparação, fazendo os primeiros treinos semanas antes da primeira etapa do Circuito Mundial. Mas deu tudo certo, com muita superação, passando por cima de todos os problemas, dos desafios que apareceram. Agora temos um ano até Tóquio, estamos muito focados e remontando o planejamento com a comissão técnica, para fazer a melhor preparação possível”, comentou Alison.

Tempo e resultado no feminino

Diferente do masculino, as duplas femininas classificadas confiaram na manutenção das parcerias durante todo o ciclo olímpico. Ágatha/Duda e Ana Patrícia/Rebecca formalizaram as duplas oficialmente no início de 2017 e desde de então os resultados passaram a aparecer.

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Medalhista de prata na Rio-2016, Ágatha se viu em um novo cenário após a Olimpíada. Com o fim da parceria com Bárbara Seixas, passou a jogar Duda, que é cerca de 15 anos mais jovem e na época era vista como grande promessa.

Diamante pronto para brilhar

Apesar da pouca idade, Duda tinha um currículo no vôlei de praia de dar inveja. Nas competições de base, foi tricampeã mundial sub-19, bicampeã mundial sub-21, prata no mundial sub-23 e campeã dos Jogos Olímpicos da Juventude em 2014.

“Eu encarei a vaga olímpica como um dos meus principais objetivos. Eu sempre sonhei em jogar as olimpíadas e quando conquistei a vaga foi muito especial por que tudo que trabalhamos, nossa dedicação, nosso comprometimento valeu muito a pena. Senti muita pressão e muito medo antes de conquistar a vaga, mas tendo a classificação em foco e tendo a Ágatha com muita experiencia ao meu lado ajudou bastante também”.

Com esse histórico, Ágatha e Duda começaram a disputar os torneios do ciclo olímpico de Tóquio e os resultados vieram. Em pouco mais de três anos de dupla, as brasileiras sempre chegaram na decisão do World Tour Finals, ficando com o título em 2018 e com o vice em 2017 e 2019.

FIVB escolhe Duda Lisboa como a melhor jogadora de ataque do Circuito vôlei de praia cancelamento etapas
Aos 21 anos de idade, Duda Lisboa já foi eleita duas vezes a melhor jogadora do mundo (Divulgação/FIVB)

Com esse desempenho pelas quadras do mundo, Duda recebeu o prêmio de melhor jogadora do mundo no vôlei de praia por dois anos seguidos, 2018 e 2019. Desta maneira, a dupla brasileira, atualmente a terceira do mundo, conseguiu sacramentar a vaga para os Jogos Olímpicos de Tóquio em outubro de 2019.

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Reencontro em Tóquio

Engana-se quem pensa que Duda é a única promessa do vôlei de praia brasileiro. Com 1,94 m e 22 anos de idade, Ana Patrícia também começou o ciclo olímpico de Tóquio como uma das esperanças do país na modalidade.

Bicampeã mundial sub-21 e campeã da Olimpíada da Juventude, em 2014, todas as conquistas ao lado de Duda, a atleta começou seu primeiro ciclo olímpico com grandes expectativas.

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Assim como a outra dupla do Brasil no Japão, Ana Patrícia se manteve atuando desde o começo de 2017 com a mesma parceira, Rebecca. Atualmente as brasileiras ocupam a quarta colocação no ranking mundial e vêm de bom momento nas últimas temporadas, apesar do equilíbrio existente na disputa feminina.

Ana Patrícia e Rebecca
Ana Patrícia e Rebecca venceram o circuito nacional na última temporada (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

“Todos os adversários são difíceis. O vôlei de praia está muito nivelado. Se você observar os pódios do ano passado vai perceber que mudou bastante. Em determinada etapa, uma equipe ficava em nono e na outra ganhava. Está todo mundo no mesmo nível. Mas posso destacar os times dos Estados Unidos, Suíça, Holanda e Alemanha. E tem também Ágatha e Duda, que fizeram uma temporada excelente”, afirmou Ana Patrícia.

Além das duplas dos países citados por Ana Patrícia, é possível destacar as canadenses Pavan/Paredes. Neste ciclo de Tóquio, as representantes ficaram em quarto no Mundial de 2017, conquistaram o título da competição em 2019 e lideram o ranking mundial.

“Acho que será uma competição de um altíssimo nível. Neste ciclo vimos várias duplas diferentes chegarem ao lugar mais alto do pódio, dentro do Circuito Mundial. Então teremos que estar muito bem preparadas”, comentou Ágatha.

Atuais campeãs do circuito nacional e com presença frequente nos pódios do circuito mundial, Ana Patrícia e Rebecca, que também confirmaram presença nos Jogos Olímpicos no fim de 2019, sonham com o pódio duplo para o país.

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“Gosto de colocar os sonhos acima de muitas coisas e, se já sonhei com tanta coisa, porque não sonhar com uma medalha olímpica? O ideal seria que fosse uma final brasileira, mas sabemos que todo mundo trabalha e quer estar lá. As recompensas virão com trabalho e merecimento. Qualquer medalha que vier será ótimo, mas a que eu gostaria é a dourada”, comentou Ana Patrícia.

“Pode-se esperar o time dando o seu máximo em quadra. Vamos buscar a nossa melhor preparação dia a pós dia, pra chegarmos em Tóquio voando. É o nosso objetivo”, disseram Ágatha e Duda.

Maior país da modalidade

O vôlei de praia começou a fazer parte do programa olímpico desde os jogos Olímpicos de Atlanta em 1996. Em seis edições de Olimpíadas, o Brasil subiu ao pódio em 13 oportunidades e é o país que conquistou a maior quantidade de medalhadas na modalidade.

Jacqueline Silva - Sandra Pires - Atlanta-1996 - Primeiras brasileiras campeãs olímpicas
Jacqueline Silva e Sandra Pires, as primeira campeãs olímpicas (Divulgação)

No decorrer da história, que começou com a final brasileira em 1996 entre Sandra/Jaqueline e Adriana Samuel/Mônica, passando por Sydney-2000 e seus três pódios do Brasil, retomado do título olímpico em 2004 com Ricardo/Emanuel, até o ouro e a prata no Rio de Janeiro, com Alison/Bruno Schimidt e Ágatha/Barbara, os brasileiros mostraram ao mundo que o vôlei de praia do país merece sempre ser colocado como candidato ao pódio.

Para os Jogos Olímpicos de Tóquio, o Brasil terá três medalhistas entre os oito atletas. Alison/Álvaro Filho, Evandro/Bruno Schmidt, Ágatha/Duda e Ana Patrícia/Rebecca começarão em 365 dias a disputa do vôlei de praia na Olimpíada e esperam que ela termine no pódio.

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