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Projeto do Curitiba Vôlei pode ser encerrado após polêmicas

Gisele Miró, gestora do único clube do Sul do país na Superliga, afirma que pode desistir do projeto também por questões financeiras

Curitiba Vôlei
Equipe do Curitiba Vôlei pode encerrar trabalhos após polêmicas (Divulgação)

Oitavo colocado até a paralisação forçada da última edição da Superliga Feminina, o Curitiba Vôlei pode estar fechando as portas. Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, a gestora do time, Gisele Miró, revelou que os ataques que tem recebido após polêmicas recentes envolvendo o líbero Aninha e as constantes dificuldades financeiras têm feito com que a cartola passe a questionar a continuidade do projeto.

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“O projeto do Curitiba Vôlei envolve muita gente. É um sucesso dentro das quadras e faz um importante trabalho social. É a única equipe do Sul do Brasil na Superliga. É muito difícil conseguir patrocínio para o esporte e agora com a pandemia mais difícil ainda. Todos os anos tive que tirar dinheiro do bolso, pedir empréstimos para manter a equipe. Não merecia esses ataques covardes. Tem uma chance bem grande de eu desistir”, revelou a dirigente.

Entenda as polêmicas

No final do mês de junho o Curitiba Vôlei foi alvo de uma série de denúncias feitas por atletas e ex-atletas por falta de apoio e pagamentos. A pioneira nas acusações foi a líbero Aninha, que estava no clube desde 2016.

Aninha Curitiba Vôlei Gisele Miró
Aninha (centro) está no Curitiba Vôlei desde 2016 (divulgação)

Segundo contou a atleta, a equipe paranaense atrasou salários e não prestou auxílio de moradia e clínico adequados para a recuperação de uma cirurgia dentária.

“A única coisa que eu esperava como atleta e como pessoa era respeito, o que não tive. Tudo o que passei foi um pesadelo. Tentei uma negociação com o clube há algum tempo, mas nada feito. Decidi falar para conseguir o que é meu por direito: salários não pagos, minha reabilitação não paga, meu tratamento odontológico não concluído e tudo o que eu paguei com aluguel nesses últimos meses”, declarou Aninha, na ocasião.

Gisele Miró diz ter ficado espantada pelas reclamações feitas por jogadora, que, segundo a dirigente, nunca deu sinais de descontentamento com a sua situação na equipe.

“Recebi com enorme surpresa e já provei que não são verdadeiras. O Curitiba vôlei estava com todos os salários em dia até a pandemia quando a Superliga foi cancelada. O mundo todo precisou renegociar e ela foi a única que não aceitou. Temporada passada teve outra proposta, mas me pediu para ficar no time, sempre pareceu muito feliz. Todos os fatos e provas já estão com o meu advogado. Não quero prejudicar a atleta, mas acredito na Justiça”, declarou a dirigente.

Alguns dias após o início da polêmica, o patrocinador máster da equipe, a Universidade Positivo, confirmou que Aninha realizou um procedimento cirúrgico ortodôntico. Porém, diferentemente do que foi dito pela atleta, garantiu que a líbero estava ciente de que a recuperação dependeria de seu comprometimento, além de ter informado que a instituição prestaria toda a ajuda necessária para a recuperação.

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No mesmo dia que desmentiu parte das acusações da atleta, a universidade divulgou ainda que a parceria com o Curitiba Vôlei estava sendo encerrada. Segundo nota, o término da relação, porém, não possuía nenhum tipo de ligação com as recentes polêmicas relacionadas ao clube, fato este que foi confirmado por Gisele Miró ao OTD.

“Todos os nossos patrocínios são por temporada. Com a pandemia, os acordos foram encerrados antes de maio. A universidade foi vendida e ainda não tive oportunidade de conhecer os novos donos para apresentar um resultado de mídia para o grupo. O projeto do Curitiba Vôlei é um dos poucos que une esporte e educação”, declarou a mandatária. 

Projeto em quadra

Ex-tenista profissional, Gisele Miró tem o nome marcado na história do esporte brasileiro com duas medalhas conquistadas em Jogos Pan-Americanos, ambas em Indianápolis em 1987 – ouro em simples e bronze nas duplas mistas – e pelo fato de ser a primeira brasileira a vencer uma partida na modalidade em Jogos Olímpicos.

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Gisele Miró foi a idealizadora do projeto do Curitiba Vôlei (Reprodução)

Desde 2016, a ex-tenista tem liderado o projeto do Curitiba Vôlei, que visa implantar o esporte na capital paranaense e é apadrinhado pelo também ex-atleta Giba. Mesmo com orçamento abaixo dos disponíveis aos principais times do vôlei feminino, fato que obrigava Gisele a investir dinheiro próprio, a equipe já demonstrava evolução na questão de resultados.

Após dois vice-campeonatos, sendo um na Superliga B e outro na Taça Ouro, a equipe conquistou o primeiro título da história em 2018, quando levantou a taça da Superliga B, garantindo espaço na elite do voleibol brasileiro desde então.

Na temporada passada da Superliga Feminina, encerrou a primeira fase na oitava colocação. A posição lhe garantiu vaga nos playoffs, onde acabou sendo eliminado pelo Minas, que viria a ser campeão. Neste ano, estava novamente garantido nas fases finais da competição, no entanto o torneio acabou sendo cancelado por conta da pandemia do novo coronavírus.

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