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“Quero respirar o Brasil”, afirma Adenízia sobre retorno

Vida leva eu. De volta ao Brasil, Adenízia foca no Bauru, deixa o futuro aberto e segue no radar da seleção.

Divulgação

Os últimos dias têm sido de muitas mudanças para Adenízia. “Estou na estrada, tá difícil!” Uma correria enorme, mas o Olimpíada Todo Dia conseguiu interceptar a central e descobriu o que se passa pela cabeça da campeã olímpica. “Minha vida fez uma reviravolta muito grande, preciso chegar ainda direito no Brasil”, brinca a jogadora.

Depois de quase quatro temporadas defendendo o Scandicci, da Itália, Adenízia está de volta ao Brasil, mais precisamente para defender o Sesi Vôlei Bauru. “Estou honrada. Venho conversando, namorando essa parceria há quase dois anos, mas sempre respeitando o contrato, ao mesmo tempo que planejava meu futuro.”

Adenízia não vinha sendo aproveitada na equipe italiana por uma série de fatores. “Foi uma coisa muito rápida. A gente estava vivendo uma crise, meu técnico (Marco Mencarelli) foi demitido e eu acreditava que ele tinha um planejamento para mim. Era certo que, passando o primeiro turno na Itália, eu voltaria a jogar. E ainda para jogar as partidas mais difíceis. Ficava treinando muito com ele, até uma hora sozinha para começar a ser escalada”.

Reprodução/Savino Del Bene Scandicci

Ainda assim, sem o técnico que confiava em seu potencial, Adenízia seguiu no Scandicci esperando uma chance. Que não veio. “Tenho uma amizade com presidente (do Scandicci), falei com ele (Paolo Nocentini), que me aconselhou. Um grande amigo meu, me levou ao altar. Disse para ele: quero jogar, não quero ficar na arquibancada, quero disputar posição, não precisa ser titular!”

A resposta do presidente foi a esperada. “Eu não gostaria de perder você, mas é isso mesmo que você quer, eu te libero, estou vendo que você não está bem, está triste, quero ver seu sorriso e deixo a porta aberta para você.” Com um amigo desses, Adenízia sabia que tinha feito a escolha certa. “E olha que ele já queria até assinar o contrato comigo, para eu voltar para a próxima temporada”, completa a central toda feliz.

Mas por que o Brasil? Adenízia tem bola para jogar em qualquer lugar do mundo. “Quero respirar um pouco do Brasil, precisava da energia daqui, energia que vai me fazer melhor. Fora que eu não sou estrangeira chegando na Superliga, e achava que teria mais espaço por aqui.”

Mas e Bauru? Por quê? “Sempre admirei e quis trabalhar com o Anderson. Lembro de vê-lo treinando em Saquarema, da sua garra, alegria e força de vontade. A gente já tinha conversado e agora, muito rapidamente, tudo se acertou.”

Tão rápido mesmo que a central já estreou pelo time. Pela Copa Brasil, na última terça-feira (21), o Sesi Bauru encarou o Osasco e venceu por 3 sets a 1, garantindo-se na semifinal, onde enfrentará o Sesc-RJ. “Ontem foi uma delícia, time jovem, crescendo e tomando forma. É gostoso voltar”

Só que não tem como falar de Adenízia e não falar de seleção. A central solta outra gargalhada, gostosa e orgulhosa. Foram mais de 10 anos servindo a amarelinha antes de pedir dispensa em 2019. “Sem dúvida alguma, eu agora estou com foco na recuperação, em ganhar ritmo e entrosamento, seleção será uma consequência.”

“Depende de mim, tem muita menina que tá jogando, que mostraram seu valor no último ano. Todos já me conhecem. Tenho que saber trabalhar, não tenho que mostrar, tenho credibilidade ” E como tem. Não à toa, José Roberto Guimarães sempre esteve em contato com a central brasileira.

“Ele (o Zé, como diz Adenízia) sempre quis saber como eu estava, sobre a minha recuperação, o fisioterapeuta dele esteve comigo e eu sempre mantive contato, é isso. Mas não tem nada feito pela comissão técnica do Brasil. É o que eu tenho agora, deixa correr”, finaliza.

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É um momento de recuperação para a central. A cirurgia no ombro exigiu muito de Adenízia, que admite, é fominha e não gosta de ficar parada.

“Foi muito difícil, eu nunca tinha tido nada desse tipo, eu sou sem paciência, me faz mal ficar sem treinar, fora que tive muita dor, dificuldade até para comer, precisei de ajuda e sou muito independente. Foi um amadurecimento total, crescimento e aceitação.”

Sem falar que Adenízia volta diferente após os anos na Itália. Madura fora e dentro de quadra. “Eu aprendi muito, lá tem um outro voleibol, não tinha jogo fácil, não que aqui tenha, mas vi várias vezes o primeiro perder para o último, meu time mesmo já aconteceu. Fora que aprendi um jeito diferente de bloquear, que aqui não é muito usado. Aqui somos mais livres para o bloqueio. Na Itália não. Tem regra e tem que seguir. Às vezes eu via a jogadora na diagonal, mas não podia jogar, tinha que saltar reto e deixar a defesa trabalhar.”

A maturidade também trouxe responsabilidade e mais atenção com o seu entorno. “No emocional, aprendi a ser mais humana, a me preocupar com minhas companheiras, principalmente as estrangeiras que chegavam, como eu tinha mais tempo de clube junto, eu já sabia como funcionava, então eu ajudava no máximo que conseguia”.

Agora, Adenízia é a novidade no Bauru, chegando na humildade, mas com bola de sobra para pegar a titularidade e o que mais vier pela frente.

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