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Orçamento de Tóquio-2020 prova que a conta do COI não fecha

O custo exorbitante para os Jogos de Tóquio mostra que as ações do Comitê Olímpico Internacional para tornar a Olimpíada sustentável são um belo fiasco

A três dias do Natal, os organizadores da Olimpíada de Tóquio-2020 deram um inesperado (e pouco agradável) presente para o COI (Comitê Olímpico Internacional). Em sua primeira revisão do orçamento para os próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, os japoneses apresentaram que o custo estimado do evento deve bater na casa do 1,3 trilhão de ienes, que dá aproximadamente US$ 12,1 bilhões, segundo comunicado oficial do OCOG (Comitê Organizador de Tóquio-2020).

Essa brincadeira toda, em reais, pelo câmbio desta terça-feira (27), fica em R$ 43,2 bilhões. Para quem acompanhou de perto a conturbada organização da Rio-2016, os números assustam bastante. Por aqui, com todos os problemas de atrasos e denúncias de superfaturamentos, a conta deve ficar em torno de R$ 39 bilhões.

No comunicado oficial, os dirigentes japoneses explicam detalhadamente como a conta ficou tão salgada assim, especialmente em comparação ao valor de US$ 5 bilhões, apresentado em 2013, quando venceu a eleição.

Eles também asseguram que buscarão “otimizar os custos” e que as quatro partes envolvidas na organização – governo metropolitano de Tóquio, governo do Japão, COI e comitê Tóquio-2020 – asseguram que o calendário está dentro do cronograma e que “serão entregues uma edição olímpica do mais alto nível e com um legado duradouro para a cidade”.

Para mim fica claro que a mensagem que está neste primeiro orçamento dos Jogos de Tóquio é que a conta do COI não fecha.

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Por mais que a entidade ainda insista em tentar aplicar os pontos da tal agenda 20 + 20, primeiro projeto do alemão Thomas Bach à frente da entidade para modernizar as Olimpíadas, o fato é que o COI fracassou naquela questão mais delicada: os altos custos do evento.

O COI já tinha experimentado o vexame de ver cidade após cidade desistir da candidatura para os Jogos de inverno de 2022, até que só sobrassem duas pretendentes, Almaty (Cazaquistão) e Pequim (China), que acabou vencendo a disputa. As demais candidatas desistiram alegando que o custo para organizar o evento é muito alto.

Da mesma forma, Boston (EUA), Hamburgo (ALE) e Roma (ITA) também abriram mão de seguir na disputa para 2024, sempre apontando que os problemas são os custos elevadíssimos e o legado discutível para as cidades. Restam na disputa Los Angeles (EUA), Paris (FRA) e Budapeste. A eleita será conhecida em setembro de 2017.

Por isso, resta ao COI colocar o “dedo na ferida”. É preciso que convença as federações internacionais que a realidade exige um evento mais enxuto, sem instalações luxuosas ou mesmo colocando em prática a possibilidade de partilha de sedes. Enquanto isso não foi feito, os custos da Olimpíada continuarão subindo sem freio, a ponto de ameaçar a existência dos Jogos.

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