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10000m masculino

Calendário

Recordes

OlímpicoMundialBrasileiro
27:01.17 / Kenenisa Bekele (ETH) / 17/08/2008 – Pequim (CHN)
26:17.53 / Kenenisa Bekele (ETH) / Bruxelas (BEL) – 26/08/2005
27:28.12 / Marílson dos Santos / Neerpelt (BEL) – 02/06/2007

+ Veja a lista dos brasileiros classificados para os Jogos

Favoritos

Com a aposentadoria de Mo Farah, o favoritismo dos 10.000m masculino nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 é todo dos africanos. Um nascido na África não perde o ouro olímpico desde Moscou-1980 e um Mundial desde Helsinque-1983.

Joshua Cheptgei, de Uganda, venceu o ouro o último Mundial, em Doha, com 26:48.36, melhor marca do ano de 2019. Esta foi a única prova de 10.000m masculino que ele disputou no ano. Cheptgei deve chegar como um dos favoritos em Tóquio, pois também levou o ouro no Mundial de cross-country em 2019, na Dinamarca.

A armada etíope chegará com muitos nomes nos 10.000m masculino dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, incluindo Yomif Kejelcha, prata no Mundial, e Hagos Gebrhiwet, que devem conseguir vagas na equipe etíope. Entre os quenianos, Rhonex Kipruto será o principal nome da equipe, vindo do bronze no Mundial, além da vitória na etapa de Estocolmo da Diamond League em 2019.

Saindo da África (mas nem tanto), o canadense Mohammed Ahmed foi o melhor não-africano no Mundial, embora ele seja da Somália. Ele ficou em sexto nos 10.000m masculino e foi bronze nos 5.000m. O americano Lopez Lomong, também africano de nascimento (ele é do Sudão do Sul), foi sétimo no Mundial. São poucos europeus que se destacam nessa prova. Entre eles temos o italiano (também nascido na África, na Etiópia) Yemaneberhan Crippa, o francês Morhad Amdouni, campeão continental em 2018, e o norueguês Sondre Nordstad Moen, que devem chegar a Tóquio com chances de brigar por medalha nos Jogos Olímpicos.

O Brasil nos Jogos

O primeiro brasileiro a disputar os 10.000m masculino foi Adalberto Cardoso, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1932, ficando em 13º na final direta da prova, que tem uma história muito curiosa. Ele foi à LA no navio Itaquicê com toda a delegação brasileira e mais 50.000 sacas de café. Ele só competiria nos Jogos caso vendesse a sua quota, o que Adalberto não conseguiu e não poderia competir. Ele seguiu de navio até São Francisco, mas decidiu que iria competir de qualquer jeito. Sem dinheiro, foi de carona até Los Angeles e chegou pouco tempo antes de sua prova. Mesmo terminando em último, foi muito aplaudido e acabou chamado de “Iron Man” pelo jornal The Los Angeles Times.

O Brasil voltou a ter um representante na prova mais longa apenas em Los Angeles-1984, com José João da Silva, terminando em décimo na sua bateria com 29:10.52, longe da final. Ex-recordista mundial da maratona, Ronaldo da Costa foi o último brasileiro a competir nos 10.000m, em Atlanta-1996, terminando com 29:26.58, parando na primeira rodada.

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Histórico

A prova mais longa da pista foi disputada pela 1ª vez no Jogos Olímpicos de Estocolmo-1912 e foi vencida pelo finlandês Hannes Kolehmainen, que também venceu os 5.000m e o cross-country nesta edição. Após a primeira rodada, seguiu-se a sequência finlandesa com o espetacular Paavo Nurmi levando os 10.000m masculino em Antuérpia-1920 e Amsterdã-1928, Ville Ritola em Paris-1924 e Ilmari Salminen em Berlim-1936. Apenas o polonês Janusz Kusocinski quebrou o domínio em Los Angeles-1932.

Após a Segunda Guerra Mundial, o tcheco Emil Zatopek venceu seu primeiro ouro nos 10.000m masculino nos Jogos Olímpicos de Londres-1948, sendo o primeiro a baixar da marca dos 30min em uma Olimpíada, com 29:59.6. Na edição seguinte, em Helsinque-1952, Zatopek começou sua participação olímpica histórica nesta edição vencendo o ouro nos 10.000m com 29:17.0. Ele levaria ainda os 5.000m e a maratona nesta edição, fato inigualável até hoje.

Foi apenas nos Jogos Olímpicos da Cidade do México-1968 que os africanos apareceram no topo do pódio dos 10.000m masculino pela primeira vez com o queniano Naftali Temu. Em seguida, a Finlândia voltou ao topo com Lasse Virén, levando a dobradinha em Munique-1972 e Montreal-1976. Ele venceu nessas duas edições os 5.000m e os 10.000m, o primeiro na história a fazer o feito. A partir de Seul-1988, apenas africanos natos venceram, começando com os marroquinos Brahim Boutayeb em 1988 e Khalid Skah em 1992.

A partir daí, três mitos do atletismo ficaram com dois ouros cada nos 10.000m masculino dos Jogos Olímpicos. O etíope Haile Gebrselassie venceu em Atlanta-1996 com 27:07.34 numa grande final contra o queniano Paul Tergat, multivencedor da Corrida de São Silvestre. Eles refizeram o duelo em Sydney, onde Gebrselassie venceu brilhantemente com 27:18.20, apenas 0.09 mais rápido que o queniano. O etíope venceria esta prova 4 vezes em Mundiais, entre 1993 e 1999.

O também etíope Kenenisa Bekele, também tetracampeão mundial, venceu os 10.000m masculino nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 e de Pequim-2008, vencendo em ambas as finais seu compatriota Sileshi Sihine, sempre com recorde olímpico.

Nascido na Somália, mas defendendo a Grã-Bretanha, Mo Farah levou em casa em Londres-2012 e no Rio-2016, sempre fazendo uma volta final espetacular para vencer nos centímetros finais. Farah repetiu o feito de Virén e venceu os 5.000m e os 10.000m nas duas edições olímpicas.

Os Medalhistas

Olimpíada
Estocolmo-1912Hannes Kolehmainen
FIN
Lewis Tewanima
USA
Albin Stenroos
FIN
Antuérpia-1920Paavo Nurmi
FIN
Joseph Guillemot
FRA
James Wilson
GBR
Paris-1924Ville Ritola
FIN
Edvin Wide
SWE
Eero Berg
FIN
Amstrerdã-1928Paavo Nurmi
FIN
Ville Ritola
FIN
Edvin Wide
SWE
Los Angeles-1932Janusz Kusociński
POL
Volmari Iso-Hollo
FIN
Lasse Virtanen
FIN
Berlim-1936Ilmari Salminen
FIN
Arvo Askola
FIN
Volmari Iso-Hollo
FIN
Londres-1948Emil Zátopek
CZE
Alain Mimoun
FRA
Bertil Albertsson
SWE
Helsinque-1952Emil Zátopek
CZE
Alain Mimoun
FRA
Aleksandr Anufriyev
URS
Melbourne-1956Vladimir Kuts
URS
József Kovács
HUN
Al Lawrence
AUS
Roma-1960Pyotr Bolotnikov
URS
Hans Grodotzki
GER
Dave Power
AUS
Tóquio-1964Billy Mills
USA
Mohammed Gammoudi
TUN
Ron Clarke
AUS
Cidade do México-1968Naftali Temu
KEN
Mamo Wolde
ETH
Mohammed Gammoudi
TUN
Munique-1972Lasse Virén
FIN
Emiel Puttemans
BEL
Miruts Yifter
ETH
Montreal-1976Lasse Virén
FIN
Carlos Lopes
POR
Brendan Foster
GBR
Moscou-1980Miruts Yifter
ETH
Kaarlo Maaninka
FIN
Mohamed Kedir
ETH
Los Angeles-1984Alberto Cova
ITA
Mike McLeod
GBR
Michael Musyoki
KEN
Seul-1988Brahim Boutayeb
MAR
Salvatore Antibo
ITA
Kipkemboi Kimeli
KEN
Barcelona-1992Khalid Skah
MAR
Richard Chelimo
KEN
Addis Abebe
ETH
Atlanta-1996Haile Gebrselassie
ETH
Paul Tergat
KEN
Saleh Hissou
MAR
Sydney-2000Haile Gebrselassie
ETH
Paul Tergat
KEN
Assefa Mezgebu
ETH
Atenas-2004Kenenisa Bekele
ETH
Sileshi Sihine
ETH
Zersenay Tadese
ERI
Pequim-2008Kenenisa Bekele
ETH
Sileshi Sihine
ETH
Micah Kogo
KEN
Londres-2012Mo Farah
GBR
Galen Rupp
USA
Tariku Bekele
ETH
Rio-2016Mo Farah
GBR
Paul Tanui
KEN
Tamirat Tola
ETH

Quadro de Medalhas

PaísTotal
1Finlândia74415
2Etiópia53614
3Grã-Bretanha2125
4Marrocos2013
4União Soviética2013
6Tchéquia2002
7Quênia1438
8Estados Unidos1203
9Itália1102
10Polônia1001
11França0303
12Suécia0123
13Tunísia0112
14Alemanha0101
14Bélgica0101
14Hungria0101
14Portugal0101
18Austrália0033
19Eritreia0011

A Prova

10.000 metros rasos é uma modalidade olímpica de atletismo e a mais longa distância disputada em pista, com um total de 25 voltas em torno da pista padrão de 400 metros do estádio.

Os antigos gregos já organizavam corridas de resistência semelhantes às corridas de longa distância atuais. A primeira prova semelhante aos 10 000 metros disputada na Era Moderna foi a corrida das 6 milhas (9 656 m), na Grã-Bretanha. O primeiro recorde aferido para a distância exata de 10 000 metros foi registrado em 1847. A prova entrou no programa olímpico em Estocolmo 1912, com a vitória do finlandês Hannes Kolehmainen. Durante todo o período anterior à II Guerra Mundial ela foi dominada pela Finlândia e seus fundistas, chamados de Finlandeses Voadores, como Kolehmainen, Paavo Nurmi e Ville Ritola. O último fundista deste país a vencê-la em Olimpíadas foi Lasse Viren, bicampeão olímpico em Munique 1972 e Montreal 1976. A partir dos anos 80, a distância passou a ser de domínio absoluto dos africanos, especialmente etíopes e quenianos, tanto em Jogos Olímpicos quanto em campeonatos mundiais.

Introduzida no programa olímpico para mulheres em Seul 1988, a primeira campeã olímpica foi a soviética Olga Bondarenko. Com o correr dos anos, as africanas passaram também a dominá-la, assim como a todas as provas de longa distância, como os 5000 metros e a maratona, secundadas pelas chinesas.