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Tóquio 2020

Chierighini e Albertinho miram ouro olímpico no 4 x100 livre

Nadador e treinador tiraram lições do resultado no Mundial de 2019, exaltaram grupo e colocaram o Brasil na disputa do ouro no revezamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio

O revezamento 4 x 100 m livre é uma das provas mais tradicionais da natação brasileira. Após ser vice-campeão mundial em 2017, o Brasil terminou 2018 com o melhor tempo do mundo, mas sofreu um baque durante o ano passado com o doping de Gabriel Santos e não manteve o bom desempenho. Mesmo assim, Marcelo Chierighini, um dos mais experientes da equipe, e Alberto Silva, o Albertinho, treinador da seleção brasileira, acreditam que o país briga pelo ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Albertinho e Chierighini participaram de uma live feita pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) nesta quinta-feira (23) ao lado de Gabriel Santos, Breno Correia, André Calvelo, Marco Antônio Ferreira e Pedro Spajari, outros postulantes a fazer parte do time do revezamento brasileiro 4 x 100 m livre em Tóquio.

“O grupo só vem crescendo. A gente tem muito a mostrar ainda, independentemente dos titulares. O Brasil vai estar bem e lá em cima. Temos muito a crescer ”, disse Pedro Spajari, de 19 anos.

O que fazer para conquistar o ouro?

A prata no Mundial de Budapeste quebrou um jejum de 17 anos sem conquistas em eventos de primeiro nível nas provas de revezamento em piscina olímpica (50 metros). Na ocasião, Cesar Cielo, Bruno Fratus, Marcelo Chierighini e Gabriel Santos nadaram para 3min10s34. Segundo Chierighini, o Brasil terá que repetir o desempenho para medalhar em Tóquio. Se quiser o ouro, talvez precise baixá-lo em dois segundos.

“Esse revezamento cada vez fica mais rápido. Para a gente pegar uma medalha, precisamos fazer pelo menos 3min10s, na minha visão. Para pegar um ouro, vai ser preciso 3min09s e alguma coisa. Talvez alguém até bata o recorde mundial (3min08s24). Então para fazer 3min08s ou 3min09s é preciso ter uma média excelente, com todos nadando para 47s. Assim fica um revezamento competitivo. É algo que a gente já fez, não é um sonho distante”, disse.

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Albertinho acredita que é possível todos os atletas fecharam os 100 m em 47s e diz que o Brasil precisa focar no ouro.

“O trabalho todo é para que esses atletas que já nadaram para 47s voltem a nadar para esse tempo ou até mesmo melhorá-lo. Aí a gente fica confiante para acreditar que mais algum deles nade para 46s. Em 2017, o Bruno nadou para 47s10 e o Marcelo para 46s8 e brigamos com os americanos até o toque na parede. Precisamos mirar no ouro, temos qualidade para isso e vamos torcer para que daqui um ano todos estejam na melhor forma”, afirmou.

Projeção para Tóquio

No último Mundial, em Gwangju, no ano passado, o ouro do revezamento 4 x 100 m livre ficou com os Estados Unidos, que encerrou a prova em 3min9s06. A Rússia, com 3min9s97, ficou em segundo, enquanto a Austrália fechou o pódio em 3min11s22. Além dos três, Albertinho vê o próprio Brasil e a Itália na briga por uma medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

“Os Estados Unidos vai ter sempre uma quantidade grande de ótimos nadadores e têm sempre alguém de diferencial, hoje o Caeleb Dressel, que está tentando chegar no recorde mundial do César Cielo (nos 50m livre). Ele abrindo o revezamento e tendo uma quantidade de atletas entre os melhores do mundo na prova coloca os Estados Unidos em um lugar à parte. A Itália é sempre um adversário perigoso, vai chegar bem. A Austrália tem um grande nadador, o Kyle Chalmers, campeão olímpico. Com a volta do James Magnussen, eles miram o pódio também”, completou.

“Acredito na Rússia, que é uma incógnita por conta da proibição do país em participar dos Jogos Olímpicos como time. Mas eles seriam sérios candidatos. Eu vejo Brasil, Estados Unidos, Rússia, Austrália e Itália na briga, mas coloco Brasil, Estados Unidos e Rússia como os mais fortes na busca pelo ouro”, completou.

2019 complicado

Apesar de favorito ao pódio no Mundial de Gwangju, o Brasil sofreu um baque com a punição de Gabriel Santos e ficou apenas em sexto, com 3min11s99. O nadador foi pego no doping a dois meses da competição e acabou julgado dois dias antes das disputas. Ele ficou de fora da equipe brasileira e abalou o psicológico dos companheiros, conforme revelaram Albertinho e Marcelo Chierighini, que tiraram lições da situação. Em fevereiro deste ano, Gabriel Santos foi absolvido pela Corte Arbitral do Esporte (TAS)

“Em 2019, a gente aprendeu bastante. Tivemos o revés do Gabriel, mas ele conseguiu provar a inocência. Foi uma coisa muita dura para a gente na hora, abalou muito. Foi muito difícil nadar naquele ambiente. Se não fosse esse problema, todo mundo nadaria melhor. Mas foi uma experiência. Não tem como a gente chegar em uma medalha de ouro em Olimpíada sem passar por desafios. Isso só nos fortalece para chegar mais preparado mentalmente nas Olimpíadas, no sentido de que tudo pode acontecer, mas o importante é controlar o que a gente pode controlar, não fatores externos”, disse Marcelo Chierighini.

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“A gente não queria passar por aquilo, mas acredito vamos chegar mais cascudos por causa disso. Todos nós estamos mais fortes mentalmente. Naquele mês da acusação ao Gabriel, por mais que a gente tenha buscado estar unido, foi muito duro. Tínhamos feito tudo certo. Tivemos grandes resultados durante a temporada na Europa, até melhores que os dos outros anos”, afirmou Albertinho.

“Deu liga”

Por fim, Albertinho, que já treinou Cesar Cielo, Thiago Pereira, Gustavo Borges e Flavia Delaroli e participou de quatro Olimpíadas, além de mais de 15 Mundias, exaltou o grupo de nadadores do Brasil.

“O espírito do time é fundamental. Quando junta o grupo e dá aquela liga, a energia passa. Eu vejo o Brasil muito forte na disputa pelo ouro, não estou sendo prepotente e até coloco alguns adversários na frente, mas eu sei o valor que esse time tem e quando dá essa liga… A gente tem os tempos feitos. Em 2019 com a notícia e o julgamento na véspera da prova, por mais que um abraçasse o outro, o time não estava com essa energia”, finalizou.

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