Siga o OTD

Surfe

Com Tati e Silvana, Brasil tem melhor ano desde 2010

Com Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima representando o surfe feminino brasileiro, país fecha 2018 com melhor posição dos últimos 8 anos.

Foto: Kelly Cestari/WSL

2018 foi um ano de evolução e crescimento para o surfe feminino brasileiro. Pela primeira vez desde 2010, o país terminou o ano representado no top-4 do mundo e até chegou a brigar pelo título. Tudo isso esteve relacionado à entrada do esporte nos Jogos Olímpicos, já que o COB passou a apoiar o surfe e até criou uma equipe, com a cearense Silvana Lima, a jovem promessa Tainá Hinckel e a “ex-havaiana” Tatiana Weston-Webb. A diferença no desempenho foi gritante e a perspectiva futura é positiva, tendo em vista que 2019 será o ano classificatório para Tóquio-2020 e o Brasil tem boas chances de angariar vagas.

+ CONFIRA A CLASSIFICAÇÃO FINAL DO CT FEMININO 2018

Surfe feminino brasileiro em Tóquio?

Silvana Lima surfando na piscina de ondas. Foto: WSL

Antes de destrinchar e relembrar o ano do surfe feminino brasileiro vale lembrar que haverão três formas de classificação para a Olimpíada de Tóquio e o Brasil terá grandes chances de conseguir, ao menos, duas vagas.

  • As 8 primeiras do CT 2019 (com limite de duas surfistas por país)
  • A campeã do Pan-Americano 2019, no Peru
  • 6 melhores do ISA Games 2020

Além disso, a campeã da seletiva japonesa e a melhor africana, a melhor europeia, a melhor asiática e a melhor competidora da Oceania no ISA Games 2019 garantem a vaga em Tóquio.

Tati Weston-Webb conquista o Brasil e tem melhor ano da carreira

Os esforços do COB para formar uma equipe olímpica de surfe feminino começaram há 8 meses, quando foi anunciado que Tatiana Weston-Webb, nascida no Brasil e filha de uma brasileira com um inglês, iria trocar a bandeira do Havaí, local em que vive desde a infância, pela verde e amarela. A mudança foi inédita no esporte e causou certa estranheza na imprensa e na torcida no início. No entanto, conforme o tempo foi passando, Tati, que namora o surfista brasileiro Jesse Mendes, foi se adaptando e passou a conviver com Gabriel Medina, Filipe Toledo, Willian Cardoso e todos os atletas brasileiros da elite, que viajam juntos. Isso a ajudou a criar uma identificação com o país e com a torcida, muito pela ajuda das redes sociais.

Veja abaixo o vídeo do anúncio da troca de bandeira da Tati:

Após o anúncio, Tati decolou e fez sua melhor temporada no CT, igualando 2016, ano em que também conseguiu a 4ª colocação. Para brigar pelo título, faltou vencer etapas. A melhor oportunidade foi em Uluwatu, mas em uma final polêmica, a francesa Johanne Defay levou a melhor. Se a brasileira tivesse vencido ali poderia embalar e encostar nas concorrentes, Stephanie Gilmore (AUS) – que acabou se sagrando heptacampeã mundial no final da temporada – e Lakey Peterson (EUA), vice. Era perceptível que as duas estavam um degrau acima. No campeonato do “resto”, Tati mostrou seu valor e só não ficou com a terceira colocação, pois a havaiana Carissa Moore venceu duas das últimas três etapas e subiu muito na tabela.

Silvana Lima

No alto de seus 34 anos, a cearense Silvana Lima é a outra representante brasileira no CT e esperança de classificação para Tóquio. Mesmo com a idade avançada, “Sil”, como é carinhosamente chamada pelos amigos, parece ter muito surfe no pé. Claro que não é a mesma Silvana, que foi vice-campeã mundial em 2008 e 2009, mas a experiência e a entrega contam ao seu favor.

Silvana Lima (BRA) placed second in the Corona Highline heat at the 2018 Rip Curl Pro Bells Beach at Bells Beach, VIC, Australia.

Infelizmente, em 2018, Silvana foi atrapalhada na sua missão de terminar no top-10 por uma lesão no joelho, que ocorreu durante a etapa de Jeffreys Bay, na África do Sul. Na época, ela figurava na 9ª colocação, mas, devido a isso, perdeu aquela etapa e mais três e finalizou o CT na 13ª posição. Depois disso, a brasileira foi para o sacrifício e participou de um QS na Espanha para conseguir pontos e se reclassificar pela divisão de acesso. E foi o que ela conseguiu, com um 5º lugar na competição, que a deixou com a última vaga para o CT 2019.

Tainá Hinckel

Tainá Hinckel, promessa do surfe feminino brasileiro. Foto: MDavid/WSL

Um outro passo grandioso do surfe feminino brasileiro em 2018 foi a aposta na jovem catarinense Tainá Hinckel. Juntamente com Sophia Medina, irmã de Gabriel, ela é a maior promessa no esporte para os próximos anos. Com apenas 14 anos de idade (hoje já com 15), Tainá recebeu apoio do COB e foi convidada para compor a equipe brasileira no evento-teste do Surf Ranch, que teve exposição mundial e muita pressão. Seu desempenho foi muito bom, tendo em vista a diferença técnica que ainda possui para as atletas da elite. Agora é pensar no futuro. Talvez 2020 seja muito cedo para Tainá, mas para 2024 há boas chances da brasileira estar entre as classificadas para a Olimpíada.

O que esperar de 2019?

A havaiana Carissa Moore está entre as candidatas ao título do CT 2019. Foto: Ed Sloane/WSL

2019 promete ser o ano mais equilibrado do surfe feminino na década. Serão várias as candidatas ao título e às vagas nos Jogos Olímpicos. Na briga é possível que tenhamos, além das top-4 de 2018, a promessa norte-americana Caroline Marks, as sempre perigosas Tyler Wright (AUS) e Courtney Conlogue (EUA), que perderam boa parte da última temporada por lesão. Além disso, também teremos o Pan-Americano, em Lima, que dará uma vaga para Tóquio. A disputa vai ser muito boa e promete fortes emoções!

Mais em Surfe