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Polo Aquático

Ruptura entre clubes e Confederação cria duas ligas de pólo aquático no país

O pólo aquático do país está rachado. No começo do ano, dez clubes dos principais clubes da modalidade romperam com a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) e formaram uma liga independente para realizar as competições do esporte seguindo exemplos de sucesso obtidos no basquete de no futsal. A entidade, no entanto, não reconheceu até agora a organização montada pelos clubes, e organizou sua própria liga nacional, que terminou nesta terça-feira com o título conquistado pelo Botafogo.

A ruptura aconteceu por conta da insatisfação dos clubes com a gestão feita pela CBDA no pólo aquático. O descontentamento começou com o fato do técnico croata Radko Radic, que dirigiu a Seleção Brasileira na Rio 2016, ter exigido que os jogadores da equipe olímpica fossem jogar na Europa, esvaziando o calendário nacional e afastando patrocinadores. Para se ter uma ideia, a Liga Nacional, que teve três meses em 2014, foi disputada em apenas duas semanas em 2015.

Outro fator que foi preponderante para a ruptura foram as denúncias de corrupção. Entre elas, o fato da Confederação ser acusada de não ter repassado aos jogadores da Seleção a premiação de US$ 50 mil pelo terceiro lugar da Liga Mundial do ano passado.

Com tudo isso, dez dos 12 principais clubes da modalidade no país, Flamengo, Fluminense, Sesi, Pinheiros, Paulistano, Paineiras, Tijuca, Jundiaiense, Internacional de Regatas e Hebraica, fundaram no começo de 2016, a Pólo Aquático Brasil (PAB) com a intenção de organizar os campeonatos e o calendário de competições do esporte.

Para se ter uma ideia da força da Pólo Aquático Brasil, a nova liga reúne entre seus fundadores 17 dos 22 títulos de campeão brasileiro no masculino e todos os 12 do feminino. Entre os homens, o Fluminense foi dez vezes campeão, o Pinheiros cinco, Flamengo e Sesi, uma. No feminino, o Pinheiros levantou a taça dez vezes e o Flamengo duas. Das principais forças do esporte, apenas o Botafogo, dono de quatro títulos brasileiros, e a Associação Bauruense ficaram do lado da CBDA.

A ruptura esvaziou a Taça Brasil, realizada pela CBDA em abril na piscina do Botafogo. Para que o campeonato pudesse acontecer, o Alvinegro inscreveu dois times, o A e o B, e mais dois clubes completaram quatro competidores: Bauruense e Iate Clube de Brasília. A equipe A dos cariocas acabou ficando com o título.

Dois meses depois, em junho, a liga Pólo Aquático Brasil realizou seu primeiro campeonato com sede no Internacional de Regatas, em Santos. Com dez clubes no masculino e cinco entre no feminino, o Brasil Open terminou com o Paineiras campeão entre os homens e o Flamengo entre as mulheres.

Foram as únicas competições nacionais disputadas antes da Olimpíada. Depois dos Jogos do Rio, tanto a PAB quanto a CBDA realizaram torneios separados das categorias de base e agora em novembro voltaram a organizar torneios adultos.

No Rio de Janeiro, o Brasil Open teve sua segunda etapa e desta vez o campeão foi o Sesi, que bateu o Fluminense na final, disputada há pouco mais de uma semana. A CBDA, por sua vez, realizou do sábado até esta terça-feira sua Liga Nacional.

Para ter clubes suficientes para a disputa de seu campeonato, a entidade realizou o Torneio de Integração Nacional de pólo aquático, que classificou Clube Náutico Cearense, Clube Amazonense, Adeset/PA e Clube Santa Maria do Recife para a disputa da Liga Nacional.

Os quatro classificados se juntaram aos representantes da cidade-sede, Brasília: Iate Clube e Aquapro. Os seis time disputaram em pontos corridos a Divisão 1, que teve como campeão o Clube Náutico Cearense e o Amazonense como vice. Os dois se classificaram para jogar a semifinal da Liga Nacional contra Botafogo e Bauruense, que só entraram no torneio nesta terça-feira, já que estavam pré-classificados por terem sido campeão e vice da esvaziada Taça Brasil, disputada em abril.

Sem dificuldade nenhuma por conta do abismo técnico que separa os times, o Botafogo bateu por 25 a 2 o Amazonense e a Bauruense fez 15 a 5 no Náutico Cearense. Na decisão entre os vencedores da semifinal, vitória do Alvinegro, que conta com Paulo Salemi, Jonas Crivella, Bernardo Gomes e o goleiro Slobodan Soro, que defenderam o Brasil na Olimpíada, por 22 a 4.

Não há comparação entre o nível técnico das disputas nos campeonatos da CBDA e da PAB, cujos torneios são muito mais equilibrados, mas quem vai representar o país no Sul-Americano entre os dias 23 e 26 de novembro, serão os dois melhores da Liga Nacional organizada pela Confederação. Em paralelo à competição continental, Botafogo e Bauruense vão disputar a Super Final da Liga Nacional numa melhor de três jogos.

A Pólo Aquático Brasil segue na luta pelo reconhecimento da CBDA para poder organizar os campeonatos como acontece com as ligas independentes de futsal e basquete, mas, enquanto isso não acontece, os clubes que aderiram a ela vão disputar nas mesmas datas do Sul-Americano a terceira etapa do Brasil Open.

 

 

 

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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