Siga o OTD

Paralimpíada Todo Dia

Petrúcio Ferreira: um fenômeno de superação e recordes

Divulgação

Fenômeno paralímpico e recordista mundial, velocista Petrúcio Ferreira é movido pelo desafio de bater suas marcas

O principal rival do velocista paralímpico Petrúcio Ferreira é ele próprio. Não é exagero afirmar isso, não há prepotência ou arrogância. Há talento, dedicação e esforço. Atual campeão mundial e paralímpico, Petrúcio Ferreira vem quebrando o próprio recorde na prova dos 100 metros da categoria T47 desde que foi apresentado ao mundo na Rio-2016. O paraibano de 21 anos encontrou nele mesmo o seu principal oponente. “Eu venho trabalhando, treinando ao máximo, a cada competição, a cada ano, para abaixar minhas marcas, esse é o meu maior desafio.”

A mais recente marca é de 10s50, conquistada no Grand Prix de Paris de atletismo em 2018. E ela pode ser quebrada a qualquer momento, basta Patrúcio competir. Sua capacidade de superação é incrível, um verdadeiro fenômeno nascido no sertão da Paraíba, mais precisamente em São José do Brejo do Cruz.

Na Rio-2016, o velocista levou o ouro nos 100m com o tempo de 10s57. Passados dois anos, e a nova marca é 0.07 segundos menor. Sem falar que ele também domina nos 200 metros e ainda ajuda o Brasil no revezamento 4x100m. E Petrúcio Ferreira vem evoluindo tão rápido quanto corre. Se pensarmos que ele deixou o sertão para treinar em João Pessoa somente em 2014 e que após quatro anos domina o mundo em sua categoria, não há como negar que ele é um fenômeno.

Para se ter uma ideia de seu domínio, Petrúcio já até quebrou recorde se poupando na pista. “Já me resguardei em uma competição, para não bater recorde, e mesmo assim quebrei o recorde mundial. Foi na semifinal da Rio -2016, onde eu e tinha meta de correr a semi para me classificar, e na final eu daria o máximo. Mas o que acabou acontecendo, é que mesmo guardando energia para a final, eu quebrei o recorde na semifinal,” disse o velocista.

Até quando não vale, Petrúcio quebra o próprio recorde. Em abril deste ano, durante a segunda etapa do Desafio de Atletismo CBAt/CPB, ele correu para 10s51 nos 100m para atletas amputados até o cotovelo, categoria T47. Mas como não houve controle antidopagem para a prova, o Comitê Paralímpico Internacional não homologou a marca. O quê fez Petrúcio? Seguiu correndo.

“Tentei reagir da melhor forma possível, sabia que precisava tentar me concentrar bastante para buscar a marca em outro momento. Eu sei que naquela prova eu dei o meu melhor. Então tentei ficar calmo e fiquei pensando: se eu já consegui acertar uma vez, eu vou acertar de novo,” disse Petrúcio esbanjando confiança.

O pensamento acompanha a velocidade dos pés e já está em Tóquio-2020. Mas duas competições ainda estão no caminho para o Japão. “Sem dúvida alguma os Jogos Parapan-Americanos e o Campeonato Mundial são meus dois objetivos principais, então eu tenho que estar bem preparado para chegar pronto para competir,” afirmou.

O velocista brasileiro na verdade queria ter sido jogador de futebol, com um objetivo claro de vestir a camisa da seleção brasileira, algo que ele acabou conquistando em outra modalidade. Hoje em dia, Petrúcio, nas poucas folgas que tem, vai com os amigos para praia, onde faz embaixadinhas, cabeceia e domina a bola. Sobre a Copa do Mundo, ele analisa como um competidor nato que é. “Torci muito pelo nosso Brasil, que infelizmente caiu, não foi à final, faz parte do jogo, as principais seleções estavam lá, lá estão os países mais fortes. E em toda competição três vão levar a melhor, o restante sempre vai ficar pelo caminho, é assim no atletismo também,  isso já está na consciência dos jogadores.”

Longe da família desde que abraçou o esporte, Petrúcio Ferreira não esconde a saudade que sente dos parentes, que ainda vivem no sertão paraibano. “Tem quatro que eu moro em João Pessoa, capital da Paraíba, e não tenho muito contato com meus pais, mas sempre que dá eu vou pra São José. A família é a base de tudo, e eu que sou apegado aos meus pais e minha irmã, eu fico um pouco triste, a saudade bate, mas hoje eu sou grato por ter duas famílias. A minha principal, meu pai, mãe e irmã, e a minha família atletismo,” finaliza o atleta paralímpico.

Mais em Paralimpíada Todo Dia