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Da dança às águas: Luís Carlos Cardoso quer medalha em Tóquio

Hexacampeão mundial de paracanoagem, o paratleta disputou os Jogos Paralímpicos Rio-2016 e terminou na quarta colocação

Luís Carlos Cardoso Medalha Tóquio
Hexacampeão mundial, o paratleta Luís Carlos Cardoso busca a única conquista que falta em sua carreira (Arquivo pessoal)

Luís Carlos Cardoso está com 35 anos e não esconde de ninguém que seu sonho é conquistar uma medalha nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, que serão disputados em 2021. Hexacampeão mundial, o paratleta busca a única conquista que falta em sua carreira, já que bateu na trave na Rio-2016. Em 2019, ele recebeu o troféu de melhor atleta da paracanoagem brasileira, prêmio entregue pelo CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro).

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“Meu sonho é conquistar minha medalha nos Jogos. Infelizmente no Rio de Janeiro bati na trave, pois fiquei há seis centésimos de conquistar uma medalha. Esse é o único título que não tenho e espero mudar isso ano que vem em Tóquio”, afirmou Luís Carlos, em live veiculada em seu perfil no instagram e com a participação da CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem)

No bate papo, o paratleta disse que no início lamentou o adiamento de Tóquio porque estava realizando treinos intensos para competir em 2020. Porém, na sequência, percebeu que não adiantava ficar reclamando porque as coisas não iriam mudar. A competição precisou ter sua data modificada por conta da pandemia de coronavírus.

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“Estou encarando como uma nova oportunidade para seguir focado, treinando e modificar algum aspecto que ainda não consegui fazer. Tenho mais tempo para mexer em algumas variáveis importantes que podem ajudar a conseguir um bom resultado. Reclamar não adianta, pois nada vai mudar. Quero colocar essa energia dentro da água e focar no ano que vem”, declarou Luís Carlos.

Reviravolta e a ‘liberdade’ na paracanoagem

Luís Carlos Cardoso Medalha Tóquio
Luís Carlos Cardoso precisou trocar a dança pela paracanoagem (ICF/Divulgação)

Natural de Picos, no Piaui, Luís Carlos treina em São Bernardo do Campo e viu a paracanoagem mudar sua história. Antes de ingressar no esporte, o paratleta era dançarino de bandas de forró, entre elas a do Frank Aguiar. No entanto, ele precisou abandonar a atividade que amava em 2019 por conta de uma esquistossomose, problema que fez com que perdesse o movimento das pernas.

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“Tive uma história linda com a dança e trabalhei por nove anos dedicados a ela. Fiz parte de bandas conhecidas no nosso país e viajei pelo Brasil. Foi uma reviravolta na minha vida. Algo que nunca imaginei. Saí de Picos com 16 anos e sempre me vi na dança e coreografando. Minha vida foi sempre com a dança. Nunca havia trabalhado com outra coisa”, contou.

“Comecei a dançar com 11 anos e quando aconteceu a paraplegia me vi perdido. A paracanoagem veio para me dar a alegria que tinha quando estava dançando. Representando meu país voltei a sentir a mesma sensação de quando estava nos palcos. O esporte apareceu na minha vida logo que fiquei na cadeira de rodas e comecei meus primeiros passos em São Bernardo”, acrescentou Luís Carlos.

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De acordo com Luís Carlos, o início na modalidade não foi pensando em ser atleta, mas sim na reabilitação. “Vi na canoagem a oportunidade de ter mais estabilidade e força no meu corpo, mas foi amor a primeira vista. A canoagem me proporciona essa liberdade e mudou minha história, sem contar que tem um campo de trabalho incrível, próximo à natureza. Hoje vivo da canoagem e estou muito feliz por isso”, afirmou o paratleta.

Motivação e quarentena

Luís Carlos Cardoso Medalha Tóquio
Em 2019, Luís Carlos Cardoso recebeu o troféu de melhor atleta da paracanoagem brasileira (Alê Cabral/CPB)

Luís Carlos conquistou o título do Campeonato Mundial de Paracanoagem de 2019, disputado em Szeged, na Hungria. O paratleta brasileiro era o único não europeu na final dos 200 m da categoria VL2 (canoa) e foi medalha de ouro da prova. Com o tempo de 51s68, o canoísta foi o único a remar abaixo dos 52 segundos na final.

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E como fazer para manter a motivação nesta quarentena? “A rotina mudou totalmente. Por mais que esteja treinando em casa, isso desmotiva um pouco. Mas tenho que estar focado porque isso vai passar. Se não continuar com os treinos meu desempenho vai cair. Estou tentando me manter focado mesmo em casa. Sem os treinos na água, tenho trabalhado alongamento, concentração e estudos de vídeos”, destacou Luís Carlos.  

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Sem competições pela frente, o paratleta busca se inspirar de outra forma. “Tento me inspirar a cada dia. Não somente pensando nas competições. Tento buscar alguma forma de melhorar. Procuro Inspiração a cada dia, sem pensar no futuro. Se você pensa a longo prazo pode acabar se desmotivando no meio do caminho. A motivação tem que ser diária”, concluiu o competidor, que busca subir ao pódio em Tóquio.

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