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Medalha e homenagem ao pai: as metas de Geovanna Moura

Ala da Adevirn-RN luta para cavar lugar entre as convocadas da seleção de goalball e cumprir pedido do seu Severino

Geovanna Moura
CBDV

O ano de 2013 jamais será esquecido por Geovanna Moura. Em Natal-RN, cidade onde nasceu e se criou, ela conhecia o goalball. Nada mais seria igual na sua vida depois do contato com a bola azul. Só que naquele mesmo 2013, ela também perderia o pai, vítima de um infarto. Nada mais seria igual na sua vida depois da partida do seu Severino.

Hoje, às vésperas dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, a atleta espera prestar a melhor homenagem possível a ele: primeiro, garantir-se no grupo de jogadoras que irão ao Japão – a primeira fase de treinamentos, a partir do próximo dia 29, reunirá nove delas no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, e apenas seis passarão pelo último funil até o embarque rumo ao país asiático. Depois, se tudo der certo, conquistar uma inédita medalha paralímpica para a seleção feminina.

“Ao longo da minha carreira, participar das competições tem sido como sempre estar o homenageando. E ir pra Tóquio será muito importante, pois ele me falava para fazer sempre tudo com amor e não desistir nunca”, conta a ala de 20 anos, a caçula de uma família com quatro irmãos.

“Meu pai era quem me paparicava (risos). Éramos muito próximos. A perda dele ainda dói. Meus irmãos se casaram, então ficamos apenas eu e minha mãe. Assumi a responsabilidade da casa”, diz Geovanna, que nasceu com catarata congênita, herdada justamente da família materna. “Minha mãe falou que minha avó também tinha, e aí passou pra ela, que tem baixa visão também”, explica a filha da dona Magaly.

Quando a bola azul mudou tudo…

Mesmo lidando com o luto, Geovanna foi convencida por um amigo que já praticava goalball a ir conhecer o esporte no Ierc-RN (Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte). Mas o encanto não foi assim tão imediato…

“Ele me convidou a ir ver um treino. Fui, mas não achava legal, esse negócio de deitar no chão e rolar uma bola… Afe! Achava tedioso! Então, no dia seguinte fui treinar e comecei a ler coisas relacionadas. Aí, foi amor à primeira vista.”

A ascensão na carreira foi rápida. Pelo Ierc, conquistou dois Regionais Nordeste (2015 e 2016), sendo que no primeiro título também se sagrou artilheira, com 40 gols. Depois, pela Adevirn-RN, clube que defende atualmente, faturou outros dois campeonatos locais (2017 e 2019), sempre como artilheira das competições, além do vice na Série B da Copa Loterias Caixa do ano passado.

Em 2016, saiu a primeira convocação para uma fase de treinamentos com a seleção adulta. No ano seguinte, liderou a seleção juvenil no Mundial de Jovens da Hungria, quando conquistou a medalha de bronze. Já participou também de uma Malmö Cup e de um evento-teste no Japão, ambos no ano passado.

Quando questionada sobre o que o goalball representa atualmente em sua vida, a resposta vem rápida: “É tudo, simplesmente tudo. Não consigo me imaginar sem jogar. Posso dizer que me transformou e ainda me transforma a cada dia”. Lá em cima, seu Severino sorri, orgulhoso.

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