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Sem verba e sob risco de acabar, futebol de 7 busca patrocínio

Fora do programa paralímpico, o futebol de 7 é impedido de receber recursos do CPB. Brasil tem importante competição em julho e não tem como pagar os custos.

crédito: reprodução ANDE

Uma das modalidades paralímpicas mais tradicionais e vitoriosas do Brasil está sem patrocínio e sob o risco de acabar. Essa é a realidade do Futebol de PC, mais conhecido como Futebol de 7, detentor de três medalhas em Olimpíadas e peça-chave na vida de atletas com paralisia cerebral, decorrente de sequelas de traumatismo crânio-encefálico ou de acidentes vasculares cerebrais. 

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Por estar fora do programa paralímpico desde 2015 após determinação do Comitê Paralímpico Internacional (IPC – sigla em inglês), a modalidade no Brasil vive uma crise financeira em 2020. A Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE), não consegue mais receber verba do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e corre o risco de não disputar torneios importantes no ano. Em entrevista exclusiva ao OTD, Leonardo Baideck, diretor técnico da ANDE, explicou a situação e como está a busca por parceiros para o futebol de 7.

“Todo o orçamento da Ande nesse momento é oriundo da Lei Agnelo Piva [que estabelece que 2% da arrecadação bruta de todas as loterias federais do país sejam repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao CPB. Do total de recursos repassados, 85% são destinados ao COB e 15%, ao CPB]. Com o anúncio da retirada da modalidade do Jogos de Tóquio 2020 e Paris 2024, o CPB fica impedido de repassar recursos para a ANDE através da Lei. Quero deixar claro que não houve nenhum corte ou atitude de má fé por parte do CPB, muito pelo contrário. Eles querem continuar nos ajudando. Mas não podem fazer isso devido a essas restrições. Ou seja, no momento, nosso orçamento em 2020 para o futebol de 7 é de zero reais,” explicou Baideck.

A falta de verba coloca em xeque a participação do Brasil na Copa das Nações, competição que reúne os sete melhores colocados da última Copa do Mundo, em que o Brasil foi terceiro, mais a Itália, país sede. Para participar, a ANDE terá que pagar uma taxa de inscrição de 1250 Euros (cerca de 5800 reais), além de transporte, hospedagem e mais as passagens aéreas para os 14 atletas e mais 6 membros da comissão técnica até a Sardenha, local onde ocorrerá o torneio.

“Acredito que com 90 mil dólares (cerca de 360 mil reais) conseguiríamos pagar. Estamos muito chateados em não ter este recurso, mas muito empenhados em adquiri-lo, além de conseguir parceiros que nos ajudem. O importante é dar continuidade ao bom trabalho que estamos fazendo. Estamos em uma crescente de resultados e não podemos interromper o trabalho. No ano que vem, tem Copa América valendo vaga na Copa do Mundo de 2022. Se interromper o trabalho, fica mais difícil ainda,” lamentou Baideck.

A “crescente” mencionada pelo diretor técnico da ANDE é referente aos bons resultados conquistados nesse ciclo paralímpico, após a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos Rio 2016, que marcaram a despedida do futebol de 7 da competição. O Brasil foi campeão da Copa América em 2017 e 2018, da Copa do Mundo sub-19 em 2018, e conquistou o terceiro lugar na Copa do Mundo adulta em 2019, torneio mais importante da modalidade desde a saída do programa olímpico.

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Um dos responsáveis por estes triunfos é Hebert Lemes, atleta da seleção brasileira de futebol de 7 que está preocupado com o futuro da modalidade. Hebert procurou o OTD nas redes sociais na luta por conseguir algum parceiro que ajude a sua tão amada modalidade.

“Se perdemos essa competição em julho, corre o risco da modalidade acabar. Nós estamos muito preocupados né? Ninguém da nossa modalidade vive só do esporte. O Futebol de 7 é algo que amamos. Perder isso deixaria a gente sem chão,” declarou Hebert.

Baideck concorda, em partes, com a fala do atleta. Segundo ele, a não participação na Copa das Nações será um golpe duro, mas não o suficiente para acabar com a modalidade de imediato.

“Tem riscos de acabar sim. Eu não acredito que a modalidade acabe a curto prazo; mas se formos pensar a médio e longo, se a gente não receber recurso nenhum para as competições internacionais e nacionais, pode acabar. Se não tem verba para as competições acontecerem, o atleta do futebol de sete vai acabar migrando para o atletismo,” concluiu Baideck.

Interessados em ajudar podem entrar contato através do site da ANDE.

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