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Inspirado em Diego Hypólito, Léo de Deus planeja Tóquio 2020 sem erros e com medalha

Por Giovana Pinheiro

Que a Rio-2016 marcou o público e os atletas ninguém questiona. Entre tantos momentos inesquecíveis, o torcedor brasileiro se emocionou com a declaração de Diego Hypólito após a conquista da medalha de prata no solo. Mas não foi só para quem estava na torcida que a mensagem ficou gravada. Para o nadador Leonardo de Deus, semifinalista dos 200 metros borboleta na última edição dos Jogos Olímpicos, também.

Eu converso com o Dieguinho, o Diego Hypólito, que é um grande amigo meu e eu sou fã dele também. Uma coisa que ele falou e me marcou muito. ‘Cara, em Pequim eu caí de bunda, em Londres eu caí de cara e no Rio eu cai em pé e fui medalha de prata.’ Aí eu penso assim: poxa, em Londres eu fiquei na semifinal, no Rio eu fiquei na semifinal, em Tóquio eu tenho que ganhar uma medalha’. Vai chegar, eu vou chegar”, revelou de Deus em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.

Para chegar lá, aos 26 anos, Léo de Deus coleciona boas marcas e uma vitoriosa carreira com duas Olimpíadas na bagagem. Na mudança de ciclo olímpico passou a defender o UniSanta e começa uma nova fase visando Tóquio 2020. “Se você for pensar… Ano passado na Olimpíada com o meu melhor tempo eu ficaria em quinto. Então, poxa, se eu melhorar um pouquinho aí mesmo pra esse Mundial, sem o Phelps, a gente pode estar brigando por uma medalha”, acredita Léo.

O Mundial de Esportes Aquáticos, que será disputado em Budapeste no meio do ano, já não terá a presença de Michael Phelps, ídolo de Leonardo. Em Tóquio, também não, já que o nadador anunciou aposentadoria. Essa pode ser mais uma esperança para Leonardo de Deus conquistar a medalha olímpica. Sem querer prever o futuro, o nadador revelou, que para ele, o grande erro da última Olimpíada foi a forma como foi realizada a aclimatação. Os atletas da natação competiram suas provas muito tarde e não conseguiam treinar em horário semelhante nos clubes.

“A própria aclimatação que a gente fez no Centro Paralímpico, a gente treinava das 20h às 22h. Eu nadei a minha semifinal olímpica do lado do Phelps às 23h42, ou seja uma hora e quarenta e dois depois. Na fisiologia, pra quem entende um pouquinho, uma hora e quarenta e dois de sono ali (…) o corpo sente muito, a fisiologia sentiu muito e você vê o resultado de toda a natação brasileira. Em Tóquio o fuso horário vai ser complicado também. A gente não pode errar de novo”, afirma.

Mais maduro e ciente de que na próximo Olimpíada estará com 29 anos, Leonardo de Deus lamenta o momento vivido pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), que teve seu presidente, Coaracy Nunes Filho, afastado. Ele foi eleito pelos atletas como o “mensageiro” da natação dentro da entidade a partir de agora.

“Eu sou um atleta que sempre lutei por uma confederação transparente, por uma confederação onde os beneficiados sejam os atletas e os técnicos. A natação de base que está um pouco esquecida em nosso país. (…) Nós que somos os atletas somos os que mais sentimos na pele. Não ter calendário, não ter competição, não ter investimento para que a gente possa continuar fazendo o trabalho de viagens, de competições no exterior. Então é aquilo, né? A gente continua treinando, continua acreditando que a confederação vai melhorar, que a gente vai ter uma transparência e que vai ter um investimento como a gente teve no ciclo olímpico passado e tentar passar essa fase ruim que a gente está vivendo aí nos esportes aquáticos”, desabafa de Deus.

Mesmo com o atual momento da modalidade e toda a dificuldade de um ano pós olímpico, Léo de Deus mantém bons patrocinadores ao seu lado. Além de ser atleta do clube de Santos, ele conta com o apoio da Cia Athletica, com o Centro Olímpico, o Exército Brasileiro e a Mormaii para as competições.

Por enquanto, Leonardo de Deus está garantido no Mundial, mas sabe que tem muita coisa em aberto ainda, já que, por conta da crise financeira, apenas os oito atletas com melhor índice técnico, independente da prova, irão representar o país em Budapeste.

“São só oito atletas que a confederação vai levar por tudo isso que está acontecendo, tudo que está englobando.(…) Eu estou com o sexto índice técnico, então não tem nada garantido, tem muita gente pra nadar. A própria volta do Cesar Cielo, ele vai estar buscando também uma vaga aí nesse time. Eu estou com a sexta vaga e estou confiante, estou bem até por conta dos 200 borboleta ser um índice técnico muito bom e forte”, concluiu o nadador.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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