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Laguna Olímpico

A ‘Turma do Amador’ está mais triste. Vá em paz, Moacir

Pioneiro na cobertura de esportes de ação e importante setorista do judô nos anos 80/90, Moacir Ciro Martins Júnior morreu nesta segunda (1º)

Moacir Ciro Martins
Moacir Ciro Martins Júnior (ao telefone), na cobertura da final do Brasileiro de basquete de 1997. Um dos grandes do jornalismo esportivo (Arquivo pessoal)

Nestes tempos difíceis de pandemia, enquanto alguns respeitam as regras de distanciamento social e outros desafiam o vírus alardeando que não passa de uma gripezinha, estamos sofrendo perdas inestimáveis. O jornalismo esportivo, por exemplo, sofreu uma delas nesta segunda-feira (1º), com a morte do jornalista Moacir Ciro Martins Júnior, de 69 anos.

Ele estava internado em um hospital em Campinas, após passar na última semana por uma cirurgia para a retirada de um tumor no sistema digestivo. Teve o quadro agravado com suspeita de Covid-19 e faleceu no começo da noite desta segunda. O enterro foi realizado nesta terça-feira (2).

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Para quem não o conheceu, Moacir, além de um grande amigo, era um dos melhores representes da chamada “Turma do Amador”, como eram conhecidos, nas décadas de 80 e 90, os jornalistas que se dedicavam à cobertura de tudo o que não era futebol. O que hoje chamamos nas redações de “esportes olímpicos”.

Mas Moacir foi além disso. Em um período que a grande imprensa mal abria espaço para modalidades de ação, como surfe e depois o skate, ele foi um dos pioneiros, apresentando os grandes nomes destes esportes (ainda desconhecidos) para o grande público.

Foi também um inspirador para uma geração de jornalistas, tanto jovens como seus contemporâneos. Entre outros veículos, trabalhou na “Gazeta Esportiva” e no “Diário Popular”, que depois passou a se chamar “Diário de S. Paulo”.

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Moacir também foi um dos primeiros repórteres a se dedicar intensamente  à cobertura do judô. Acompanhou de perto uma das grandes crises da modalidade, a ruptura entre o então campeão olímpico Aurélio Miguel e o ex-presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), Joaquim Mamede.

A briga entre eles afastou o judoca medalha de ouro de Seul-1988 por quase três anos das competições. Moacir testemunhou de perto este período e até serviu para apagar alguns “incêndios” no acordo que promoveu a paz entre Aurélio (de quem se tornou amigo e no futuro assessor de imprensa) e o cartola, em 1992, às vésperas da Olimpíada de Barcelona.

+ Leia também: Uma homenagem à brava turma do ‘amador

Como amigo e integrante desta “Turma do Amador”, a partida precoce do velho “Moa”, como era chamado , traz muita tristeza.

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Há cinco anos, nos primórdios deste blog, fiz um texto em homenagem a vários de meus colegas que trilharam esta mesma trincheira do esporte olímpico. Pode ser conferido aqui. O Moacir Ciro estava entre os homenageados.

Vai fazer falta por aqui, companheiro. Obrigado por tudo.

PS: na foto que ilustra este post, estão, além do Moacir, o fotógrafo Silvio Ávila e a repórter Cátia Bandeira (do Zero Hora), o assessor de imprensa Carlos Bortole (que trabalhava na assessoria do Moacir), o repórter Juarez Araújo (Gazeta Esportivo). Eu, na época, como repórter do Diário Popular.

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